Numa casa com História, Política e Literatura, na Alcáçova de Santarém, nasceu a 9 de Maio de 1937, Pedro Manuel Guedes de Passos Canavarro que perfaz no próximo mês 82 anos de vida.
Frequentou o ensino primário na Escola de S. Salvador e o liceal no Liceu Sá da Bandeira após os quais partiu para Lisboa para frequentar a Universidade de Direito. Mais tarde transferiu-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em História com uma dissertação intitulada “As relações entre Portugal e a Dinamarca durante a Restauração”, já que procurava concorrer à carreira diplomática. Entretanto convidado, com bilhete de avião na mão, para criar o primeiro leitorado de português em Tóquio, que aceitou tendo desembarcado no Império do Sol Nascente em 1966.
Ai nasceu o seu primeiro filho, António, ai se abriu totalmente na descoberta do Japão milenar e ao seu desenvolvimento económico após as Olimpíadas de 1964, país pelo qual se apaixonou, considerando esses anos os mais positivos na sua formação cultural e humanista, na compreensão do Outro.
A cidade de Nagasaki conceder-lhe-á o título de “Cidadão Amigo” em 1988, e o governo japonês a “Declaração de Mérito”, que lhe outorgou em 2003, e, em 2006, é agraciado pelo Imperador do Japão com a ordem do “Sol Nascente, Raios de Ouro e Laço”.
Ao regressar a Portugal em 1968 exerce funções de docente na Faculdade de Letras de Lisboa até 1976, nas áreas da cultura grega e das artes, vivendo as revoluções estudantis de Maio de 68, e a dos cravos, em Abril de 1974 – que o levou com outros colegas, professores assistentes a criar os novos estatutos da faculdade para a democracia que se implantava. Entretanto tinha concluído o curso de museologia coma tese “Da realidade de um museu de cultura em Portugal”.
A partir de 1977 dedica-se ao associativismo cultural numa maior intervenção cívica com a criação, juntamente com outros amigos, da Associação de Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém, em 1978, da Associação de Amizade Portugal Japão, em 1981, e da Casa da Europa do Ribatejo em 1996. Foi presidente em todas, incluindo no Círculo Cultural Scalabitano, entre 1986 e 1998. Onde, com o apoio da Direcção e das Secções do Círculo, reconstruíram o velho Teatro Taborda, acção galardoada pela União Europeia no Ano do Europeu de Teatro.
É nomeado Comissário Geral do Conselho da Europa, em 1980, para realizar a maior exposição de artes efectuada, até hoje, em Portugal e intitulada: os “Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento”, em que participaram, pela primeira vez, países além-fronteiras europeias. É lhe concedida a Ordem de Mérito do Conselho da Europa pelo seu secretário-geral, em Lisboa, a quando da inauguração, assim como é agraciado, pelo Presidente da República, General Ramalho Eanes, como Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1983.
A política entusiasmou-o e depois de um fim-de-semana inusitado como vereador da Câmara Municipal de Santarém, em Janeiro de 1986, filia-se no PRD, nesse mesmo ano, onde milita, desde então, na pasta das relações externas, como Secretário-Geral, em 1988, e, no ano seguinte, é eleito, integrando as listas do PS, para o Parlamento Europeu.
Depois de se aperceber do que era a política dos estados, na família socialista de então, abandona-a para o grupo político “Arco-íris” onde vive a política dos cidadãos junto dos deputados eleitos pelas nações que não eram estados. Essa interessante experiência, leva-o a concorrer às eleições europeias, de 1994, em Itália, já que o Tratado das Maastricht e os Acordos de Schengen o possibilitam, tornando-se o primeiro cidadão europeu que concorre individualmente, num país que não é o seu.
No início do século XXI cria a Fundação Passos Canavarro – Arte, Ciência e Democracia, que na defesa dos valores culturais, artísticos, de investigação e democracia a conduz, como Presidente, oficializando a abertura da Casa-Museu, em 2011, onde se processaram mensalmente diversos eventos culturais e políticos.
Nesta centúria recebe a Grã Cruz de Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, em 2000, a Medalha de Ouro da Cidade de Santarém, em 2001, assim como a Fundação também a recebe, em 2010.
Em 2012, é eleito Académico Efectivo da Academia Nacional de Belas Artes, recebe o título de Professor “Honoris Causa” pelo Instituto Politécnico de Santarém e é condecorado, no dia de Portugal, no Centro Cultural de Belém, pelo Presidente Cavaco Silva, com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Neste momento, Pedro Canavarro além de participar em acções cívicas, procura na sua casa o silêncio criador que melhor lhe faça entender a beleza dos objectos e a riqueza da natureza que a envolve na diversidade de cores, que a luz lhes concede, escrevendo a “lápis no papel” a sua autobiografia, intitulada “Casa de Pedro”.
Neste silêncio de hoje, recorda versos anónimos que lhe foram lidos há muitos anos, em 1979, que diziam “não, meu amigo, é tempo de parar! Outras amanhã esperam por arder! Há tanto morrer rente à muralha da cidade onde nasceu…”