Longe vai o dia – 7 de Novembro de 2017 – em que a Ginástica Acrobática da Associação Académica de Santarém se estreava com cinco ginastas nos seus quadros. Sete anos mais tarde já são centena e meia.

Luís Chambel Nunes, no projecto desde o seu início, considera que o sucesso entretanto conquistado a pulso se deve “ao trabalho, resiliência e dedicação, do nosso corpo técnico e dos ginastas, num elevado número de horas e dias de planeamento e treino”.

“Temos feito o nosso papel para que a modalidade seja mais vista e acompanhada pelo nosso país. Estamos novamente a concorrer num programa de televisão e nada nos deixa mais felizes do que saber que ao domingo, milhares de portugueses tiveram contacto com o nosso trabalho e com a nossa modalidade”, salienta o dirigente que acredita que o próximo passo será fazer ingressar a Ginástica Acrobática no programa dos Jogos Olímpicos.

Como descreve o percurso da secção de Ginástica Acrobática da Associação Académica de Santarém desde a sua criação até aos dias de hoje?

Fantástico, desde o dia 07 de Novembro de 2017, o dia oficial em que a modalidade teve o seu início, no ginásio da Escola Secundária Ginestal Machado com cinco ginastas que ainda estão connosco no universo de cerca de 150, actualmente. Prova de que o trabalho que temos feito tem sido o mais correcto. Passámos por vários espaços na cidade até, curiosamente, ficar no ginásio da Escola Superior Agrária de Santarém – a casa da Briosa em conjunto com a modalidade da Petanca e do Futebol, reforçando o espírito de união e família.

Quais os principais desafios enfrentados para levar a equipa até ao reconhecimento nacional, como aconteceu com a vitória no Got Talent Portugal em 2022?

Trabalho, resiliência e dedicação, do nosso corpo técnico e dos ginastas, num elevado número de horas e dias de planeamento e treino, muito treino. A concretização dos objectivos que muitas vezes se resumem a alguns minutos de “apresentação” resulta do esforço de todos e trouxe a notoriedade nacional ao clube e à Ginástica Acrobática.

A vitória no concurso televisivo trouxe maior visibilidade à secção. Que impacto teve esta conquista no crescimento da modalidade e no interesse da comunidade local?

Directamente existiu um despertar de curiosidade em redor da modalidade que se traduziu na maior procura em diversos escalões, maioritariamente no sector feminino, apesar de possuirmos ginastas masculinos nos nossos quadros. Preenchemos uma lacuna que existia nesta modalidade na cidade de Santarém, apesar da Ginástica já ter sido uma das modalidades fortes da Associação Académica de Santarém, praticada inclusive pelo actual presidente da Federação de Ginástica de Portugal, Luís Arrais.

Quais os valores fundamentais que procuram transmitir aos jovens atletas durante a formação na ginástica acrobática?

Espírito de equipa, empenho, responsabilidade, respeito e dedicação, são alguns dos valores que incutimos na formação dos nossos ginastas. Quando se juntam à ACRO AAS, nome de baptismo dado a Ginástica Acrobática da Associação Académica de Santarém, no GOT TALENT em 2022, percebemos que temos a confiança dos encarregados de educação e o nosso dever será sempre formar Homens e Mulheres com responsabilidade na nossa sociedade.

Como funciona o processo de selecção e preparação dos ginastas para competições nacionais e internacionais?

É um processo natural de evolução de cada ginasta, da sua dedicação desde muitas vezes, da Formação até aos escalões de Competição onde na presente época temos quatro níveis. 

Não existem crianças iguais, cada um tem o seu ritmo e o seu empenho. Muitas vezes existem ginastas que possuem capacidades para subir de nível, no entanto, devido ao tamanho das classes, os mesmos podem não subir, e aí está o nosso grande desafio de motivar os nossos ginastas e sensibilizá-los que a oportunidade chegará e o seu caminho está muitas vezes traçado. Esta época, por exemplo, no nosso nível mais alto, tivemos uma percentagem baixíssima de desistências o que por vezes impossibilita a passagem de ginastas para essas classes mais altas.

De que forma a Associação Académica de Santarém tem conseguido manter a qualidade técnica e artística das suas equipas, especialmente numa modalidade tão exigente como a ginástica acrobática?

