Jornal “De Todos e Para Todos os Ribatejanos”, o ‘Correio do Ribatejo’ assinala esta quinta-feira, 9 de Abril, 129 Anos de existência.

Esta edição é-lhe dedicada cara leitora, caro leitor, assinante, empresário, seguidor de há longos ou mais curtos anos. As minhas primeiras palavras são, por isso, de eterno agradecimento, de um profundo obrigado a todos os que nela participam, com os seus textos, com os seus anúncios, com a sua leitura dedicada, com o abraço amigo que sempre recebemos e que nos mantém vivos ao longo de bem mais de um século da nossa já longa existência. O passado fala por todos os que por aqui passaram e deram o seu melhor, contribuindo com paixão e competência para a continuidade deste título; o futuro, afirmam os crentes, “a Deus pertence”; mas cabe-nos a nós construí-lo no presente, estimulados pelos constantes incentivos que recebemos e que transformamos no delicioso desafio de continuar a manter bem acesa a “lamparina” de João Arruda que deu luz a este projecto, corria o ano de 1891. Um tempo nada fácil que nos desafia diariamente e que obriga a moldar-nos às exigências que este nos levanta. Desde 1891 que enfrentamos contratempos que soube soubemos ultrapassar, com maior ou menor dificuldade. Há pouco mais de uma centena de anos, abateu-se sobre a região onde vivemos a pneumónica. Estávamos cá para dar a notícia, como estamos hoje, numa altura em que um Jornal pode e deve ser a ponte que nos une ao mundo enquanto vivemos o nosso isolamento, o mesmo remédio com que os nossos antepassados enfrentaram, em 1918, a popularmente designada “gripe espanhola”. Passámos ainda por revoluções, duas Grandes Guerras Mundiais, crises que se abateram sobre o país e a região e a todas elas este Jornal soube resistir. A continuidade deste título deve-se aos seus apaixonados leitores. Existimos com a missão de continuar a escrever em letras impressas a história de toda esta vasta região.

Juntos!

Um tempo que, apesar de tudo, não nos leva a mandar a toalha ao chão e esta edição de aniversário é exemplo disso mesmo. Não desistimos de vos fazer chegar estas folhas, autênticos abraços em papel que continuamos teimosamente a editar, navegando contra todas as indicações que nos pedem que nos abracemos apenas no nosso espaço digital ou nas redes ditas sociais. Ao invés, continuamos contaminados pelo espírito empreendedor de um filho desta terra, natural da Ribeira de Santarém, que em 1891 trouxe à estampa o então ‘Correio da Extremadura’ e na primeira adversidade não desistiu! Obra continuada por seu filho, durante mais de 54 anos, Virgílio Cravador Arruda que na primeira adversidade não desistiu! Ao qual sucedeu o Jornalista José Bernardo de Figueiredo Duarte que me antecedeu na direcção deste Jornal e que à primeira adversidade também não desistiu! Por isso, caros Amigos, desistir não faz parte do nosso ADN e tudo faremos para prosseguir, com máximo empenho, a obra que nos coube continuar. Nunca antes o papel dos jornais foi tão importante na coesão social, na defesa do sistema democrático, no estímulo à solidariedade e consciencialização dos cidadãos. Esperamos poder continuar, por muitos e bons anos, a construir esse contributo.

Juntos!

Não vivemos tempos fáceis. Tempos em que somos chamados a transformar desafios em oportunidades. Sempre assim foi. Ainda há pouco lhes dizia que a este Jornal cumpre a função do abraço a uma comunidade inteira, num tempo em que nunca estivemos tão isolados. O que poderemos aprender com tudo isto? Valorizar a vida, a falta de um beijo e de um abraço aos nossos pais, aos nossos avós, aos nossos filhos. Afinal, um simples abraço pode ser um bem tão valioso… É como um Jornal em papel. Contar com ele como dado adquirido nas nossas caixas do Correio é, para muitas famílias ribatejanas, apenas isso: um dado adquirido, mas… E se um dia não chega? Estranhamos… Cabe-lhe a si ajudar a manter este abraço em forma de papel. Hoje, assinar este Jornal é ajudar a mantê-lo bem vivo. Com medo e incerteza deixámos de beijar, de abraçar, de poder homenagear os nossos mortos, numa ansiedade que parece não ter fim. Mas é para ajudar a que todos voltemos a acreditar no presente e no futuro que existem jornais como o ‘Correio do Ribatejo’. Jornais positivos, habituados a saudar, a agradecer, a beijar e a amar os seus leitores. É esse desde sempre e agora mais do que nunca o nosso papel, procurando informar com serenidade, comprometidos com os cidadãos. Como escrevi aqui na passada semana, os jornais não transmitem o vírus. Passem palavra!

