Foto de Município de Rio Maior

Joana Zambujo de Oliveira, jovem de 18 anos, é natural de Rio Maior e vê um dos seus grandes sonhos tornado realidade, a publicação do seu primeiro livro intitulado de “A Distância Que Nos Une”. A jovem é estudante universitária no curso de Ciências da Comunicação, da Universidade Nova de Lisboa e sempre demonstrou um enorme gosto pela leitura e pela escrita desde tenra idade.

Qual foi a sensação de escrever o seu primeiro livro e apresentá-lo ao público?

Há sempre algum receio, acho. Apesar deste livro não ser de todo sobre mim, nele reflito muitos dos meus valores, das minhas crenças, das minhas frustrações. E a partir do momento em que o publiquei, todas essas coisas deixam de me pertencer somente a mim. Não só publiquei um livro como publiquei também uma parte de mim. Isso e claro, o medo das pessoas não gostarem. De não ser um sucesso. Mas agora sei que não tem de ser. E haverá sempre alguém a julgar e a criticar. Aprende-se a lidar com isso. 

Sempre demonstrou interesse pela escrita e leitura?

Sim, sempre. Desde que me lembro, mantenho um gosto inexplicável pela leitura. E já numa idade bastante prematura que lia livros de 500/600/700 páginas. É o que me fascina e talvez por isso tenha escrito um livro tão grande. A escrita foi um acréscimo, penso. Gosto tanto de escrever como de falar para uma audiência. E a diferença está mesmo aí, não preciso de escrever para ninguém. Este livro, inicialmente, foi escrito para mim própria, não tinha intenções de o tornar público. E isso é realmente muito bom, quando fazemos algo sem termos a necessidade de provar nada a ninguém. 

Como é o seu processo criativo?

Complicado, diria. Este livro demorou tanto tempo a ser finalizado também por causa disso. Passavam-se meses e meses sem que eu lhe tocasse. Nem sempre nos apetece – há várias fases da minha vida em que nunca me apetece escrever. Por razão nenhuma, simplesmente tenho coisas aparentemente mais interessantes para fazer do que estar sentada em frente a um computador a tentar magicar ideias. E não vale a pena forçar, porque depois também não sai nada que se aproveite. Assim, acho que a resposta é mesmo deixar fluir e não pôr pressão de tempo sobre nós mesmos. 

O que a levou a escrever o livro “A Distância Que Nos Une”?

Não houve um motivo, de todo. Sabia que queria escrever e que um dia queria ter um livro. Fi-lo sem compromisso, sem urgência. Lembro-me de na altura ser obcecada com o nome Olivia e, por isso, queria também ter uma personagem chamada assim. E foi o que bastou. 

De que trata este livro?

R: Tal como percetível na sinopse, este livro retrata a história de Olivia que vive numa época onde a sociedade se mostra extremamente conservadora, retrógrada e portadora de valores imutáveis. Tudo aquilo que ela abomina. Por isso, tenta quebrar estereótipos e questionar crenças há muito fixadas. É durante esse processo que embarca numa viagem que mudará para sempre o rumo do seu destino – uma viagem que será somente a primeira de muitas. Durante todas elas, tenta esquecer réstias que ficaram do seu passado, mas é quando se confronta com ele uma vez mais que percebe que nunca o poderá esquecer. 

O que inspirou esta sua obra, “A Distância Que Nos Une”?

Mais uma vez, apenas a vontade de a escrever. Isso e muitos sítios por onde passei até hoje que me ficaram, por diversas razões, na memória. Apesar da história ser ficcional, todos os locais e pontos de referência mencionados são verdadeiros. 

Com que idade começou a escrever o livro “A Distância Que Nos Une”? 

Como este livro começou por ser escrito sem o intuito de ser um, diria que nele estão presentes pequenos excertos ou reflexões que faço desde os meus 12/13 anos. Por isso, se contarmos com isso…

Quanto tempo demorou a escrever a obra?

Não sei dizer um tempo preciso. 

O que é a escrita para si?

É a marca de alguém. Eu espero um dia poder ter também a minha marca. 

Que livros é que a influenciaram como escritora?

Não diria livros. Todos os livros me influenciam, de uma forma ou de outra. Diria antes autores. Poderia mencionar muitos, mas hoje em dia, a Lesley Pearse é a minha musa. Não só pela própria escrita, mas por todos os assuntos que aborda e maneira como os escolhe abordar.

Considera que um livro pode mudar uma vida?

Claro. De diversas maneiras. Durante a pandemia, por exemplo, muita gente se impediu de cair no abismo por causa de todos os livros que leu. Há relatos de pessoas onde o mesmo se sucedeu, mas em contexto de guerra. Entre muitas outras situações. Pode ser também um processo cumulativo, onde só vemos efetivamente uma diferença na nossa vida e influencia do mesmo passado muito tempo. Eu acho isso espetacular.

Tem outros projetos em carteira que gostaria de dar à estampa?

Projetos, tenho. Que gostasse de divulgar, nem tanto, pelo menos por agora. Posso apenas referir (uma vez que quando esta entrevista for publicada já se saberá) que fiz também uma participação como co-autora num projeto pensado pela minha editora: Fragmentos de Saudade – Antologia de Literatura Portuguesa – Volume I. Penso que a minha parte consta no segundo tomo. Um registo bastante diferente, mas igualmente interessante.

Um título para o livro da sua vida?

Acho que ainda é muito cedo para pensar nisso. Afinal, tal como bastante percetível em A Distância Que Nos Une, a vida dá muitas voltas…

Viagem?

Até hoje, Finlândia. Mas muitas mais virão, espero.

Música?

Muitas. Atuais ou antigas. Mas destaco Bohemian Rhapsody, dos Queen. 

Quais os seus hobbies preferidos?

Tudo o que envolva comunicar, em especial, o canto e a música. É algo que também faz parte da minha vida.

Se pudesse alterar um facto da história qual escolheria?

Esta é uma boa questão. Acho que a resposta mais óbvia seria o impedimento da Segunda Guerra Mundial, bem como a morte de todos aqueles judeus. Isso, ou qualquer outro facto que tivesse contribuído, de uma forma ou de outra, para a opressão e morte de pessoas. 

Se um dia tivesse de entrar num filme que género preferiria?

Apesar de ser uma eterna apaixonada por romances, acho que seria muitíssimo interessante fazer parte de um filme de ação ou ficção científica. 

O que mais aprecia nas pessoas?

Caráter (bom, claro). 

O que mais detesta nelas?

Inveja.

Acordo ortográfico. Sim ou não?

É me completamente indiferente. Porém, estando já bem habituada ao atual, diria que sim. 

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