A Comissão de Utentes da Saúde de Benavente lamenta a desmarcação de consultas no centro de saúde, incluindo de doentes crónicos, e critica a redução do número de clínicos, referindo a existência de 8.000 utentes sem médico de família.
Em comunicado, a comissão afirma ter recebido “queixas de utentes diabéticos e hipertensos com exames e análises prescritos em consulta anterior já realizados, e sem hipótese de poderem eventualmente actualizar a sua medicação ou ficarem mais tranquilos com a palavra do seu médico de família”.
A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), em declarações à Agência Lusa, confirma a suspensão da actividade assistencial não urgente para diminuir o risco de contágio da covid-19, estando as unidades de saúde a atender “apenas os utentes em situações de doença aguda ou em outras situações inadiáveis, como por exemplo: vacinação, descompensação de doença crónica e vigilância na gravidez”.
“Quanto ao receituário crónico, preferencialmente, deverá ser feito via email. Evidentemente que aqueles que estiverem impedidos de o fazer por este meio têm sempre, em alternativa, a possibilidade de o requisitar por telefone ou directamente no centro de saúde”, afirma.
A comissão de Utentes da Saúde de Benavente refere ainda a existência de 8.000 utentes sem médico de família, lamentando que, a “agravar o quadro negativo” da pandemia, o corpo médico da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Benavente tenha sido reduzido.
A ARSLVT afirma que esta UCSP conta com quatro médicos, apenas uma das quais com lista de utentes atribuída, sendo os restantes uma médica reformada com um contrato de 20 horas semanais, uma médica contratada pela Santa Casa da Misericórdia com 32 horas semanais e um médico prestador de serviços com 36 horas/semana.
Segundo a ARSLVT, a Unidade Cuidados Saúde Personalizados de Benavente “será contemplada para efeitos de vagas para concurso de Médicos Especialistas de Medicina Geral e Familiar – 1.ª época de 2020”.
Domingos David, da Comissão de Utentes da Saúde de Benavente, disse à Lusa que os cidadãos querem “medidas concretas” e que vai ser lançada uma petição ‘online’ para um abaixo-assinado à ministra da Saúde.