Juntos!

Tudo o que vos pedimos é que continuem fiéis a este projecto. Acreditem que até haver uma gráfica que o imprima vamos continuar a lê-lo em papel. Deixo-vos o compromisso de que tudo faremos por mantê-lo vivo. O Jornal que João Arruda trouxe à estampa, cerca de duas décadas antes da Implantação da República, está vivo e este nosso número de aniversário é mais uma gratificante prova de vida! Contudo, temos consciência que os tempos não estão fáceis para quem imprime e respeita a ética e deontologia como prática diária da acção de quem nele escreve. Estamos conscientes das dificuldades, mas confiantes na força da sua história, que nos leva a prosseguir com o registo da actualidade que mais tarde será, de novo aqui recordada enquanto memória de um povo. Tem sido assim, ao longo de toda a nossa existência. Esta crise sanitária que atravessamos veio adensar ainda mais a redução do investimento publicitário, já limitado antes da crise pelo código dos contratos públicos e pela suspensão de determinadas formas de publicidade institucional do Estado que obrigam os Jornais a reinventarem-se. Contudo, cabe-me agradecer o apoio de muitos autarcas desta região que acreditam neste projecto. Sem eles, seria bem mais difícil. Todos dependemos de todos e só um todo forte pode tornar mais rica a região que, estou certo, todos amamos.

Juntos!

O presidente da Associação Mundial de Jornais e Editores, o espanhol Fernando de Yarza López-Madrazo, afirma: “O jornalismo é, sem dúvida, o melhor antídoto contra desinformação, silêncios e mentiras que, deliberadamente, geram movimentos interessados no desequilíbrio das instituições. É um interesse que se multiplica tão rapidamente quanto o próprio coronavírus, criando uma situação séria e confusa, prejudicial para todos nós que estamos a sofrer. Nestas circunstâncias, a nossa responsabilidade como editores e jornalistas é mais importante que nunca, certamente, o maior desafio que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial”. Na ilha da Madeira, o governo regional decidiu impedir o comércio de jornais e revistas no arquipélago à boleia desta crise sanitária, pese embora a declaração de Estado de Emergência refira explicitamente que as medidas tomadas ao abrigo deste dispositivo legal, de carácter excepcional, “não podem, em caso algum, pôr em causa a liberdade de informação e de expressão no território nacional”. Mau augúrio neste Portugal do Século XXI, quando um governo regional impede os seus residentes da liberdade de acesso a publicações periódicas editadas em qualquer ponto do país. O vírus não pode ser desculpa para tudo… E a liberdade de Imprensa e a sua livre circulação tem de continuar a ser uma bandeira defendida por todos.

Juntos!

São pois importantes todos os apoios que nos possam chegar de todas as entidades públicas ou privadas que se manifestem a favor da continuidade da liberdade de Imprensa e não nos virem as costas, particularmente neste momento de crise global que atravessamos. Como aqui escrevi há uma semana, a única coisa felizmente “contagiosa” que retiramos do bom hábito de ler jornais é a propagação de informação rigorosa e credível, ao contrário de muita da que circula nas redes sociais, que não tem a garantia de um sério tratamento jornalístico. Este ano, num desafiador 2020, prestamos homenagem a todos os heróis que nos leem, homens e mulheres desta região que a engrandecem com a simplicidade da sua vida diária e a grandeza do seu conhecimento. É com esse objectivo que recordamos aqui a meia centena de entrevistas que encheram a nossa última página de Abril a Abril. Homens e Mulheres que ajudaram este Jornal a viver, a escrever a tantas mãos a nossa história comum, a trazer identidade a um jornal que foi moldado no barro dos finais do século XIX, pelas mãos do inspirado artífice dos tipos móveis e das palavras justas, João Arruda, seu fundador, primeiro maquinista desta ‘máquina do tempo’ que corre nos carris do nosso tão amado Ribatejo. Alguns deles que devíamos hoje homenagear na nossa Gala de Aniversário, adiada para uma data que seja, efectivamente, mais festiva. Personalidades que se têm destacado e trazido riqueza e reconhecimento a toda esta região. A escolha recaiu na atleta Inês Henriques, no historiador e colaborador desta casa, Vítor Serrão; no dramaturgo Bernardo Santareno (a título póstumo) em ano de Centenário; nos empresários Salomé Rafael e Jaime Carvalho; e no dirigente desportivo Rui Manhoso. Aos 129 Anos já chegámos! Faltam os abraços de carne e osso, porque os de papel, seguem por esta via, sem vírus e com a infinita cumplicidade entre este título centenário e a terra que o acolheu e mantém lado a lado.

Juntos!

João Paulo Narciso 4.º Director do Correio do Ribatejo

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