O encerramento, na última sexta-feira, do único balcão bancário que existia na vila do Couço, no concelho de Coruche, deixou a freguesia “mais pobre”, disse hoje à Lusa fonte da autarquia.
Ortelinda Graça, presidente da junta de freguesia do Couço (CDU), lamentou a atitude do Millennium BCP, que tinha balcão na vila “há mais de 20 anos”, e confessou ter ficado “estupefacta” quando, cerca de duas semanas antes de concretizar o fecho, a decisão lhe foi comunicada sem que nunca antes tivesse havido um contacto e sem qualquer abertura para a procura de uma solução que pudesse evitar este desfecho.
Também o presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Oliveira (PS), disse ser incompreensível que o banco tenha tomado essa decisão sem um contacto que poderia ter permitido encontrar uma solução – como garantir o atendimento em dois dias ou mesmo duas manhãs por semana -, descontentamento que comunicou hoje formalmente à administração do Millennium.
Frisando o “transtorno” que esta decisão causa numa freguesia com 3.000 habitantes, com uma população envelhecida, e que dista 25 quilómetros da sede de concelho, sem uma rede regular de transportes públicos, Francisco Oliveira lamentou a “falta de consideração” tanto pelos clientes que foram fiéis durante mais de 20 anos como pelo próprio município, que pondera agora “cortar” a sua relação como cliente.
A decisão de “terminar qualquer tipo de relação” com o banco foi já tomada pela Junta de Freguesia, disse Ortelinda Graça, num gesto que acredita que será seguido pelos agentes económicos e pelos habitantes da freguesia que têm conta aberta no BCP.
A autarca afirmou que a decisão foi tomada “não porque o banco não tenha lucros, mas porque não tem tantos como pretende”, e sem que fosse dada a oportunidade de fazer uma campanha de sensibilização junto da população, no sentido de eventualmente deixarem outros bancos para reforçarem o que estava instalado na vila.
Francisco Oliveira disse estar já em contacto com as outras entidades bancárias existentes em Coruche, no sentido de encontrar uma alternativa para assegurar um atendimento presencial, mesmo que em apenas alguns dias, sendo já certo que será instalada uma caixa automática na Junta de Freguesia, continuando ainda em funcionamento a atualmente existente no antigo balcão do BCP.
Ortelinda Graça afirmou ser lamentável a pouca abertura encontrada junto da Caixa Geral de Depósitos, que, sendo um banco público, “tinha a obrigação” de não deixar sem resposta uma população envelhecida que tem dificuldade em fazer operações bancárias em caixas automáticas.
Para a autarca, esta é mais “uma machadada” num território “debilitado”, contribuindo para a desertificação da que é uma das maiores freguesias do país (a nona em área, perto de 350 quilómetros quadrados).
“Estas freguesias deviam conhecer um olhar diferente”, disse, criticando a ausência de ação concreta do Estado central, que deixou encerrar o posto dos CTT (atualmente a funcionar numa loja) e o balcão da Segurança Social, havendo apenas um militar a assegurar o funcionamento do posto da GNR.