A Academia Militar (AM) lançou o livro biográfico “Marquês Sá da Bandeira – o Homem, o Militar e o Político” no domingo, 6 de Janeiro, na Casa do Brasil, em Santarém.
A obra biográfica que se encontra dividida em sete capítulos, demonstra o exemplo de vida e carreira de Bernardo Sá de Nogueira, Marquês de Sá da Bandeira, nascido a 26 de Setembro de 1795, em Santarém. O livro teve a coordenação e co-autoria de João Vieira Borges, Major-General Major-General do Exército Português e Comandante da Academia Militar e contou ainda com a co-autoria de Francisco Amado Rodrigues, Coronel de Cavalaria e Director da Biblioteca e Núcleo Museológico da AM e de Pedro Marquês de Sousa, Tenente-coronel.
O Comandante da Academia Militar realça a importância para Academia Militar do lançamento do livro do Marquês Sá da Bandeira por este ser não só ser o patrono da Escola mas também um exemplo para os cadetes que se formam na Academia como comandantes desde 1790.
“É uma homenagem a Sá da Bandeira, uma homenagem a todos os sucessores, a todos aqueles que, na academia militar, desempenharam funções de relevo desde os combatentes, àqueles que foram sete presidentes da república, 16 primeiros- ministros e todos os outros que serviram Portugal. Em todos os teatros de operações, serviram e defenderam Portugal. Sá da Bandeira foi um exemplo para todos os portugueses, quer como cidadão, quer como militar, quer como político. Alexandre Herculano dizia que foi o homem mais importante do Século XIX e a fronteira do Século XIX em termo daquilo que é o Homem não tem o significado que tinha noutros termos, tal como hoje as fronteiras não têm o mesmo significado. Ou seja, cultivar hoje aquilo que foi o saber, aquilo que foi o carácter, aquilo que foi a capacidade de liderança de Sá da Bandeira é tão actual como escolher uma outra personalidade de outro século ou inclusivamente contemporâneo, portanto nós devemos de cultivar a memória através das grandes figuras, só assim é que construímos um país de futuro. Cultivando a memória, só nos conhecemos a nós próprios quando sabemos qual é o caminho”, refere o Major General.
João Vieira Borges refere ainda que o lançamento da obra só fazia sentido ser na cidade de Santarém por ser a terra natal do Marquês Sá da Bandeira.
“Santarém é terra natal, Santarém é a terra onde, neste momento, há uma exposição que eu aconselho vivamente (a visitar) em que tem todo o espólio de Bernardo de Sá Nogueira que foi doada à academia militar, é com muito gosto que eu vi esta exposição. Santarém é, também (e isto é muito importante) algo que ele no seu testamento negou, aos pobres de Santarém, parte do seu património pessoal. E para nós que cultivamos aqui, nesta cidade, a cerimónia no dia da sua morte, cultivamos a memória (como sabem, fazemos uma cerimónia todos os dias a 6 de Janeiro), acho que justificava plenamente depois das cerimónias feitas pelos cadetes fazermos o lançamento em Santarém e não o típico lançamento sendo na capital. E, portanto, para mim é um grande prazer estar a fazer neste dia em que estiveram os cadetes na cerimónia de manhã, quer no centro de Santarém, quer depois no cemitério, depois virmos aqui fazer o lançamento na Casa do Brasil”, conclui o Comandante da Academia Militar.
Para a família este livro veio suprimir uma falha na história das obras sobre o Marquês Sá da Bandeira.
“É uma visão nova e actual sobre aquilo que foi o português mais ilustre do século XIX nas palavras de Alexandre Herculano. Para além das comemorações que a academia militar e a câmara de Santarém fazem todos os anos, aqui no dia 6 de Janeiro, sentimo-nos (eu, como representante da família e de todos os familiares) com muito orgulho por termos, no ano passado, da nossa família, a importância que teve o primeiro Marquês de Sá da Bandeira, que entre muitos feitos heróicos, destaca-se o papel fundamental da sua teimosia na abolição da escravatura, de 30 anos de luta política para conseguir acabar com a escravatura.”, explica Pedro Sá de Nogueira, familiar do Marquês.
Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Santarém, recorda a importância do Marquês para a elevação de Santarém.
“Estamos actualmente a comemorar os 150 anos da elevação de Santarém, a cidade. E também aqui, o Marquês de Sá da Bandeira, teve um papel preponderante. Nós temos de nos lembrar da data fatídica de 13 de Junho de 1491 que o Infante D. Afonso morre junto ao Tejo, em Alfange e que em Santarém ficou conhecida como a terra de má fama para os Reis, considerada de má sorte e esteve durante muitos anos como vila. E foi por grande intersecção do Marquês de Sá da Bandeira, junto de D. Luís, que Santarém passou de vila a cidade. E nesses festejos, estamos aqui na Casa do Brasil onde está uma exposição que denominava: “Filho da vila, pai da cidade” e essa exposição, uma homenagem ao Marquês de Sá da Bandeira, em que eu convido todos a visitarem, que era para terminar no mês de Janeiro, mas como tem havido muita visitação, nós vamos estender essa exposição até Março e faço apelo para que todos venham à Casa do Brasil e que vejam essa exposição”.
Esta primeira edição do livro de Sá da Bandeira foi oferecida a todos os cadetes da Academia Militar e aos presentes no seu lançamento. A Academia Militar fez saber que será lançada em breve uma segunda edição que estará disponível nas bancas para o grande público.
Antes do lançamento do livro, os alunos da Academia Militar procederam à homenagem com cerimónia militar e deposição de uma coroa de flores junto à estátua do Marquês de Sá da Bandeira, no largo do seminário, seguindo-se nova homenagem no túmulo do Marquês no Cemitério dos Capuchos, em Santarém.