O Instituto Politécnico de Santarém é uma IES (Instituição de Ensino Superior) de referência na nossa Região, estando durante o mês de Junho a comemorar o seu 40.º aniversário ao serviço da comunidade. Hoje em dia fazem parte do Instituto cinco Escolas Superiores, mais de 4000 estudantes e estão registados 67 cursos. Ao ‘Correio do Ribatejo’, João Moutão, actual presidente do IPSantarém, acredita que o futuro da instituição passa pelo aprofundamento da interligação entre cada uma das suas cinco Escolas. A inovação é um dos eixos de desenvolvimento prioritário e a Internacionalização uma das suas bandeiras.

Como vê o percurso desta Instituição no passado recente, presente e futuro?
O percurso do IPSantarém ao longo destes 40 anos tem sido sempre em crescendo. A sua actividade começou com duas Escolas Superiores, dois cursos e cerca de 30 estudantes. Hoje em dia fazem parte do Instituto cinco Escolas Superiores, mais de 4000 estudantes e estão registados 67 cursos.
No último concurso nacional de acesso foram disponibilizadas 874 vagas, e só na primeira fase tivemos 1956 candidatos, ou seja, mais do dobro (224%). Das vagas disponibilizadas 866 estavam ocupadas em Dezembro de 2019, correspondendo a uma percentagem de 98%. Estes níveis de atracção de estudantes só podem acontecer se houver um reconhecimento social da excelência e qualidade de ensino aqui ministrada.
Na minha perspectiva o desenvolvimento futuro do Politécnico de Santarém passa pelo aprofundamento da interligação entre cada uma das suas cinco Escolas Superiores, nas áreas Agrária, Educação, Gestão, Desporto e Saúde, e pelo cruzamento das diferentes áreas do saber, fomentando a inovação e a massa crítica. Esta cooperação é crucial para criar massa crítica e inovação, essenciais para dar resposta aos novos desafios de formação da sociedade do futuro, cujas necessidades de formação para o mercado de trabalho não conhecemos ainda. Apenas sabemos que irão ocorrer a uma velocidade vertiginosa e que as competências transversais serão determinantes.

O aniversário do IPSantarém decorreu no passado dia 6 em formato digital, como decorreu o evento? O cidadão comum consegue aceder à plataforma como visitante?
Estão pensadas várias iniciativas ao longo do ano. Foi criado um logotipo dos 40 anos e, por razões que se prendem com o actual momento que estamos a viver, optamos por assinalar esta data com recurso às novas tecnologias. Pensamos em recolher alguns contributos de pessoas que tiveram um papel importante na criação do Instituto e das suas escolas. A adesão a esta iniciativa foi muito grande por parte de todos, incluindo as associações de estudantes. As intervenções podem ser vistas por todos os interessados nesta página http://40anos.ipsantarem.pt/. Assim que as condições o permitam é nossa intenção promover uma sessão presencial em comunidade com todos os quanto ao longo destes anos contribuíram para fazer do Politécnico de Santarém aquilo que ele é hoje, uma instituição de referência no ensino superior público português.

O Ensino Politécnico em Portugal ganha um lugar cada vez mais relevante no panorama académico nacional caracterizando-se por desafiar os seus alunos para um ensino mais prático, com forte ligação à comunidade e ao desenvolvimento local/regional. Na sua opinião estamos, como sociedade, sensibilizados para o facto deste ensino estar em linha com as exigências cada vez maiores do mercado de trabalho actual, privilegiando o “know how” adquirido em sala de aula cada vez mais criterioso e de qualidade?

