A Golegã há muito que passou a ser a Capital do Cavalo. O dia de São Martinho, de feira que foi, passou ao mais genuíno espectáculo equestre público que se realiza no País. Ralies, Raids, Jogos Equestres, Campeonatos, Maratona de Carruagens, Exibições, são alguns dos espectáculos que se realizam na Golegã, por altura da Feira Nacional do Cavalo, que teve início ontem, sexta-feira, dia 3 e irá durar até dia 12 de Novembro.

A Feira Nacional do Cavalo, também Feira Internacional do Cavalo Lusitano, será ponto de encontro e reencontro dos mais importantes criadores nacionais e internacionais de diversas raças equestres, com especial enfoque no Cavalo Lusitano.

A cultura tradicional portuguesa estará também em destaque, com a secular Feira de São Martinho a fazer as delícias dos visitantes de todo o mundo, que aqui assistem às diversas manifestações de autenticidade do povo português.

E, para complemento da festa, justificando o adágio popular que, “Pelo São Martinho prova o Vinho”, não faltarão a água-pé e as sempre apetecidas castanhas assadas.

Em vésperas do arranque de mais uma edição da ‘Feira da Golegã’, o Correio do Ribatejo esteve à conversa com o presidente da autarquia, António Camilo que, nesta entrevista, fala das novidades deste certame e da sua importância para a região.

Este ano, as questões de segurança e bem-estar animal estão no topo das preocupações da organização de uma feira que conta já com 452 anos de existência.

Qual é a importância da Feira Nacional do Cavalo para a Golegã e para o País?

A Feira Nacional do Cavalo é o maior evento do concelho, e sem dúvida um dos maiores da região. Logo entendemos a importância que este tem para a vila, pelo seu impacto em todas as áreas, e naquilo que interfere no dia a dia dos nossos munícipes.

A nível nacional, esta será a XLVII Feira Nacional do Cavalo e XXIV Feira Internacional do Cavalo, sendo de longe a maior mostra do Cavalo Lusitano em todo o País.

Assim, faz com que a Feira de São Martinho seja ímpar no nosso território, além de bastante peculiar, que já conta com 452 anos de existência.

Quais são as principais novidades que os visitantes podem esperar na edição deste ano da feira?

Este ano trazemos muitas novidades. Começamos desde logo, pela transmissão streaming do evento. Em directo de locais icónicos como o Largo de Arneiro, HIPPOS e outras zonas envolventes, pretendemos com isto, melhorar a experiência de quem nos visita, enquanto mostramos ao Mundo, a excelência que nos caracteriza.

Depois, a segurança. Das pessoas, dos cavalos, de todos. Recebemos por estes dias, milhares de visitantes, de todos os quadrantes e sectores da sociedade. Queremos por isso, que todos se sintam seguros.

Numa era de múltiplas turbulências, queremos transmitir uma mensagem de confiança, através de medidas como as fiscalizações aleatórias e o sistema de videovigilância que foi instalado, pela primeira vez na nossa Feira. Haverá patrulhas veterinárias, com controlo da identidade dos cavalos, e a obrigatoriedade do uso de traje correcto de equitação, de forma a devolver à nossa Feira a dignidade merecida.

Seremos exigentes e intransigentes perante o incumprimento das regras, estando previstas duras sanções para os transgressores.

E se falamos em pessoas, temos de falar das nossas raízes. O regresso dos campinos ao programa da feira, pela mão do Prémio Carreira Campino, é algo que nos orgulha.

A par disto, o Prémio Carreira Carlos Relvas, que pretende homenagear os cavaleiros tauromáquicos de alternativa, será tão simbólico quanto inspirador para as novas gerações. Esta que será a edição da FNC com maior número de expositores de vendas de sempre, terá ainda um brilhantismo especial com o espetáculo equestre conjunto da Escola Portuguesa de Arte Equestre e Escuela de Córdoba.

Quais os eventos do programa que destaca?

Além dos já mencionados, das novidades que serão introduzidas na edição deste ano, todos os momentos da Feira Nacional do Cavalo são de destacar, porque são todos esses momentos que fazem a Feira um evento emblemático e atrativo para os nossos visitantes. Desde a parte desportiva e de competição, à mística e tradição da carismática Feira de São Martinho, às homenagens e galas equestres, são momentos todos eles de realçar.

E ao nível cultural, como música, dança e gastronomia, que complementam as actividades equestres?

Este ano, uma das muitas novidades será a montagem do palco “Tradições”. Este será um espaço dedicado a esses momentos culturais, com participação de fadistas, grupos etnográficos, entre outros artistas, que irão complementar a programação equestre.

A nível gastronómico, além da variada oferta dos nossos restaurantes fixos, temos dezenas de espaços provisórios com sabores de norte a sul do país, à disposição dos milhares de visitantes que chegam à nossa vila entre os dias 3 e 12 de Novembro.

Na sua perspectiva, de que forma é que a Feira Nacional do Cavalo contribui para a promoção da cultura equestre em Portugal?

A Feira Nacional do Cavalo é o ponto alto do ano a nível equestre. É aqui que a maioria dos criadores, dos atletas das várias modalidades de desporto equestre, cavaleiros tauromáquicos, e todos os amantes do Cavalo se juntam.

Aqui são apresentados os melhores exemplares do Puro-Sangue Lusitano, entre outras raças, e onde todos os que gostam de cavalos querem estar.

Por proporcionar isso, a Feira continua a ser a maior bandeira da promoção da cultura equestre, sendo imprescindível para nós trabalharmos na sua valorização, nas constantes melhorias ano após ano, preservando ao mesmo tempo, a sua história e a sua essência.

