Com a devida vénia transcrevemos aqui a crónica de Miguel Alvarenga, director do Farpas Blogue, ao festival taurino que teve lugar no passado sábado, dia 4 de Março, em Alcochete, a favor dos Bombeiros Voluntários locais.

“Foi agradável, entretido, sem intervalo e sem demoras, as pegas foram todas à primeira exceptuando uma, a quarta, os seis cavaleiros de um atractivo e diversificado elenco estiveram à altura dos belíssimos novilhos-toiros da ganadaria Silva Herculano, com apresentação e comportamento irrepreensíveis, dignos de uma corrida, isto é, “toiros a mais” para um festival, o ganadeiro Henrique Silva Herculano foi muito merecidamente honrado com volta à arena no quinto (o melhor de todos) e o público saiu satisfeito.

(…) Abriu praça Gilberto Filipe. Só vê-lo montar enche as medidas a qualquer aficionado. Toureou a gosto, aproveitando as claras investidas do bom novilho, cravando ferros de nota alta, evidenciando a maestria que lhe confere uma já longa e digníssima trajectória. Gilberto é um grande cavaleiro – Bicampeão Mundial de Equitação de Trabalho – e um toureiro dos de cima. Teve um fantástico início de temporada.

Filipe Gonçalves veio um dia do Algarve distante disposto a conquistar um lugar de destaque num mundo onde não tinha antecedentes nem padrinhos. Fez-se à custa do seu valor, subiu a corda a pulso e consolidou um lugar. Depois de uma temporada anterior em que toureou menos que o habitual, deixou a mensagem de que está outra vez na luta. Ferros ousados, a pisar terrenos de compromisso, a alegria costumeira e a empatia com o público foram as notas altas de uma lide que agradou.

Manuel Telles Bastos, um toureiro “à antiga”, começou muito bem com dois ferros compridos cravados de praça a praça, depois desceu o tom com uma ou outra passagem em falso, o director de corrida acabou por lhe conceder música já na fase final da lide e Manuel subiu outra vez o tom, terminando em beleza com dois curtos de excelente execução.

O quarto cavaleiro foi Miguel Moura. Atitude e afirmação são atributos maiores do mais novo ginete da histórica dinastia de Monforte. Tentou receber o novilho com

uma sorte de gaiola que não resultou por o oponente “ter virado a cara” e não ter investido em direcção ao cavalo. Emendou Miguel com um primeiro bom ferro comprido e a seguir abriu o livro e fez gala da brega mourista e da emoção que imprime na cravagem. Ladeios arriscados, ferros em terrenos de atrevimento e o público com Miguel. Grande início de campanha e fantástico triunfo.

António Prates andou meio apagado no ano passado, depois de duas temporadas de grande fulgor em que se afirmou com uma das maiores certezas da nova vaga. Voltou a unir-se ao apoderado António José Cardoso e isso ter-lhe-á dado uma nova moral. A sua actuação em Alcochete marca o início de um novo capítulo na sua tão promissora carreira.

Voltámos a ver o atrevido e ousado Prates de outros anos. Jogou a pele, deu a cara, conquistou o público de novo. A prometer uma temporada de sucesso.

Fechou praça o praticante Tristão Telles de Queiroz frente a um novilho-toiro que não facilitou, que tinha teclas e se adiantava no momento da reunião. Valente como as armas, Tristão foi à luta com a bravura de sempre.

Sofreu um violento toque, que só por pouco não provocou uma queda. O embate acabou por diminuir o novilho, que já de si não era pera doce. Tristão esteve bem e arrimou- se, mas não chegou a romper, não teve música e no final ficou entre tábuas, recusando vir à arena.

Todos os bandarilheiros estiveram acertados, mas é de justiça destacar a arte dos capotes de Duarte Alegrete, Nuno Oliveira, Nuno Silva, Ricardo Alves, Miguel Batista e Jorge Alegrias, sem desprimor pelos demais.

Os Grupos de Forcados Amadores de Alcochete e do Aposento da Moita tiveram uma tarde grande e, sobretudo, uma tarde em que abriram as portas ao futuro e puseram à prova novos valores, demonstrando que num e noutro Grupo há forcados em ebulição para assegurar a continuidade.

Por Alcochete foram caras, todos à primeira, João Dinis, João Pedro e Daniel Ferraz. Pelo Aposento da Moita pegaram João Freitas, à primeira, Rafael Silva, à segunda, e José Maria Duque, à primeira.

Houve brindes de alguns cavaleiros aos Bombeiros Voluntários de Alcochete, um dos Amadores de Alcochete ao aficionado Presidente da Câmara e outro ao futebolista Gonçalo Guedes, do Benfica, que honrou a tauromaquia com a sua presença na praça. A última pega do Aposento da Moita foi brindada à falange de antigas glórias do Grupo que assistiam ao festival e a anterior foi brindada aos empresários Margarida e António José Cardoso.

Fábio Costa foi um excelente director deste festejo e esteve assessorado pelo médico veterinário José Luís da Cruz. Apesar do frio (não tanto como se pensava), valeu a pena ter ido a Alcochete. Toiros, toureiros e forcados aqueceram o ambiente e proporcionaram a todos uma excelente tarde de toiros (apesar de serem novilhos!). Alcochete tem sempre um sabor diferente.

(Miguel Alvarenga)

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