Inicia-se hoje e irá durar até dia 8 de Setembro de 2019 a 37ª ALPIAGRA – Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça. Organizada pela Câmara Municipal de Alpiarça, esta feira representa uma aposta na revitalização do comércio tradicional, na qualidade e excelência dos produtos agrícolas, bem como, no desenho e a originalidade de produtos agro-turísticos do Ribatejo e das novas tendências. Em vésperas do arranque de mais uma edição, o Correio do Ribatejo entrevistou Mário Pereira, presidente de um município onde residem cerca 7.800 habitantes. Para o autarca, a Alpiagra configura-se como “o momento mais importante do ano, em termos de  mostra económica, cultural e dinâmica associativa, assim como de afirmação da identidade de um povo e de uma região”.

Quais as grandes novidades da Alpiagra para este ano?

A Alpiagra, este ano, vai ocupar sensivelmente o mesmo espaço das edições anteriores. Ao longo destes anos, a feira foi sempre sujeita a alterações, reorganização de espaço, melhorias constantes e, neste ano, nesta 37a edição, vamos ter como novidade o facto de darmos uma relevância maior ao Espaço Jovem. Desde logo, com a colocação desse espaço numa zona diferente, junto ao antigo pavilhão que foi o local de encontro da Alpiagra durante muito tempo: era um edifício que estava fechado e que, este ano, vai ser recuperado. Vai estar, portanto, mais virado para a envolvência da juventude pela noite dentro durante os cinco dias de feira.

Teremos também a existência de dois palcos: o espaço central na zona relvada vai ter o palco principal, o palco Alpiagra. E, depois, vamos ter, na área oposta, outro espaço, outro palco, dando expressão à maior intensidade de actividades que vão existir, até mesmo actuações musicais.

Depois, ao nível das diversões, foram introduzidas alterações, com uma maior variedade a este nível. Vamos dar, também, um destaque grande ao vinho de Alpiarça e da nossa região. Haverá o pavilhão do vinho e dos petiscos, fazendo a ligação entre o nosso vinho e a gastronomia mais tradicional.

A Alpiagra continua a ser um certame com uma importância extraordinária para o concelho e para a divulgação dos produtos da terra?

Sim, claramente. A ideia foi sempre, e continua a ser essa. É o principal momento de mostra, de divulgação, de promoção do concelho de Alpiarça, com base na actividade agrícola e agro-industrial. Depois, também do comércio local, da gastronomia, dos petiscos. Embora mantenha os objectivos, que passam por mostrar aquilo que temos de melhor no concelho a vários níveis: actividades económicas, relacionadas com os sectores agrícola e comercial, temos também toda a envolvência da comunidade, desde as actividades culturais, sociais e, à semelhança de edições anteriores, teremos uma forte presença do nosso movimento associativo com gastronomia, doçaria e folclore. A Alpiagra é, no fundo, local de convívio, encontro e divertimento com música e actividades para todos.

A Alpiagra configura-se como o momento mais importante do ano para o concelho e funciona como meio de afirmação da identidade de um povo e de uma região. É um certame que dá muito relevo ao sector primário, à nossa agricultura, que apesar de todas as dificuldades, se mostra resiliente e está pujante. Temos, de facto, empresas agrícolas que demonstram um grande dinamismo e possuem uma actividade muito interessante. Há muitos jovens agricultores que se vão afirmando e temos subsectores, como o melão, que têm um grande destaque.

A Alpiagra também é estratégica a nível da promoção turística do concelho?

Cada vez o turismo vai tendo uma importância maior na economia das regiões e Alpiarça não foge à regra. E, logicamente, a Alpiagra vai também assumindo esta faceta não só de feira agrícola e comercial, mas também com essa necessidade e estratégia, enquanto evento, de levar pessoas ao concelho. Temos bem presente a ideia de dar realce a esta área do turismo e vamos ter, precisamente, espaços dedicados ao sector: vamos ter as quintas, algumas delas que produzem vinhos, e estão muito ligadas a este conceito do Enoturismo. Todas elas vão estar representadas na Alpiagra e vão divulgar também esta vertente. Não só os vinhos,  mas de toda a oferta turística.

