Entrevista a Gabriel Silva, actor

Que impactos está a ter a pandemia no seu trabalho?

Devido à pandemia, em 2020 tudo o que tinha marcado para esse ano foi cancelando, depois felizmente em Julho e Agosto tive um convite para fazer uma peça “Casamento, mas com reticências “que acabou por ter apenas uma sessão online. Entretanto para conseguir ir vivendo acabei por trabalhar num café, mas que acabou por fechar.

Quais são as maiores dificuldades?

Uma das maiores dificuldades além de não haver trabalho nem na área das artes nem em outras é conseguir manter a mesma paixão e entusiamo na luta para ser um artista em Portugal, porque se a área das artes sempre viveu períodos pouco abonados, a pandemia só veio piorar e revelar muitas das fragilidades do sector.

 Que projectos foram adiados?

Apenas um projecto foi adiado, todos os outros foram definitivamente cancelados sem qualquer previsão de voltarem a acontecer, mas o espectáculo “Uma família com Pinta” foi adiado para Março na esperança de poder ser realizado com público, no entanto vai mesmo ter de acontecer no formato online através do Facebook.

 De que forma tem tentado manter o contacto com o público?

É bastante difícil conseguir manter este contacto mas vou tentando fazê-lo através das redes sociais, quer seja através da realização de um vídeo sobre o Salgueiro Maia como fiz o ano passado, quer seja enviando algumas mensagem quando surge um novo projecto ou quando é emitido na televisão algo em que eu tenha participado, e agora irei manter o contacto através de um filme “ A segunda Vaga “ que está a ser realizado pelo Frederico Corado , em parceria com o grupo Área de Serviço do cartaxo onde já é possível assistir a um trailer no facebook do grupo.

Sente falta do palco?

Sim sem dúvida que sim e poder estar a fazer teatro online é um grande privilégio, mas sinto ainda mais falta do público, é principalmente para ele que trabalhamos diariamente, para levar até ele a melhor história possível ou a que ele mais precisa/quer ouvir.

Como antevê o pós-pandemia?

O pós-pandemia será um novo processo de adaptação à realidade, penso que irá existir durante algum tempo o medo do contacto com o outro, o estar, o abraçar o outro e além disso que as máscaras vieram para ficar ainda durante bastante tempo não só pelo receio, mas porque de facto em algumas situações são realmente benéficas.

Os espectáculos on-line vieram para ficar?

Talvez tenham vindo para ficar, e ainda bem que estão a acontecer, mas no meu ponto de vista nunca irão substituir os espectáculos do formato original pois para mim a desvantagem do online é o contacto com o público que se restringe aos comentários que são deixados durante e após o espectáculo.

E quanto aos apoios? Existem ou são uma miragem?

Não nego que os apoios existam pois tenho conhecimento de uma ou outra pessoa, entidade que de facto os recebeu no entanto não estão disponíveis para todos, eu por exemplo estou registado como trabalhador independente desde 2018 e nem no confinamento passado nem agora consegui qualquer apoio, além de que muitas vezes quem consegue, acaba por ter um apoio de por exemplo 100 euros e dura por exemplo três meses , mas a partir daí ficam obrigados a manter actividade aberta durante dois a três anos e a pagar contribuições mesmo que não tenham trabalho ou seja o apoio acaba por ainda prejudicar mais a situação do trabalhador independente .

Seria importante a criação, por exemplo, do estatuto de artista que reconhecesse esta categoria profissional e exigisse a devida protecção social?

Sim sem dúvida, não só exigisse a devida protecção social mas que através dessa medida os impostos pagos fossem de acordo com a actividade praticada.

Para além de apoio pecuniário, que outras medidas seriam necessárias para relançar a produção artística?

Para mim, uma das medidas mais importantes seria a implementação do estatuto/carta profissional de artista, já existiu em Portugal e existe em outros países, isto iria combater não só algumas injustiças e desigualdades existentes no meio como iriam ser uma mais valia no que diz respeito à candidatura a certos projectos. Claro está que o aumento do orçamento de estado para a cultura é também algo importante e que faria toda a diferença.

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