Antifascista da Resistência, João Luiz Madeira Lopes é um exemplo de combatividade, de determinação e de persistência na luta pelos ideais que sempre o acompanharam. A idade não lhe traz esmorecimento, nem quebra do bom humor, com que encara a vida e se relaciona com os outros (amigos, companheiros dos seus combates ou não). Conhecido advogado de Santarém, destacou-se na oposição ao fascismo como dirigente da CDE.

Foi um membro activo desse Movimento, desde a sua criação (1969) e, depois, do MDP/CDE. Depois do 25 de Abril, João Luíz Madeira Lopes foi candidato da coligação de esquerda FEPU à Câmara Municipal de Santarém, nas primeiras eleições autárquicas (1976). Integrou as listas da APU e, mais tarde, da CDU, quer nas eleições para a Câmara Municipal, quer para Assembleia Municipal, nas eleições autárquicas seguintes.

Como descreveria a importância da liberdade na sua vida e na sua trajectória política, especialmente durante os anos de resistência ao regime fascista em Portugal?

Durante os anos da resistência ao regime fascista a restrição das liberdades e dos direitos fundamentais dos cidadãos, tais como o direito à segurança, ao respeito e à dignidade, à integridade física e moral, à justiça e à liberdade de expressão e de informação, foi uma das torturas maiores com que o povo português se debateu.

A Liberdade que a Revolução de Abril nos trouxe permite, actualmente, reunir sem controle da PIDE/DGS, votar livremente, ter acesso a toda a informação, sem censura prévia e proibição de circulação de livros, participar em manifestações, sem receio de carga policial, divulgar “panfletos”, sem receio de ser preso, defender a nossa posição política, social ou cultural, sem perigo de prisão, com tribunais plenários, com juízes à ordem da Ditadura/PIDE, medidas de segurança sem limite de tempo de prisão.

Quando atingi a maioridade inscrevi-me nos cadernos eleitorais, e este acto foi motivo de relatório da PIDE, por suspeição de que o meu sentido de voto não estaria direccionado para o partido único…

Como vê o legado dos valores de Abril nos dias de hoje?

O 25 de Abril e os valores que este nos trouxe, e que estão expressos e consagrados na Constituição da República Portuguesa, a Lei suprema do País e a mais avançada do Mundo, têm a ver com o Estado social e são, designadamente: o direito de todos os cidadãos à mesma dignidade social, a habitação condigna, ao acesso à saúde, educação e ao trabalho em condições dignificantes, continuam a ser, nos dias de hoje, um motivo de orgulho para os portugueses e têm de ser defendidos todos os dias, pois são o garante da nossa democracia.

Como vê o papel dos jovens na continuação da luta pelos valores de Abril e na promoção de uma sociedade mais justa e democrática em Portugal?

Acredito no progressivo empenho dos jovens na luta pelos valores de Abril, com a imprescindível ajuda dos pais, professores e das necessárias sessões de esclarecimento, em que todos nos devemos empenhar e que a associação cultural Comemorações Populares do 25 de Abril de Santarém tem dinamizado, por iniciativa própria e correspondendo a inúmeras solicitações de escolas.

Na sua opinião, quais são os principais desafios que a democracia portuguesa enfrenta actualmente, e que medidas considera essenciais para proteger e fortalecer esses valores?

Os erros graves dos últimos governos, agravando a situação da maioria da população, a nível de salários, dificuldade na habitação a preço justo, melhoria do serviço público de saúde e integrando elementos corruptos e alvo de condutas criminais, tem desvalorizado a dignidade do exercício de cargos políticos, ocupado maioritariamente por carreiristas vaidosos e ávidos de enriquecimento fácil, permitindo campanhas reaccionárias e demagógicas, colhendo frutos eleitorais no voto de cidadãos desprevenidos e mal informados.

Quais são os seus pensamentos sobre a importância de preservar a memória e os ideais do 25 de Abril para as gerações futuras?

O virar de página com o 25 de Abril em 1974, acabando com a guerra nas colónias, opressão, prisão aos opositores, educação e ensino reduzidos, para manter a ignorância, lutando pela igualdade, garantida por uma das constituições mais progressistas, impõe que se preserve a memória e os ideais do 25 de Abril, para que jamais se regresse ao passado, como afirma o grito “25 de Abril, Sempre…Fascismo, nunca mais !”

Que papel acredita que os jovens devem desempenhar na defesa e promoção dos valores democráticos em Portugal?

Os jovens são o Futuro, o Progresso… Acredito que assumirão a defesa e promoção dos valores democráticos em Portugal!

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