A tradicional Semana da Ascensão, ponto alto da vida do concelho da Chamusca, está à porta, decorrendo de 13 a 21 de Maio. Este evento é “uma montra do que melhor se faz e existe no concelho”, como dá nota nesta entrevista ao Correio do Ribatejo o presidente da autarquia, Paulo Queimado.

Por estes dias, a Chamusca é ainda mais ‘O Coração do Ribatejo’: a Semana da Ascensão é um reencontro da família e dos amigos, e uma festa de todos para todos. É um estado de alma e de sentir da população do concelho, onde é apresentada uma das mostras empresariais mais importantes da região, com o objectivo de promover o empreendedorismo, como motor sustentável, através da divulgação de actividades e oportunidades de negócio, aproveitando a potencialidade da região chamusquense, para a atracção de investimento e dinamização do tecido empresarial.

Qual é a importância da Semana da Ascensão para o Município da Chamusca?

É o expoente máximo do concelho. Primeiro, temos a feira, onde queremos mostrar o que de melhor temos e fazemos no concelho. Temos as nossas empresas aqui, com os seus stands, a mostrar os seus produtos.

Queremos trabalhar de perto com as nossas Juntas de Freguesia, Associações Culturais, Desportivas, Recreativas. Cada Freguesia, ou União de Freguesias terá o seu dia específico. E também elas vão poder mostrar o que se faz em cada um dos seus territórios.

A Feira tem exactamente este papel, o de mostrar aquilo que temos de melhor no concelho. Temos que nos afirmar como ‘Chamusca, o Coração do Ribatejo’. Há uma grande diversidade no território e nós, quando começámos a trabalhar a nossa imagem para divulgação e promoção do concelho, foi difícil encontrar uma coisa apenas para promover porque há tanto para mostrar. Temos charneca, campina, Tejo, a Lezíria, as tradições tauromáquicas, criação de gado bravo… Mas havia uma coisa que era comum, que é o ADN do Ribatejo. Nada melhor, então, que nos afirmarmos como o ‘Coração do Ribatejo’. Temos esta panóplia cultural e história associada ao nosso território. E estamos a desenvolver vários eventos temáticos durante o ano para mostrar o que de melhor temos em cada uma das freguesias.

Em Ulme, temos o festival ‘Já te dou o Arroz’, para promover a produção de arroz, temos a centenária ‘Feira de São Pedro e do Chocalho’ no Chouto, o ‘Festival do Cogumelo na Parreira’, as tradicionais Festas do Arripiado, a Festa do Rio e das Aldeias – também com uma grande carga simbólica – temos, na Carregueira, a Festa de Campo, e, em Vale de Cavalos estamos a preparar, também, um evento anual para promover a freguesia. Dentro da estratégia de divulgação, a nossa Ascensão serve exactamente para isto: não é apenas o

negócio que se faz durante a Feira – e esse é importante seja para a restauração seja para o comercio local – mas daqui ficam contactos para todo o ano.

Quais são os principais destaques e atracções deste ano?

Trazemos, como é habitual, grandes nomes da música nacional, para atrair mais visitantes. Temos outros espaços, além do palco principal, como o Páteo Ascensão com uma alteração substancial: vai ter um palco, mas associado à restauração. A tauromaquia vai ficar do lado da manga das largadas que este ano sofreu algumas alterações na localização.

Temos, também, o palco da Juventude, com um programa variadíssimo, mais virado para essa faixa etária. Este ano, não vamos ter o espaço social no mesmo modelo, vamos trazer a feira Social mais para dentro da Ascensão. Quinta-feira temos o cortejo, antes da entrada de toiros, e, depois, a tão aguardada entrada de toiros de quinta-feira de Ascensão. Estamos a trabalhar o Clube de Produtores, e vamos apresentar este clube, e aproveitar o certame para lançar o ‘Visit Chamusca’, a nova plataforma de promoção turística do concelho.

Queremos promover o turismo em todo o concelho.

Estamos próximos de eleições para a Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo. Na sua opinião, o que se poderia fazer mais para promover o território?

Essa é uma situação que eu tenho vindo a abordar recorrentemente. O facto de esta Entidade trabalhar e promover o Alentejo e o Ribatejo tem alguns inconvenientes.

Em termos de promoção internacional, o Alentejo é uma das regiões que mais beneficia. O Ribatejo está fora desta promoção. Queremos, por isso, que o Ribatejo possa ser valorizado de outra maneira. Queremos uma delegação a funcionar no Ribatejo e que possa dar a projecção necessária a este território que tem características únicas.

Temos a paz, a calma, a paisagem, o comer bem, turismo de experiências…. Fui um dos impulsionadores da Carta Turística da Lezíria do Tejo, exactamente para conseguir, dentro da nossa dimensão, criar uma estratégia com programas concretos com a capacidade de ‘vender’ pacotes turísticos junto das agências. Temos de trabalhar em conjunto, aqui na nossa região: não temos uma praia, um monumento nacional, mas temos que trabalhar aquilo que é a nossa oferta.

Eu penso que, em territórios com as nossas características, se calhar, não conseguimos aguentar aqui uma família uma semana inteira com actividades regulares, mas, todos em conjunto, conseguimos trabalhar o tema do turismo e oferecer um pacote muito mais aliciante para quem nos visita. Se estamos a 100 km de Lisboa, temos que aproveitar estes fluxos. Cada vez mais, temos o turista das emoções, da experiência, e podemos captar o turista pela gastronomia…temos este produto para vender. Agora é colocá-lo no mercado da melhor maneira, estruturado e em conjunto com os municípios da Lezíria.

Foto de arquivo
Foto de arquivo

Ribatejo também é cultura tauromáquica, o que se nota neste certame. O que é que a autarquia está a fazer para valorizar essa vertente?

