O último forno do Telhal de origem romana na Estrada de Palhavã, em Porto Alto, concelho de Benavente, foi destruído recentemente para dar lugar um estaleiro junto ao Rio Sorraia. A denuncia foi feita por Nelson Lopes, deputado eleito independente na Assembleia de Freguesia de Samora Correia.
Segundo Nelson Lopes, esta peça histórica aguardava há mais de 20 anos uma intervenção que permitisse salvaguardar “esta memória da freguesia de Samora Correia”, adiantando que a mesma está situada num terreno que é “pertença do Centro de Bem Estar Social Padre Tobias, instituição onde a Junta de Freguesia participa na administração sendo o Presidente, o Tesoureiro”.
Ainda segundo o eleito, esta instituição “vai celebrar um protocolo de arrendamento com um privado” para a instalação de um estaleiro junto ao Rio Sorraia e o primeiro passo para essa concretização foi “destruir o que restava do último dos fornos existentes”.
Nelson Lopes argumenta que lançou “vários alertas publicamente, junto das autarquias e da instituição, para se salvar esta memória” mas ninguém lhe terá dado ouvidos e acrescenta que ninguém “acautelou a preservação deste elemento único”.
O autarca recorda ainda a descrição do historiador samorense padre Camilo Neves Martins sobre este monumento. “Padre Camilo Neves Martins descreveu este forno Romano como uma peça arqueológica rara que teria sido usada para cozer cerâmica: tijolo e telha destinado às construções em toda a região”.
Na altura, o historiador terá alertado para a necessidade de preservar este elemento arqueológico com vários séculos de vida e nessa investigação efectuada, o padre Camilo Neves Martins afirmou que este foi um dos primeiros fornos de barro (tijolo) romano em Portugal.
Nelson Lopes termina a denuncia lembrando que “um povo sem memória nunca poderá augurar um futuro de progresso”.