Temos os nossos espaços municipais de interesse turístico, a Casa dos Patudos – a principal âncora turística do concelho – mas, depois, também a própria Barragem dos Patudos, a Reserva do Cavalo do Sorraia, que vai ter um espaço próprio com actividades equestres e com reprodução de alguns dos espaços que existem na reserva. Toda esta actividade será projectada na Alpiagra, aproveitando para divulgar o turismo local.

No ano passado, a Alpiagra reduziu o número de dias do certame. Nesta edição, o formato é para manter?

Ao longo das últimas edições, fomos observando o que se passava na Alpiagra e em outros eventos do género que se realizam um pouco por todo o País e existiram algumas ‘chamadas de atenção’, sobretudo por parte de alguns expositores de fora do concelho, que nos manifestavam alguma dificuldade em marcarem presença na Alpiagra durante nove dias.

Portanto, o que quisemos fazer foi, no fundo, adaptarmo-nos a este novo modelo que está a ser implementado em vários outros sítios, concentrando em cinco dias aquilo que acontecia em nove. O ano passado foi o ano zero. Fizemos essa experiência que, na nossa opinião, foi extremamente positiva.

Realizamos, aliás, o balanço e a avaliação final da Alpiagra de 2018, com questionários aos expositores e aos participantes e a nossa discussão autárquica também passou por aí. Todos se manifestaram muito satisfeitos com os cinco dias que acabam por ser muito intensos, com muita actividade, dinâmica, para além de uma tradução muito positiva em termos financeiros para quem esteve na Alpiagra, com o fim de, logicamente, realizar alguma receita.

Depois dessa avaliação, achámos que era de manter este modelo dos cinco dias que, quanto a nós é mais atractivo e tem a capacidade, inclusive, de captar mais público.

Na sua opinião, qual é o prato forte da Alpiagra em termos de programa?

Como tem sido habitual, trata-se uma programação transversal que tenta chegar a todos os tipos de público. É um programa diversificado, com vários pontos de interesse. Desde logo, temos este ano um cartaz musical com muita qualidade, muita animação de rua, folclore e bandas filarmónicas. A Alpiagra continua a ter toda a oferta, em termos de actividades, que é tradicional. Mostra agrícola, comercial, agro-industrial, a gastronomia e os vinhos, as actividades culturais e desportivas do nosso movimento associativo também estarão presentes.

Mas, claro que o cartaz dos espectáculos é sempre o principal momento. Sobretudo para o público que vem de fora do concelho.

Para captar esse público, temos que apresentar um programa, sobretudo musical, que seja atractivo. E achamos que este ano é clara essa aposta na qualidade, a procura de chegar a vários públicos, na elaboração do cartaz. Parece-me ser esse o ponto mais atractivo.

Vamos ter todos os dias um espectáculo ao fim da noite. Teremos Cuca Roseta no domingo, Toy logo no dia de abertura [04 de Setembro], Miguel Gameiro e os Pólo Norte no sábado e Piruka, um jovem, na quinta-feira dia 5. Assim, creio, chegamos a todos os públicos. Haverá também os espectáculos de animação de rua, de folclore, de bandas filarmónicas, e animação dos espaços nos períodos em que não há espectáculos no palco principal.

Qual será o investimento previsto pela autarquia neste certame?

O investimento directo da autarquia ronda os 125 mil euros, um valor que é semelhante ao ano anterior. Em edições passadas, nos primeiros anos dos nossos mandatos, em virtude das grandes dificuldades financeiras, tivemos de reduzir esse montante.

Ainda assim, o orçamento este ano é muito inferior ao que era realizado nos anos dos executivos anteriores de maioria PS. Essa foi uma grande vitória nossa: o termos conseguido ter uma Alpiagra viva, dinâmica, com muita participação, reduzindo bastante o investimento. De facto, neste momento, estamos a cerca de 60 por cento daquele que era o investimento nos anos de 2008/2009. Nos últimos anos temo-nos adaptado e temos feito este certame, com muita animação, com valores mais contidos. Claro que, depois, há muito trabalho voluntários das colectividades que não é contabilizado. Sendo que depois esperamos ter receitas na ordem dos 35 mil euros, com a venda dos espaços, com parcerias e patrocínios que conseguimos junto de algumas empresas.

É, no fundo, um certame feito com a ‘Prata da Casa’, em estreita colaboração com a Junta de Freguesia, com as colectividades e associações, parceiros institucionais e também alguns patrocinadores.

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