Fundada como empresa familiar, a história da “Vinhos Franco” está alicerçada no conhecimento de várias gerações para as quais, durante muito tempo, a produção de vinho foi o único meio de subsistência. O actual projecto nasceu no ano 2000 para dar continuidade à tradição, a que se acrescenta uma “enorme vontade” de homenagear os antepassados e a região do Tejo, produzindo e comercializando vinhos de qualidade, aliando os velhos saberes às novas tecnologias. Os “Vinhos Franco” distinguem-se pela personalidade, elegância e harmonia que revelam toda a magia do “terroir” do Cartaxo.
Como surgiu a empresa?
Esta é uma empresa familiar. O meu sogro vivia da produção de vinho, começou por vender a granel e, depois, já com a minha colaboração, em garrafão. Posteriormente, passámos a vender em bag-in-box, com a marca ‘Ponte da Serra’. Por volta do ano 2000, como part-time, criei a marca de vinho engarrafado ‘Barroca da Pata’. Fui acompanhando a actividade do meu sogro ao longo do tempo e, há cerca de nove anos, quando a actividade ia cessar devido à idade e à falta saúde dele, decidi pegar no projecto, ‘lavar-lhe a cara’ e deixar o escritório para me dedicar ao vinho. Foi uma decisão ponderada, mas arriscada, uma vez que a sustentabilidade só seria possível se o património vínico fosse superior a 25 hectares e nós só tínhamos seis… Tivemos de adquirir mais de 20 hectares, o que conseguimos.
Como se chegou a este empreendimento?
Dediquei-me ao projecto do vinho há apenas 10 anos, como referi. A partir daí, investi em terrenos, plantei 22 hectares de vinha, iniciei a certificação de vinhos e fui investindo em equipamento para a adega. Em 2015 foi inevitável iniciar o projecto da adega, fiz obras adjacentes ao edifício principal e, no ano passado, iniciei as obras no edifício mais antigo. Este faseamento permitiu-nos trabalhar sem parar em nenhuma altura do ano.
Qual a dimensão do investimento global e que apoios recebeu?
Investi cerca de 1 milhão de euros em todo o projecto: 50% em equipamento e o restante no edificado. Candidatei-me a vários apoios, nomeadamente para aquisição de maquinaria para a vinha, furos de captação de água e rega gota a gota e obtive resposta favorável e apoios por parte da APRODER. Candidatei-me também a um projecto de recuperação e ampliação da adega e aquisição de equipamento para a mesma, mas este ainda se encontra em apreciação. Desde 2016 que iniciámos o processo e foram surgindo muitos entraves, muita burocracia a nível central. Nem sempre foi possível facultar a documentação exigida. A minha actividade não pode parar, nem esperar…. A produção do vinho é um ciclo vivo e a determinada altura foi imprescindível adquirir equipamento e pô-lo a funcionar.
Qual é o seu volume de negócios e de produção?
Produzimos anualmente 200 a 300 mil litros de vinho. O ano passado foi um ano atípico. No entanto, e porque investimos na contratação de um comercial e lançámos alguns vinhos, tivemos a felicidade de duplicar o volume de negócios.
Quais são as suas ambições relativamente à expansão do negócio em termos de localização, colaboradores e volume de vendas, exportação, criação de novo negócio noutra área de actividade?
O lançamento anual de novos produtos mantendo a qualidade é bastante importante. Em termos de desenvolvimento de produto temos algumas ideias, ainda embrionárias, no que concerne ao segmento da bag-in-box, com o objectivo de contribuir para a desmistificação deste produto.Para o ano talvez seja boa altura as lançar. Além do comércio de vinho, estamos a apostar no enoturismo. Em breve abriremos a nossa adega-museu e temos interesse em dinamizar esta área de negócio, uma vez que, como empresa familiar, marcamos pela diferença nesta área.
Que nível de impacto na economia local? Quantos postos de trabalho?
Neste momento empregamos a tempo inteiro três pessoas, incluindo eu, e temos cerca de 20 colaboradores sazonais para os trabalhos na vinha.
Qual a ligação à região?
Nasci, cresci, casei e construí a minha vida nos Casais Penedos. A ligação à terra é inevitável e é bom contribuir para o seu crescimento. Ao nível da região vitivinícola, o Tejo é uma região promissora e com características muito marcadas que gosto de fazer valer nos meus vinhos. Por cá encontramos um microclima especial que dá origem a uma elevada qualidade, mas a produções muito reduzidas comparativamente com a charneca e com campo. Este ‘terroir’ milenar faz toda a diferença nos nossos vinhos.