O número de mortes no surto de covid-19 no lar ilegal de Samora Correia, concelho de Benavente, subiu para 10.
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, adiantou em declarações à Agência Lusa, que quatro utentes faleceram no Hospital de Vila Franca de Xira e seis na estrutura de apoio de retaguarda, em Fátima. Em 23 de Janeiro, o presidente da Câmara avançou que tinham morrido cinco idosos devido à covid-19.
O Lar Cantinho do Sénior foi encerrado e evacuado em 13 de Janeiro por não existirem “condições mínimas para permanência” dos idosos, segundo o Instituto da Segurança Social (ISS). Na altura, 43 dos 44 utentes estavam infectados com o novo coronavírus. O único utente que teve resultado negativo no teste ao SARS-CoV-2 foi levado por familiares para uma unidade privada.
Dos 43 idosos infectados, oito foram internados no Hospital de Vila Franca de Xira e os restantes 35 foram levados para a estrutura de apoio de retaguarda definida para o distrito de Santarém, o Centro Espiritual Francisco e Jacinta Marto, em Fátima.
“Numa primeira fase oito pessoas foram para o Hospital de Vila Franca de Xira, mas dois tiveram alta. Dos seis que ficaram no hospital, faleceram quatro. Para a estrutura de retaguarda em Fátima foram 35 e, até à data de ontem [quarta-feira], morreram seis”, precisou.
No entanto, segundo Carlos Coutinho, já há pessoas que estarão em condições para sair do espaço de apoio de retaguarda e, por isso, o município assumiu com os familiares a tarefa de procurar junto da Segurança Social locais para os acolher.
“Não podem é regressar às instalações do espaço ilegal porque a Segurança Social considera não haver condições”, disse, acrescentando que a Segurança Social terá identificado um conjunto de espaços com disponibilidade para receber alguns idosos.
Entretanto, vários familiares de utentes do lar ilegal referiram, numa nota enviada à Lusa, que a Segurança Social, a protecção civil e a Câmara Municipal de Benavente ainda não conseguiram colocação para os idosos que terão de sair da Estrutura de Apoio de Retaguarda, em Fátima, quando testarem negativo.
Na nota, os familiares dizem ter participado em reuniões em que as técnicas da segurança social se limitaram a “passar o ónus para as famílias e entregaram uma lista de lares legais onde constavam um ATL [centro de Actividades de Tempos Livres], uma creche, um centro de dia e um centro de recuperação para pessoas portadoras de deficiência.
Os familiares dizem ainda ter contactado algumas instituições e sido informados que não tinham a valência para idosos. Por outro lado, num dos lares sugeridos pela Segurança Social apenas haverá uma vaga, na Residência Rocha, no Porto Alto, com mensalidade a partir dos 1.200 euros, valor que os utentes não podem pagar.
Na nota, os familiares referem também que, durante o processo, “foram extraviados processos clínicos, medicamentos e documentos de alguns idosos”, bem como várias cadeiras de rodas dos utentes utilizadas na operação.
“O proprietário do lar continua disponível para concluir a legalização do mesmo e foi entregue uma providência cautelar e uma intimação no sentido de permitir desde já o regresso dos idosos ao lar com supervisão das entidades, conforme vontade dos utentes e familiares”, lê-se ainda na na nota.
A Agência Lusa contactou a Segurança Social, que remeteu esclarecimentos para mais tarde.