Essa vertente é muito importante e isso reflecte-se na Ascensão, que está para além da entrada de toiros para as corridas. Temos trabalhado em proximidade com as associações de promoção da cultura tauromáquica, associações hípicas, o clube taurino, associações que trabalham, e bem, esta temática. E nós continuamos a dar projecção. Estamos a fazer um estudo, com a Prótiro, do impacto financeiro destas actividades taurinas nos territórios. O impacto não são só as corridas de toiros: estendem-se a vários níveis e vão desde a criação do toiro bravo, os empregos criados à volta disto, englobam o alfaiate e o embolador. É uma economia muito grande e queremos saber o impacto que tudo isto gera no território.

Quais são os principais projectos em curso no Município?

Estamos a terminar a estrada do Pereiro, nacional 118, e a estrada entre Ulme e o Semideiro. É uma estrada muito utilizada. São 400 mil euros de investimento, que também dá acesso à zona industrial de Ulme. No primeiro sábado, antes da abertura da semana da Ascensão, vamos ter cá a Sra. Ministra da Coesão, a fazer e inauguração da fase dois e da fase quatro, da envolvente do mercado municipal. Aqui, também da envolvente da futura Casa das Artes. Temos obra a decorrer na Escola Sede, na qual foram investidos mais de 4,6ME, para a requalificar, o que vai dar outras condições aos jovens. Temos apostado muito nas infra-estruturas escolares, a formação para o aumento do potencial humano dos nossos alunos, dos professores.

Estamos a dar apoio no Centro de Saúde, e vamos avançar com a requalificação da AV. Almirante Gago Coutinho e de toda a zona envolvente do Centro de Saúde.

No Arrepiado, estamos a avançar com aquilo que já tínhamos planeado, o Parque

dos Amores Impossíveis. Já fizemos o bar, com uma vista maravilhosa sobre o Rio Tejo e estamos a efectuar a reorganização da praça, que vai dar acesso, depois, ao novo cais, que iremos, quando houver disponibilidade financeira, avançar com a sua concretização.

De forma genérica temos investido muito em infra-estruturas desportivas: é importante salientar que em todas as freguesias temos espaços desportivos. Na Parreira fizemos um investimento maior.

Há uma série de modalidades a serem lá praticadas. Há também um grande investimento na requalificação dos parques infantis. Isto é o que se vê, mas eu também gosto de falar do que não se vê.

Fizemos uma grande aposta em projectos de inovação social: temos duas incubadoras de Inovação Social. Temos a Fábrica do Empreendedor da Chamusca, e temos a Hivework Social, um projecto de promoção e apoio ao empreendedorismo de base local, integrando pessoas em situação de desemprego com as necessidades e dinâmicas locais. Tentamos sempre, dentro

daquilo que é o papel social do Município, identificar aquilo que são as vulnerabilidades da população e conseguir de alguma forma colmatar essas situações.

Estes não são projectos para grandes massas. É para públicos específicos. Mas conseguimos alterar a vida das pessoas e das famílias.

Foto de Arquivo
Foto de Arquivo

Como olha para a possível escolha de Santarém para a construção do novo aeroporto?

Uma nova cidade aeroportuária na região seria uma grande alavanca de desenvolvimento e de captação de pessoas. Nós, enquanto concelho da Chamusca, acolhemos, logicamente, e apoiamos o projecto Magellan 500.

Penso que seria muito positivo para toda a região. Tenho muita fé que este projecto possa ser uma realidade porque está muito bem estruturado, mesmo a nível de crescimento e em termos de localização, porque está muito próximo da A1. Portanto, e em resumo, julgo que este aeroporto pode ser um ponto de viragem para toda esta região.

Há aqui uma questão que eu já tive oportunidade de colocar aos ministros da Coesão e Infraestruturas que se prende com a conclusão da A13 que, a nosso ver, é fundamental. Claro que, avançando este projecto de aeroporto, faz ainda mais sentido esta obra.

Neste momento, não está em cima da mesa uma nova ponte na Chamusca. Precisamos, isso sim, que a A13 seja concluída, entre Almeirim e a Barquinha, e que não se deslocalize esta auto-estrada mais para norte, sob pena de estamos a afastar, ainda mais, esta acessibilidade essencial para a mobilidade de toda esta região.

Se quero ser competitivo, e falamos de territórios de baixa densidade, territórios do interior, só o conseguimos se, ao nível de região, conseguirmos fazer este equilíbrio entre os vários concelhos dentro daquilo que cada um tem de melhor para oferecer. Eu, quando quero ser competitivo com concelhos que têm uma auto-estrada a passar a dois minutos das suas zonas industriais ou a cinco minutos da sua sede de concelho tenho dificuldade.

Quando tenho aqui os investidores a perguntar “e agora, onde é que apanho a auto estrada?”. Com o escalar dos preços dos combustíveis, o tempo conta muito… é difícil ser competitivo em relação a alguns concelhos vizinhos.

Que marca quer deixar no Concelho?

Julgo que consegui, nestes dois mandatos e meio, aquilo a que me tinha proposto a 12 anos: o que eu tinha definido, juntamente com a minha equipa, era, e é, trabalhar muito para as pessoas e acho que esse objectivo está perfeitamente cumprido e até superado.

Nunca tive medo de arriscar e tivemos, ao longo deste percurso, parceiros estratégicos

que nos apoiaram e nos deram um grande impulso no sentido de concretizar projectos de grande impacto na nossa comunidade.

No dia em que sair – e esse era também um grande objectivo – não vou deixar a Câmara como a encontrei. Fica com projectos feitos e sem dívidas. Esse foi o meu grande compromisso.

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