A Taberna do Quinzena Mercado abriu as suas portas na passada sexta-feira, dia 7 de Novembro, após profundas obras de remodelação que duraram 545 dias.

Para o proprietário, Fernando Batista, o conceito é o mesmo dos restantes espaços: “servir bem o cliente para que ele saia daqui satisfeito”, afirmou ao Correio do Ribatejo. 

“Fizemos este espaço novo porque o anterior estava velho e demorou muito tempo porque resolvemos fazer uma coisa como deve ser. A decoração aproxima-se da leitura que fazemos do Ribatejo e do Quinzena, um pouco mais inovado, mais parecido com as nossas instalações no Cartaxo. O arquitecto foi o mesmo e foi essa a inovação que fizemos”, refere.

O espaço, em dois pisos, divide-se por várias salas e a capacidade total ronda as 300 pessoas. Está aberto todos os dias à excepção do domingo à noite, para permitir o “descanso dos clientes”, salienta Fernando Batista em jeito de graça.

Quanto à oferta gastronómica deste novo espaço, o proprietário admite não ter novidades nos pratos a apresentar, até porque essas, garante, “surgem todos os dias e todos os dias vamos inovando um bocadinho”. 

Este novo espaço põe fim à designação numérica dos diferentes espaços do Quinzena nesta cidade, passando a designar-se Taberna do Quinzena Mercado.

“Acabamos com os dois e com os três. Estamos junto a um Mercado de Santarém muito bonito e então resolvemos fazer essa ligação da nossa Taberna do Quinzena ao Mercado. Quando alguém chegar a Santarém que procure sempre a Taberna para também visitar o mercado”, observa.

Para Fernando Batista o novo espaço, tal como todos os outros, será sempre dedicado à sua mãe e ao seu pai, “porque foram as pessoas que me educaram e conseguiram fazer o que eu sou hoje. A eles tenho muito a agradecer”, sublinhou.

 

 

Taberna do Quinzena: A ‘Catedral’ da boa comida Ribatejana

Com uma decoração típica que o caracteriza e ajuda a contar a sua história, o ‘Quinzena’ cresceu a ver passar os toiros para as corridas em plena Avenida Laurentino. Cresceu com as feiras no campo fora de vila e a espera de toiros era “regada” de pé ou a cavalo à sua porta – um género de ancoradouro de paixões exacerbadas pelas causas mais nobres de um Ribatejano que sempre foi muito mais do que uma região traçada no mapa de Portugal.

Os “petiscos e copinhos” que José “Quinzena” e, mais tarde, Fernando Batista “Quinzena” herdaram acompanham os últimos 150 anos da cidade. E vão marcando gerações. Na taberna da Rua Pedro de Santarém (Quinzena I), as paredes forradas de cartazes tauromáquicos, capotes, farpas e barretes de campino fixam no tempo dezenas e dezenas de anos de touradas.

“Eu fiquei com o Quinzena da parte do meu pai quando ele morreu… entendi que podia fazer um bocadinho mais pelo Quinzena, não é que o meu pai não o tenha feito. O Quinzena funcionava com petiscos, com uns copinhos, e eu entendi que devia alargar a almoços ou a jantares”, afirma Fernando Batista.

“Comecei na conhecida Rua do Matadouro e estive alguns anos só com este espaço. Entretanto, quisemos ir mais além e começamos a fazer festivais gastronómicos e a levar a nossa comida regional e os nossos vinhos para fora de Santarém”, conta.

“Quinzena é um nome muito antigo, que já vem do meu bisavô porque as pessoas, quando trabalhavam no campo, passavam por aqui, e geralmente ficavam a dever… pagavam quando recebiam, à quinzena. E assim ficou o “vir pagar à quinzena”. O nome pegou e funcionou um pouco como o nome da casa e temos hoje a Taberna do Quinzena”, explicita.

O segundo Quinzena, hoje Taberna do Quinzena Mercado, abriu em 2006. Desde o dia 1 de Junho de 2011 que também se encontra no Santarém Hotel, além da sala do restaurante que se encontra todos os dias aberta para almoços e jantares, também existem outras três salas, Lezíria/Alvares Cabral/Ribatejo, que podem ser utilizadas para diversos eventos de grandes dimensões como casamentos, baptizados, comunhões, empresas ou simples grupos de amigos.

Em Março de 2018, o edifício que albergava a antiga Horta da Fonte, que foi, durante décadas, um dos ex-libris da cidade do Cartaxo, mudou para albergar um moderno restaurante do grupo Taberna do Quinzena.

Neste percurso, que Fernando Batista diz ter corrido bem, “tentámos sempre trabalhar com bons preços, mas com qualidade, simpatia para cativar o cliente, e é isso que nós temos vindo a fazer”.

“Na base de tudo está a dedicação. São muitos anos… todos os dias. E, depois, não sou eu sozinho que fiz este “sucesso”. Tenho uma equipa atrás de mim que me ajudou a alcançar o objectivo principal que é servir bem o cliente. É essa a nossa intenção diária: é que o cliente venha cá e saia satisfeito. No fundo, temos esta equipa toda a trabalhar para os nossos clientes que são, no fundo, os nossos patrões”, afirma.

 

 

Quando lhe questionamos sobre o ‘ingrediente secreto’ da cozinha do Quinzena, Fernando é peremptório: “todos os nossos fornecedores são, regra geral, da zona do Ribatejo. Trabalhamos com produtos com a máxima qualidade para que isso se reflicta no produto que é posto à mesa do cliente. Esse é o compromisso desta casa, embora tenhamos de sacrificar as margens de lucro”.

“Vamos sempre aperfeiçoando a comida, o atendimento ao cliente: a preocupação é com o cliente. Tanto na qualidade, como na simpatia o nosso foco é o cliente”, acrescenta.

Confessando-se um claro adepto da cozinha tradicional, Fernando diz não dispensar “as sopinhas da avó”. “Tudo o que é caseiro e tradicional é melhor, na minha opinião, e foi isso que me levou a abrir espaços take-away nos hipermercados para que as pessoas possam disfrutar nas suas casas de uma boa refeição típica sem perderem tempo”.

A fama da “Taberna do Quinzena” tem-lhe trazido muitos clientes ilustres, mas, garante, todos são tratados da mesma forma: “passaram cá várias personalidades, do mundo da política, mundo artístico, também fizemos muitos eventos fora de Santarém o que faz com que as pessoas – celebridades ou não – fiquem a conhecer a nossa gastronomia e fiquem com interesse de visitar Santarém.

“Para nós, é muito gratificante ir a qualquer ponto do País e, depois, verificarmos que essas pessoas nos vêm visitar a Santarém. É sinal que fizemos um bom trabalho”, refere Fernando Batista.

“Ser ribatejano é um estado de espírito e não há ‘religiões’ sem os seus ‘templos’ mais sagrados”, refere esta casa centenária que tem no cardápio os saberes e sabores mais tradicionais do Ribatejo: naco de toiro bravo avinhado, magusto com bacalhau assado, coelho à caçador, arroz de peixe ou borrego assado no forno, entre muitas outras iguarias.

 

 

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