No âmbito do “Dia Internacional das Cidades Educadoras”, a Câmara Municipal de Santarém (CMS) convidou César Garcia, Biólogo, para dar uma palestra subordinada ao tema “Conservar a Natureza neste Natal – O exemplo dos Musgos e espécies associadas”, na passada sexta-feira, dia 30, pelas 16 horas no Salão Nobre dos Paços do Concelho.

Inês Barroso, Vice-presidente da CMS, Maria João Cardoso, Chefe da Equipa Multidisciplinar de Acção para Sustentabilidade (EMAS) da CMS, e João Carvalho, Chefe da Divisão de Educação e Juventude da CMS, deram as boas-vindas à comunidade escolar do Agrupamento de Escolas Dr. Ginestal Machado que se associou ao evento.

César Garcia é um Biólogo scalabitano, Doutor em Ecologia pela Universidade de Lisboa (UL), Curador da colecção de briófitos – Herbário LISU do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) e é investigador do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

O biólogo começou por alertar para o perigo de extinção das cerca de 714 espécies de musgo existentes em Portugal Continental, visto que na época natalícia, estes organismos são bastante afectados e “a sua conservação é ameaçada pela colheita desregulada e em grandes quantidades, feita por quem não tem ideia da sua vulnerabilidade, para venda em comércio tradicional ou em viveiros, ficando os seus habitats naturais bastante fragilizados”.

César Garcia explicou que pela sua vulnerabilidade, “os briófitos (musgos, hepáticas e antóceros) e os líquenes (também conhecidos por musgos das árvores) são neste momento alvo da elaboração de uma lista vermelha europeia pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), que conta com a sua participação e de outros investigadores do MUHNAC”, com o objectivo de contribuírem para a preservação destas espécies.

Para se ter uma ideia, o biólogo afirma que a colecção de briófitos do Herbário LISU é constituída por cerca de 70 mil exemplares e está catalogada em suporte de papel e os espécimes portugueses estão em base de dados, com respectiva georreferenciação.

Muitas destas espécies de “briófitos e líquenes são bastante sensíveis a distúrbios provocados pelo homem, nomeadamente, muito sensíveis a poluição, estando mesmo em risco de desaparecerem. Mas, quando surgem, constituem um bioindicador, nomeadamente, os musgos e líquenes que vivem sobre as árvores permitem avaliar a qualidade do ar, pela sensibilidade que apresentam aos poluentes existentes no ar. Outras espécies, por sua vez, são indicadores de boa qualidade da água”, como explicou César Garcia. Estes organismos têm uma grande importância na estabilização do solo, na retenção de água, contribuindo para a fixação e germinação de sementes e servindo de alimento e protecção para diversas espécies de animais, nomeadamente para grande número de insectos e aracnídeos.

Consciente desta problemática, a UL lançou o desafio às famílias para adoptarem um comportamento mais amigo do Ambiente e plantarem “Searinhas” (ex. trigo, aveia, cevada), que podem ser facilmente cultivadas em casa, enquanto excelente alternativa ao uso do musgo, por um Natal mais Sustentável.

Para quem já fez o seu presépio ou já comprou o musgo para a sua decoração, Cesar Garcia deixou um conselho bastante útil, nomeadamente, que o musgo pode reutilizado em anos seguintes, desde que seja bem-acondicionado em papel de jornal (em formato envelope), em lugar seco, até ao momento da sua utilização. Depois, basta pulverizar com água em futura utilização.

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