Estamos em fim de semana de festas na nossa cidade. As coisas, como os humanos, também têm idade e histórias. No próximo domingo, haveremos de ter amigos e conhecidos, turistas e aficionados, gente de fora e de dentro, que vêm à capital do Ribatejo para uma tarde de toiros.
À sua espera têm um cartel rematado, como os melhores, como seja o confronto entre dois cavaleiros, que disputam hoje a vara do mando da tauromaquia equestre nacional (João Moura Jr. e Francisco Palha), uma ganadaria de primeira água (Murteira Grave) e dois grupos de forcados com tradição (Santarém e Évora) que convocam para o campo Dr. Emílio Infante da Câmara as atenções dos aficionados.
Foi para a realização de acontecimentos destes que Celestino Graça e companheiros meteram empenhos e arriscaram na construção de uma praça, que foi e é a menina dos olhos dos scalabitanos.
A um ano de se fazer os sessenta, a velha senhora já teve muitas tardes de glória, também alguns tempos menos bons (quem os não tem?) mas o que é certo é que na actualidade, como já em anos anteriores próximos, recuperou o seu “bom ar e importância”, muito pela simples razão de os seus gestores a servirem com o carinho e o respeito que merece, ao invés de lhe tentar sugar o pecúlio de prestígio que amealhou ao longo da sua veneranda existência.
Ficamos a dever a este Sector 9, tal como à gestão que o antecedeu nesta vida nova, este lavar de cara, este recolocar da história, aonde ela pertence porque, como disse, as coisas têm idade e histórias que ficam gravadas na memória colectiva de quem lhe acompanhou o parto, a juventude, a pujança do seu crescimento, mas também a doença que muitos lhe vaticinaram de mortal.
É certo que estamos longe de 1971, quando se realizaram 11 corridas e até um festival, pasme-se, a 13 de Dezembro para o Natal do soldado. Ou até do ano de 73, onde a Feira Taurina de Junho teve seis espectáculos, mais um pelo S. Miguel e dois na feira de Outubro.
Os tempos eram outros. A capacidade da sua lotação atraía os grandes promotores, RTP e Renascença, devido à sua força de convocatória e em sucessivas ocasiões se esgotaram os bilhetes para assistir às corridas.
Estou certo que o actual momento da praça de Santarém, agradaria ao homem que lhe emprestou o nome, porque também ele pugnou sempre para dar categoria, prestígio e importância à Monumental de Santarém, não só porque os proveitos iam directamente para a sempre necessitada Misericórdia, mas também porque a rivalidade com Lisboa, Moita, Évora ou Vila Franca, lhe davam “um certo gosto mental e vaidade”.
Mas como também entendo que a verdade deve ser dita por inteiro, ficava mal com a minha consciência, se não trouxesse a esta conversa a nossa Câmara Municipal e do seu presidente, Ricardo Gonçalves, que têm tido a maior das suas disponibilidades para apoiarem as iniciativas destes novos gestores, fazendo vincar a ideia de que a cidade se tem de assumir sem tibieza como um dos mais destacados defensores da tauromaquia, que o mesmo é dizer da nossa história e tradição.
Dia 19 de Março, dia de S. José, padroeiro da cidade, será também de tradicional romaria. Não a tradicional, às Ómnias, com merendas, tinto palhete, acordéons e ferrinhos, mas à Monumental Celestino Graça, onde iremos assistir, assim se espera, a uma grande corrida de toiros.