Cerca de 100 trabalhadores do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes (CRIA) manifestaram ontem preocupação com o futuro da instituição dado o pagamento do subsídio de férias e parte do ordenado de Outubro estar atrasado.

Num documento a que a agência Lusa teve acesso, a Comissão de Trabalhadores do CRIA, instituição particular de solidariedade social com sede em Abrantes, dá conta de que os funcionários foram “recentemente confrontados com graves dificuldades financeiras” que “colocam a instituição num beco aparentemente sem saída”.

Em causa estarão “dívidas de centenas de milhares de euros acumuladas a instituições bancárias, a trabalhadores, com falta de pagamento de subsídio de férias e falta de pagamento do vencimento na íntegra do mês de Outubro, e a fornecedores”, lê-se no documento, remetido a todos os partidos com assento parlamentar e às concelhias partidárias.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da direcção do CRIA, Nelson Carvalho, confirmou que a instituição “não pagou por inteiro os salários de Outubro, num total de cerca de 15 mil euros”, e que tem “em atraso o pagamento do subsídio de férias”, além de “problemas recorrentes orçamentais e de tesouraria”.

Questionado sobre os problemas e o passivo do CRIA, o dirigente associativo apontou para valores “na ordem dos 800 mil euros”, a grande maioria de compromissos bancários, e para um “número excessivo” de funcionários.

Nelson Carvalho defendeu a “necessidade de uma reformulação financeira da instituição, tendo sido já identificadas novas fontes de financiamento, com candidaturas ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social”.

O presidente do CRIA Carvalho disse ainda não haver previsão de pagamento das verbas em atraso, tendo assegurado, no entanto, que o futuro da instituição não deve ser posto em causa.

“Dizer que o CRIA pode vir a fechar é alarmismo. Uma coisa é passar por dificuldades, outra é dizer que vai fechar”, salientou.

Segundo o presidente da instituição de solidariedade social, do ponto de vista da tesouraria, “está prevista para breve a entrada de verbas por serviços já prestados”, variando a celeridade dos pagamentos consoante a tipologia da prestação de serviços.

“Temos dois tipos de serviços e dois tipos de transferências do Estado, sendo que para um conjunto de respostas sociais o pagamento é automático e para outros serviços, como a formação profissional, só depois da despesa executada é que nós enviamos a despesa, justificamo-la, e vem o seu reembolso uns meses mais tarde”, explicou o responsável do CRIA, notando que este é um desfasamento que cria dificuldades numa tesouraria já de si desequilibrada.

Nelson Carvalho reconheceu que quando a instituição não tem “reservas bastantes, esta situação causa impactos directos na tesouraria”, considerando que a solução passa por reduzir o número de trabalhadores, embora a instituição esteja “sem dinheiro para as respectivas indemnizações”, e por concretizar as novas fontes de financiamento.

O CRIA tem cerca de 200 associados e uma centena de funcionários, 1,5 milhão de euros de orçamento anual e presta serviço a centenas de pessoas com deficiência nos vários concelhos da região do Médio Tejo e limítrofes.

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