Quais são os maiores desafios logísticos na organização de um evento desta dimensão?

Os desafios são vários, sendo que o início da organização de um evento desta dimensão inicia-se no dia seguinte ao fim de cada edição.

Entre garantir a segurança dos milhares de visitantes, as condições aos nossos munícipes para minimizar os constrangimentos do seu dia a dia, as comodidades para todos os participantes, e também zelar pelo bem-estar animal, são muitas as preocupações que não podemos nunca descurar. Existe um grande empenho tanto da nossa parte, como de outras entidades, de forma a planear todos estes aspetos de forma atempada, para que nada falhe no decorrer do evento, ou pelo menos se garanta que tudo foi feito para minimizar todo o tipo de riscos que um evento desta dimensão possa provocar.

Qual é o impacto económico directo e indirecto da feira na economia local da Golegã?

Um evento desta magnitude terá sempre um impacto significativo nos comerciantes locais, além de também o ter em toda a região. Mesmo em tempos conturbados como os que assistimos, e da incerteza para o futuro, a Feira Nacional do Cavalo continua a ser um evento procurado, e que certamente terá bastante importância na vida dos empresários locais e regionais nos dias que correm.

Além de não haver números concretos do impacto económico, sendo uma feira que decorre em toda a vila, sem ser possível quantificar o real número de entradas, as estimativas são de algumas dezenas de milhões de euros que de forma direta e indirecta impactam na economia local e regional.

E de que forma a feira influencia o turismo na região e afecta a ocupação hoteleira?

Sabendo da dimensão da Vila da Golegã, e de ser impossível dar uma resposta a toda a procura para estadias necessárias para os dias da Feira no Concelho, esta procura influencia a ocupação hoteleira de toda a região. Como exemplo disso, existem reservas de alojamentos em concelhos que distam a 70 km do Concelho da Golegã, estando todos aqueles mais próximos praticamente lotados. Este é mais um fenómeno que mostra a diferenciação deste evento, e do impacto que ele traz em toda a esta região.

De que forma a Feira Nacional do Cavalo preserva e celebra as tradições equestres em Portugal?

Quando celebramos as tradições equestres, temos de falar inevitavelmente em pessoas, temos de falar das nossas raízes. E será isso que vamos expressar nesta edição da Feira Nacional do Cavalo, ao celebrar a tradição com o regresso dos campinos ao programa da feira, pela mão do Prémio Carreira Campino, que é algo que nos orgulha. A par disto, o Prémio Carreira Carlos Relvas, além do ícone da fotografia, também foi um exímio cavaleiro tauromáquico, e desta for estamos a homenagear os cavaleiros tauromáquicos de alternativa que será tão simbólico quanto inspirador para as novas gerações.

Quais são as expetativas de participação internacional na feira este ano?

Para além de irmos celebrar a XXIV Feira Internacional do Cavalo Lusitano, prova da cimentação da internacionalização da Golegã como a Capital do Cavalo, é desígnio continuar em apostar, pelos sinais óbvios do potencial desta e dos produtos equestres produzidos em Portugal. Quando registamos visitas de turistas da Oceânia, América do Sul, América do Norte, Ásia, África e de toda a Europa, a Feira Nacional do Cavalo é a oportunidade de excelência para divulgar o nosso cavalo aos quatro cantos do Mundo e assim, promover ou realizar negócios de extrema importância para os nossos criadores.

Ainda de realçar que, para além da existência de Pavilhões de criadores nacionais, com negócios já estabelecidos além-fronteiras, também temos um Pavilhão de um criador de França e novidade este ano é a existência de um Pavilhão de um criador oriundo do México.

Qual é a abordagem da organização para garantir o bem-estar dos cavalos e participantes?

Como já tive oportunidade de referir, este ano reforçamos as medidas para garantir o bem-estar animal, mantendo em linha com o que já fizemos na edição passada nesse sentido. Haverá patrulhas veterinárias, com controlo da identidade dos cavalos, como também a avaliação dos equinos e se estes se encontram nas devidas condições para circular na Feira.

Seremos exigentes e intransigentes perante o incumprimento das regras que estão estipulados, e que podem ser consultadas no site da Feira Nacional do Cavalo, estando previstas duras sanções para os transgressores.

De que forma são planeadas e organizadas as competições equestres na Feira Nacional do Cavalo?

A Feira Nacional do Cavalo tem uma coordenação técnica focada na organização da programação equestre, em especial a vertente desportiva e de competição.

Esta faz todo o planeamento para que sejam realizadas provas com relevo nacional, e que traga os melhores atletas nacionais das modalidades de Equitação de Trabalho, Dressage, Saltos de Obstáculos, Atrelagem, entre outras, a concorrer durante a Feira.

Quais são os planos futuros da Câmara Municipal da Golegã para expandir e aperfeiçoar a Feira Nacional do Cavalo nos próximos anos?

A Câmara Municipal da Golegã pretende que a Feira melhore de ano para ano, e se adapte rapidamente às necessidades de todos aqueles que nela são intervenientes.

Desde os nossos munícipes, aos participantes, a todos os comerciantes e empresários que já cá estão e os que vêm apenas nestes dez dias, e aos milhares de visitantes que temos, todos eles necessitam de ser correspondidos e da organização estar ao nível da sua expectativa.

Este é um trabalho que tem de ser contínuo, e no fim de cada edição existe já algo para se melhorar no ano seguinte. Garantir cada vez mais a segurança de todos, uma fiscalização e acompanhamento cada vez mais activo para o bem-estar animal, irão ser sempre uma prioridade no nosso planeamento futuro, podendo continuar a assegurar uma Feira digna e desejada pelos milhares de pessoas que todos os anos nos visitam.

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