Almeirim, 10 de Abril, às 17 horas. Corrida à Portuguesa. Cavaleiros: Luís Rouxinol, Pablo Hermozo de Mendoza e António Ribeiro Telles (Filho), Forcados: Amadores de Montemor e do Aposento da Moita do Ribatejo, capitaneados, respectivamente, por António Pena Monteiro e Leonardo Mathias; Ganadaria: Romão Tenório; Director de Corrida: Manuel Gama; Veterinário: Dr. José Luís Cruz; Tempo: Ameno; Lotação: Cheia (à vista).

A Arena d’Almeirim registou uma excelente entrada de público para assistir a uma agradável corrida de toiros, cujo cartel suscitava as melhores expectativas, que, em bom rigor, não saíram defraudadas.

Face à dificuldade em eleger o triunfador desta bela corrida de toiros, ousaremos dizer que quem, verdadeiramente, triunfou foi a própria Tauromaquia, porque, no final, toureiros, forcados, ganadeiro e espectadores estavam justificadamente satisfeitos. E tudo está bem quando acaba bem.

Os toiros de Romão Tenório cumpriram quanto a apresentação, sem serem nenhumas estampas, e satisfizeram quanto ao seu comportamento, pese embora que alguns deles, especialmente os que foram lidados em quarto e em último lugares, tivessem evidenciado uma certa mansidão, porém, são estes toiros que testam a competência de quem tem de os enfrentar, e nesta belíssima tarde taurina almeirinense os toureiros estiveram por cima dos toiros, o que é sempre agradável de constatar. Os toiros não estavam muito pesados – entre os 465 e os 530 kgs. – porém, o peso que mais conta é o da idade, e lidaram-se toiros nascidos em 2016, o que não é coisa pouca, pois nestes casos o sentido que os toiros desenvolvem durante a lide dificulta sempre o labor dos toureiros e dos forcados. Todos os superaram com distinção.

Luís Rouxinol – a comemorar este ano o 35.º aniversário da sua alternativa – apresentou- se como é seu timbre. Toureiro competente e sério, que não deixa os seus créditos por mãos alheias, Rouxinol tudo fez para agradar ao público, que muito o apreciou. É um toureiro maduro, que foi acumulando conhecimentos e foi aperfeiçoando a sua técnica, pelo que quase sempre supera as dificuldades com que possa ver-se confrontado. Aqui, num cartel de muito aperto, Luís Rouxinol esteve uma vez mais num plano muito elevado.

Bregou como mandam as regras, repousadamente foi-se mostrando aos toiros, desenhando vistosamente cada sorte e reunindo em terrenos do maior compromisso para colocar certeira e emotiva ferragem. Primou pelas sortes frontais, citando recto na cara do toiro e rematou cada sorte com adornos de belo efeito estético.

Se o seu primeiro oponente, sem ser uma pera doce, serviu a contento, o segundo saiu a pedir contas e a exigir que o marialva de Pegões abrisse o compêndio, para levar por diante os seus intentos de triunfo, e uma vez mais Luís Rouxinol dominou o hastado e conquistou o conclave que muito efusivamente o aplaudiu.

Pablo Hermozo de Mendoza é a figura maior do rejoneio, dotado de uma intuição assinalável, senhor de uma técnica irrepreensível e está servido por uma “cuadra” de cavalos que apresenta solução para todos os desafios. Se admiramos a técnica e a expressão artística do ginete de Navarra, não poderemos deixar de aplaudir a doma das suas montadas, que exibem uma submissão e uma entrega notáveis. Com um cavaleiro desta categoria e com as montadas que o servem é difícil encontrar toiros que não sirvam aos seus intentos. Em todos os terrenos, a todas as distâncias e com todos os andamentos é evidente o domínio do toureiro sobre qualquer toiro, e bem sabemos como “tourear é dominar”. A elegância e o temple são dois atributos naturais na tauromaquia de Pablo, que não se esgota na colocação, criteriosa e acertada, da ferragem, valorizando sobremaneira a brega com que evidencia o seu mando e a sua arte. Almeirim rendeu-se ao labor desta grande figura do toureio.

O jovem António Ribeiro Telles (Filho) assumiu nesta tarde um tremendo desafio, mas, como se compreenderá, se não se sentisse confortável e convicto das suas capacidades não teria aceitado o prestigiante convite. Em boa verdade o jovem marialva da Torrinha desenvolveu um toureio tecnicamente perfeito, em todos os momentos de cada lide. Após receber correctamente os seus oponentes, colocou certeira a ferragem comprida, rematando adequadamente cada sorte. Com os curtos teve o mérito de eleger os melhores terrenos e, desenhando bem cada sorte, desincumbiu-se galhardamente da ferragem, privilegiando as sortes frontais, concedendo a primazia de investida aos seus oponentes e colocando a ferragem de alto a baixo, como mandam os cânones do toureio equestre. Impressionou pela maneira segura e elegante como se placeou em todos os terrenos, conquistando o respeitável que lhe tributou as mais calorosas ovações da tarde. E convirá dizer, porque não é coisa de somenos, que o lote que lhe coube enfrentar não era nada fácil, mas o jovem marialva apresentou as credenciais e passou com muita distinção nesta prova de fogo.

As pegas estavam confiadas a dois dos mais valorosos Grupos de Forcados – os Amadores de Montemor e o Aposento da Moita do Ribatejo. Ambos se desincumbiram galhardamente deste desafio. Pelos Amadores de Montemor, que consumaram todas as pegas ao primeiro intento, foram solistas Francisco Borges, que esteve perfeito em todos os momentos da sorte e com o Grupo a ajudar de forma coesa e eficaz, o mesmo sucedendo com Vasco Ponce e José Maria Carvalho; Pelos Amadores do Aposento da Moita foram solistas Tiago Valério, que consumou uma boa pega a aguentar uma viagem duríssima, superando todos os derrotes; André Silva, que foi desfeiteado numa duríssima primeira tentativa e que, depois de o toiro lhe passar ao lado, na segunda tentativa, apenas logrou consumar a pega à terceira, numa sorte em curto e com ajudas carregadas; e, finalmente, Diogo Gromicho, que se fechou com muita determinação e consumou a sua sorte ao primeiro intento.

Os peões de brega andaram em bom plano, e a direcção da corrida esteve quase sempre acertada, talvez não houvesse necessidade de recusar a colocação de mais um ferro ao jovem António Ribeiro Telles, que o público pedia com tanta insistência e que seria o corolário da excelente actuação do jovem marialva. Critérios, discutíveis como sempre acontece.

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