O Ensino Politécnico tem uma história relativamente recente no âmbito do ensino superior em Portugal, cerca de 40 anos. Tem sido notável o desenvolvimento que assistimos ao longo desse tempo. A maioria do corpo docente doutorou-se e foram constituídos centros de investigação, o que contribuiu para o reconhecimento social da qualidade académica dos ciclos de estudos ministrados. Por essa razão, o que hoje verdadeiramente diferencia o ensino Politécnico em Portugal é a sua forte ligação às regiões e a tipologia de ensino aplicado, permitindo aos estudantes “aprender a fazer, fazendo”.
Isso só é possível se houver uma ligação muito próxima com o sector empresarial, Administração Pública, Administração Local, etc. A esse propósito, vamos iniciar em Setembro um projecto de inovação pedagógica que prevê a formação de docentes em metodologias de ensino baseadas na resolução de problemas, que serão colocados por uma empresa/organização e resolvidos com o envolvimento de estudantes e docentes, num processo de co-criação.
A realização de formação em contexto de trabalho e de estágios, envolvendo uma rede de parceiros institucionais e os ambientes de aprendizagem inovadores com recurso às novas tecnologias adequam-se mais ao perfil dos jovens estudantes que hoje frequentam o ensino superior. Só desta forma poderemos estar alinhados com a nossa missão e com o propósito da nossa existência.
Felizmente a região de Santarém tem um conjunto de parceiros que têm estado deste a primeira hora ao lado do Instituto nas suas actividades, como a NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém, o Cluster Agroindustrial do Ribatejo – Agrocluster, a Desmor, EM, SA., o Hospital Distrital de Santarém, os Agrupamentos de Escolas da região, bem como a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e suas Câmaras Municipais, entre muitos outros que seriam impossíveis de numerar aqui.

No próximo ano lectivo 2020/21 vão abrir novos cursos nas cinco Escolas que compõem o IPSantarém, que nova oferta formativa temos ministrada já para Setembro/Outubro?
A velocidade de mudança do mercado de trabalho é muito rápida. No IPSantarém temos feito um grande esforço através dos nossos Conselhos Científicos e Pedagógicos para acompanhar estas mudanças e adequar a oferta formativa e os planos de estudos às novas realidades Todos os anos a oferta formativa é actualizada e são reestruturados ou abertos novos ciclos de estudo. No próximo ano, a título de exemplo, vamos avançar com três novos cursos TeSP, em Marketing Digital, Secretariado em Saúde, Proteção e Apoio à Pessoa Idosa, bem como uma nova licenciatura em Gestão de Marketing e um novo Mestrado em Engenharia Agronómica. Estão actualmente três novos mestrados submetidos, na Agência de Acreditação do Ensino Superior, que temos a expectativa de abrir no próximo ano lectivo. A Investigação e Desenvolvimento(I&D) nas IES potencia o envolvimento com o tecido empresarial, social e artístico. O IPSantarém tem uma Unidade de Investigação, a UI_IPS, o CIEQV- Centro de Investigação em Qualidade de Vida e está frequentemente envolvido em vários projectos de investigação nas cinco Escolas que o constituem. Existir um corpo docente dinâmico e envolvido nesta matéria é fundamental para uma Instituição Politécnica e consequentemente para os seus alunos?
O IPSantarém tem uma Unidade de Investigação que, entre outras actividades, tem a responsabilidade de gerir a ciência dentro Instituto. O trabalho recente de levantamento realizado por esta Unidade permitiu perceber que os nossos docentes, só em 2019, produziram mais de 250 artigos de investigação científica. Em termos de centros de investigação, o Politécnico de Santarém coordena o Centro de Investigação em Qualidade de Vida (CIEQV), o único Centro de Investigação do País acreditado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia constituído apenas por Institutos Politécnicos. Criamos também recentemente um novo Pólo do Centro de Investigação em Artes e Comunicação, dedicado à literacia digital e à inclusão social https://ciac.pt/, em parceria com a Universidade do Algarve, que está agora a começar mas que já submeteu a candidatura de mais 20 projectos só neste início de ano. Esta dinâmica é notável e a comprovar isso está também o elevado número de candidaturas e a diversidade de áreas dos projectos submetidos no último concurso de financiamento realizado pela FCT, e cujos resultados aguardamos. No total, foram submetidos 18 projectos, envolvendo 48 docentes do IPSantarém e 25 instituições parceiras em áreas científicas como: Organização e Gestão de Empresas, Biotecnologia Agrária e Alimentar, Agricultura, Silvicultura e Pescas, Cuidados de Saúde e Serviços, Ciências da Saúde, Ciências da Terra e do Ambiente, Educação Geral, Ciências da Comunicação.