Não existem milagres, para além dos bons ginastas que possuímos, temos uma excelente equipa técnica que se dedica muitas horas, quer nos treinos, quer nas planificações desses mesmos treinos. 

Esta época, para além dos treinadores e monitores, a nossa Coordenadora e co-fundadora da modalidade, Tânia Carapeta, entendeu, e bem, incluir na nossa equipa de trabalho técnico, uma Nutricionista e uma Mental Coach que tem ajudado muito nos treinos das classes de Competição e que esperamos colher os frutos no futuro para os nossos ginastas, quer em modos pessoais quer em modo competitivo.

Qual a importância do apoio das famílias e da comunidade na continuidade deste projeto desportivo?

Vital, sem o apoio das famílias, amigos e voluntários, nada disto seria possível. A Direcção do clube é um conjunto de pessoas voluntárias não remuneradas que dedicam largas horas da semana de trabalho em prol do desporto. Já estou há quase 15 anos no associativismo, já ouvi e vi de tudo. No nosso Sarau de Natal, efectuado no passado dia 14 de Dezembro, juntámos cerca de 750 espectadores e convidados, tivemos dezenas de voluntários (montagem, desmontagem, bar, entradas). 

As empresas da cidade, bem como o Município, União de Freguesias da Cidade e Viver Santarém, felizmente, já nos ajudam de forma diferente, cada um da sua maneira. Está provado que sem a entreajuda de todos nada disto seria possível.

Quais são os principais objectivos e ambições para o futuro da equipa, tanto a nível competitivo como de formação?

A contínua formação dos nossos ginastas, dar continuidade à dedicação e compromisso nos diversos escalões e reforçar o espírito de equipa e família. O nível competitivo será uma consequência natural dos objectivos traçados na formação, pela nossa equipa técnica, e consolida o nosso estatuto de clube de referência na modalidade no âmbito nacional.

Como vê a evolução da ginástica acrobática em Portugal e que papel tem desempenhado a Associação Académica de Santarém neste cenário?

A Ginástica Acrobática tem vindo a ter um aumento de praticantes por todo o país e Santarém não foge à regra. Basta ver o número de ginastas inscritos na Associação de Ginástica de Santarém, em 2024/2025. Temos 1884 ginastas sendo que 542 na acrobática, dos quais 110 filiados pela Associação Académica de Santarém.

O culminar desta fantástica evolução foi o recente Campeonato do Mundo efectuado em Guimarães, de onde Portugal trouxe três medalhas, num universo de 29 países e 200 ginastas. 

A Associação Académica de Santarém levou uma comitiva de ginastas para assistir às finais. Temos vindo a traçar o nosso caminho que já dura há sete anos desde a sua criação, com a evolução notória dos resultados regionais, nacionais e algumas competições internacionais. Temos feito o nosso papel para que a modalidade seja mais vista e acompanhada no país. Estamos novamente a concorrer num programa de televisão e nada nos deixa mais felizes do que saber que ao domingo, milhares de portugueses tiveram contacto com o nosso trabalho e com a nossa modalidade. O próximo passo da Ginástica Acrobática será ingressar no programa dos Jogos Olímpicos.

Quais são os maiores obstáculos que enfrentam actualmente, em termos de condições de treino, apoios financeiros e infra-estruturas, e o que seria necessário para melhorar?

Actualmente, o nosso ginásio possui boas condições de treino, fruto de diversos investimentos resultantes do prémio financeiro do GOT TALENT, em 2022, ajudas de patrocinadores e do Município. Todos os clubes sabem da escassez de espaços desportivos e dos custos da sua manutenção, por isso, quando optamos por ficar em exclusivo no ginásio da ESAS, pensamos essencialmente nos resultados da formação e desportivos. Contudo, esta opção suporta um custo anual elevado, com a anuidade, limpeza e manutenção. A criação de uma sala de treinadores e benfeitorias nos balneários no actual ginásio, melhoraria as condições de treino e traria melhores condições para os nossos ginastas. 

Outro grande obstáculo é a falta de treinadores de Ginástica Acrobática no país e na região, contrariedade que a resiliência e formação interna dos nossos ginastas tentam ultrapassar.

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