O anúncio de abertura do procedimento de classificação da Anta 1 do Vale da Laje, em Vale da Lage, no concelho de Tomar, foi hoje publicado em Diário da República.
O anúncio da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), que decorre de uma proposta do Departamento dos Bens Culturais, abre o procedimento de classificação da Anta 1 do Vale da Lage, situada na União das Freguesias da Serra e Junceira, concelho de Tomar.
“A anta em vias de classificação e os imóveis localizados na zona geral de protecção (50 metros contados a partir dos seus limites externos) ficam abrangidos pelas disposições legais em vigor”, estando os elementos relevantes do processo (fundamentação, despacho, planta da anta em vias de classificação e da respectiva zona geral de protecção) disponíveis nas páginas electrónicas da DGPC e da Câmara Municipal de Tomar, segundo o aviso.
A construção de um empreendimento turístico nas proximidades desta necrópole megalítica gerou, em 2019 e 2020, várias manifestações de preocupação quanto ao risco de o monumento vir a ser afectado pelos trabalhos em curso.
Um grupo informal de cidadãos, o Grupo de Amigos da Anta do Vale da Lage, que tinha entre os seus membros uma das arqueólogas que participaram nas intervenções arqueológicas realizadas no monumento, insurgiu-se, na altura, contra a falta de intervenção das entidades responsáveis no sentido da classificação e salvaguarda da anta, questionando o facto de não estar, pelo menos, em vias de classificação.
O recurso a máquinas para a movimentação de terras na proximidade do monumento funerário megalítico levou vários partidos políticos a apresentarem perguntas ao Governo no parlamento.
A anta remonta a um período entre 6.000 e 7.500 anos e está inventariada como sítio arqueológico na base de dados Endovélico, sob a designação “Casalinho 1 / Vale da Laje 1”, tendo sido alvo de quatro campanhas de investigação e escavação entre 1989 e 1992, que culminaram com a vedação para protecção do seu núcleo integral.
Questionada em Maio de 2020 pela Lusa, a Câmara de Tomar afirmou que o empreendimento foi licenciado “nos termos da Lei” e que foram seguidas as recomendações da DGPC para acautelar a salvaguarda do monumento, nomeadamente com a realização de “fiscalização regular”.
“A obra esteve inclusivamente parcialmente embargada”, afirmou a autarquia, acrescentando que estava a ser feito “o acompanhamento arqueológico nos termos da Lei, e realizadas fiscalizações regulares pelo município assim como por parte de outras entidades”.