No passado mês de Fevereiro foi lançado um programa de apoio ao empreendedorismo, o STARTIPS, com o lançamento de seis Concursos de Ideias de Negócio com o intuito de promover o espírito empreendedor na comunidade académica, qual o impacto que estes projectos podem ter na criação de valor e no contributo que os estudantes podem ter para a mudança na sua área de intervenção como cidadãos?
A inovação é um dos eixos de desenvolvimento de uma instituição de ensino superior. No Politécnico de Santarém, temos a felicidade de contar com um conjunto de estudantes e docentes de grande criatividade e competência empreendedora. O programa STARTIPS pretende apoiar esses processos de inovação e estruturar um caminho para que as ideias criadas em contexto de sala de aula possam ser posteriormente estimuladas para gerar novas empresas, processos ou produtos. Temos tido grandes resultados com este programa. Logo no primeiro ano um grupo de docentes e estudantes do Politécnico de Santarém foi vencedor do Prémio Nacional de Inovação com o projecto E-Portefolios no âmbito do concurso nacional Poliempreende. Estiveram a concurso 22 projectos de instituições da rede de institutos politécnicos. Este ano a fase regional de selecção da ideia que irá representar o Politécnico de Santarém neste concurso irá ocorrer pela primeira vez em duas sessões, derivado ao elevado número de equipas a participar, cerca de 28, o mais elevado de sempre. A fase de pré-selecção irá ocorrer dia 16 de Junho no auditório da Escola Superior Agrária e a final ocorrerá no dia 19 de Junho no auditório da Escola Superior de Desporto de Rio Maior. O sucesso deste programa deve-se ao envolvimento dos nossos docentes desta área de formação e do apoio de assessoria que temos tido do Dr. Diogo Palha, que tem coordenado este programa.

A Internacionalização é uma das bandeiras do IPSantarém. Que estratégias estão a ser implementadas para captar estudantes estrangeiros?
A Internacionalização é uma das nossas bandeiras. Ela concretiza-se nos projectos em conjunto que temos com parceiros institucionais internacionais, nas redes em que participamos e nas cerca de 250 mobilidades que realizamos todos os anos de docentes, funcionários e estudantes. Dentro dessa estratégia, a atracção de estudantes internacionais tem tido também um papel fundamental, em especial da lusofonia. Os estudantes internacionais a frequentar uma licenciatura passaram de 29 para 73 entre 2018 e 2019 e esperamos continuar a crescer. As nossas apostas são o Brasil, onde a rede de ensino instalada é exígua face à dimensão da população, e Cabo Verde, onde temos uma parceria de grande proximidade com a Universidade de Santiago através de docentes nossos das áreas da gestão, tecnologia e educação. Recentemente tivemos a aprovação do projecto Portugal Polytechnics Internacional Network Project (PPIN), aprovado pelo programa COMPETE, onde a NERSANT é nossa parceira, e que contempla iniciativas conjuntas de divulgação da nossa oferta formativa e das empresas da região nesses países. Uma vez que esta pandemia é universal, Portugal pode aproveitar esta oportunidade para atrair estudantes, já que é um dos países onde a doença está melhor controlada.

