Foto ilustrativa
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Os habitantes de Assentis, Torres Novas, exigem a colocação de um médico na extensão de saúde, tendo marcado uma vigília para quarta-feira em “defesa de cuidados de proximidade e pelo combate à desertificação das aldeias”.

“Para nós [a vigília] é a reafirmação da necessidade de resolverem o mais depressa possível a colocação de um médico para que haja lá cuidados de saúde”, disse hoje à Lusa o porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), notando que o problema se arrasta desde 2022 e afeta uma população maioritariamente idosa.

Segundo Manuel José Soares, o problema da falta de um médico de família numa freguesia com cerca de 2.500 habitantes e que dista 17 quilómetros da sede do concelho, “não se prende apenas com questões de ordem clínica, mas também de ordem burocrática, com as necessidades dos utentes ao nível de baixas, atestados médicos”, entre outros.

“A alternativa que é dada aos utentes é deslocarem-se à sede do concelho, onde nem sempre conseguem marcar ou ter consulta”, indicou o representante da CUSMT, sublinhando que, recentemente, muitos utentes foram “aliciados” para se inscreverem numa Unidade de Saúde Familiar (USF), mas na cidade de Torres Novas.

“Estamos a falar de populações cada vez mais idosas, algumas dependentes, muitas delas sem transporte próprio, além de ausência de transportes públicos eficientes entre Assentis e Torres Novas”, notou Manuel Soares, lembrando que os utentes já transmitiram o seu descontentamento em assembleias de freguesia e assembleias municipais, “sem sucesso”.

O representante da CUSMT defendeu ainda que, “se há médicos na cidade, estes devem deslocar-se às freguesias rurais”, sendo “mais fácil deslocar um médico a Assentis do que deslocar dezenas de pessoas a Torres Novas”.

A questão, notou, “é de ordem social, de ordem humana e de ordem económica”.

A Lusa questionou a Câmara Municipal de Torres Novas sobre a vigília de protesto que vai decorrer na quarta-feira, entre as 19:00 e as 22:00, em frente à extensão de saúde de Assentis, e o vice-presidente da autarquia afirmou estar solidário com a iniciativa.

“A única coisa que podemos fazer é juntarmo-nos a eles na vigília”, afirmou Luís Silva, sublinhando que “o poder ao nível autárquico não é muito” no que se refere à colocação de clínicos, e que as freguesias “mais afetadas e que preocupam mais neste momento são as de Assentis e Chancelaria”, situadas no norte do concelho e onde a população “está sem médico”.

O autarca disse estar “a decorrer a fase de candidaturas” a um programa de incentivos fiscais e financeiros de âmbito municipal para captação e fixação de médicos, assim como está a ser ultimado um protocolo com a União de Misericórdias Portuguesas para implementação do projeto “Bata Branca”.

“Pela nossa parte estamos a tentar encontrar as soluções possíveis, mas, se não houver médicos a concorrer, não há forma de ultrapassar isto”, afirmou.

Manuel Soares disse ainda que CUSMT vai realizar “mais iniciativas públicas noutros concelhos do Médio Tejo onde as extensões de saúde estão, muitas vezes há anos, sem médico” de família, e apontou para uma “falta de 37 clínicos” na região e “problemas em quase todos os municípios”.

A Lusa pediu esclarecimentos ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo, através da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, sobre o caso concreto de Assentis e que soluções se perspetivam para resolver a falta de médicos na região, não tendo obtido resposta até ao momento.

O ACES tem 2.706 quilómetros quadrados e abrange 11 municípios com cerca de 225 mil utentes/frequentadores, sendo composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.

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