“A realização de um seminário em simultaneidade com um Festival Nacional de Gastronomia, justifica-se pela necessidade de se encontrar forma de discutir os problemas que afetam o desenvolvimento turístico, com particular relevância, para aqueles que implicam na defesa e na qualidade da “cozinha portuguesa”, também nos que decorrem duma correta relação do turismo com a defesa do património e, como não podia deixar de ser, aqueles que envolvem a proposta de um jornalismo especializado.
Se queremos que o turismo constitua uma das mais rentáveis industrias para Portugal, temos que preparar convenientemente as estruturas que o suportem. Não podemos ignorar os problemas, temos sim de os debater, para que se encontrem as mais adequadas soluções.”
Escrevi os dois parágrafos acima reproduzidos há quarenta e um anos, no programa do I Festival Nacional de Gastronomia. Hoje, sabendo muito mais, mas, não retiraria uma palavra.
Naquele ano de 1981, a organização do I Seminário Nacional de Gastronomia, decorreu de segunda feira, dia 24 de outubro a sábado, dia 31 do mesmo mês. Foram sete dias, em que cada manhã foi dedicada a um tema determinado. Após a apresentação das comunicações, estava reservado um tempo para debate. A organização, projetou o seminário, para acolher privilegiadamente especialistas, profissionais, estudantes de hotelaria e turismo, embora fosse aberto a todos os que se interessassem (e alguns apareceram), pelos temas em discussão.
Jornalismo especializado; Gastronomia e águas; Associações profissionais; Formação profissional; Gastronomia e vinhos; Turismo e defesa do património, Folclore e Artesanato e Gastronomia e Vinhos (continuação), foram os temas tratados em cada um daqueles dias, envolvendo associações profissionais, técnicos e interessados, quantas vezes em animadas conversas que se prolongavam até muito depois da hora de termino.
Mas o que realmente marcou aquele tempo, foi a evocação de uma conhecida comunicação (anos 60) da então deputada Helena Torres Marques, em que posicionava (como hoje se diria) Santarém e o seu território, como destino de eleição para os habitantes da grande Lisboa e, não aconteceu sessão em que este tema não fosse debatido, comentado e discutido.
Na época, este interesse alargado aos vários interlocutores presentes, provenientes um pouco de todo o país, deu uma visibilidade a Santarém e à região como destino turístico, processo a que não seria alheio o facto do município de ter apresentado no festival, a maqueta do futuro hotel de Santarém.
Na verdade, o referido projeto, só viria a ficar concretizado vários anos depois, mas naquele final do ano de 1981, vivemos em santarém e no festival, um clima de entusiasmo e excitação, um ambiente de envolvimento e de capacidade de acreditar que era possível mudar as coisas e projetar Santarém a um outro nível de reconhecimento, nomeadamente por parte dos grandes operadores turísticos.
Este entusiasmo, viria a ter reflexos num conjunto alargado de ações que seriam depois desenvolvidas em anos posteriores, como campanhas gastronómicas com os restaurantes da cidade, a nível interno; ações promocionais de Santarém e da sua gastronomia a nível nacional e deslocações a alguns países (Espanha, França, Holanda e Bélgica) para promover o destino Santarém e o seu Festival de Gastronomia.
Mas, sobre estes aspetos, falaremos mais tarde.