O Instituto Politécnico de Santarém, através da sua comunidade académica, envolveu-se num conjunto de iniciativas de apoio para o combate à pandemia gerada pela Covid-19, como decorreu esta iniciativa?
As nossas responsabilidades para com a região vão muito para além do ensino, investigação e extensão à comunidade/internacionalização. Enquanto instituição pública temos também deveres de responsabilidade social para com as populações que servimos. Num momento de emergente, como o que vivemos, não poderíamos ficar de braços cruzados e mobilizamo-nos em conjunto com a nossa comunidade académica num conjunto de iniciativas de apoio. Desde logo, através da produção de viseiras de protecção para os profissionais de saúde do Hospital Distrital de Santarém, através do nosso FABLAB – Laboratório de Fabricação Digital e Prototipagem Rápida, envolvendo as Escolas Superiores de Educação e de Gestão e Tecnologias (ESGT), a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e o Cenfim, que disponibilizaram as suas máquinas de impressão 3D. Também disponibilizamos as nossas residências de estudantes, para que os profissionais de saúde pudessem ali pernoitar durante a fase mais difícil da Pandemia, sem colocarem em risco os seus familiares. Estamos também a disponibilizar alguns espaços e salas para algumas instituições públicas realizarem as suas actividades neste período de desconfinamento, cumprindo as normas de distanciamento exigidas.

Quais foram os principais desafios para os docentes, funcionários e estudantes do IPSantarém nestes últimos 3 meses?
Devido a esta crise, de proporções imprevisíveis, tivemos de passar para um regime de teletrabalho e de ensino a distancia de forma brusca. Ninguém estava preparado para uma situação destas, mas com a disponibilidade e o sentido de missão dos nossos docentes, funcionários e estudantes conseguimos manter a nossa actividade e garantir o funcionamento do IPSantarém ao longo desta crise higiénico-sanitária. O esforço foi enorme e houve uma grande sobrecarga de trabalho. Se existem heróis, estes foram, sem dúvida, os nossos.

Face à actual conjuntura, tendo como pano de fundo uma pandemia que se prolonga para o próximo ano, que oportunidades podemos encontrar no Ensino Superior Politécnico em 2020/21?
Passado este período de emergência a nossa grande preocupação é voltar a uma nova normalidade o mais rapidamente possível e ao ensino presencial já no próximo ano lectivo. É certo que as actividades ocorrerão num contexto bem diferente do que ocorriam antes desta crise, onde a preocupação com os aglomerados de pessoas e a necessidade de higienização de espaços obrigará a medidas excepcionais.
Do ponto de vista da mudança digital, nem tudo foi mau. Houve um conjunto de processos de mudança que já estavam a ocorrer e que foram acelerados. Exemplo disso é a utilização das novas tecnologias como ferramentas de apoio ao ensino. Todos concordamos que uma formação de excelência só é compatível com um ensino presencial, mas também é certo que as novas tecnologias são uma parte importante dos processos de ensino modernos. Não nos podemos esquecer que os actuais jovens a frequentar o ensino superior já são “nativos digitais”, ou seja, nasceram e cresceram numa era em que a utilização das tecnologias de comunicação faz parte integrante das suas vidas.

Pedia que deixasse uma breve nota/mensagem aos estudantes do IPSantarém e aos candidatos a esta IES para o ano lectivo que se aproxima.
Aos nossos estudantes quero agradecer tudo o que têm feito pelo IPSantarém. Grande parte da nossa actividade decorre do seu envolvimento. São eles que com as suas associações, Tunas e comissões dão vida ao Instituto. Para todos aqueles que estão a pensar candidatar-se ao IPSantarém, a principal mensagem que quero deixar é a de que estamos preparados para vos receber numa das nossas cinco Escolas. A região de Santarém é um oásis de qualidade de vida, com excelentes acessibilidades, perto de Lisboa, onde o custo de vida é suportável e se pode andar em segurança. A relação de proximidade que aqui se cultiva e a excelência do ensino ministrado são garantias de uma formação de elevada qualidade e empregabilidade. Estamos de braços abertos para vos receber, na certeza de que aqui serão muito felizes.

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