A Quinta da Atela, em Alpiarça, recebeu, na noite de ontem, a Gala de Abertura da “Cidade do Vinho 2024”, iniciativa que decorrerá durante todo o ano e promete “valorizar a riqueza histórica e a cultura vitivinícola da Região do Ribatejo”, envolvendo outros três concelhos da região: Santarém, Almeirim e Cartaxo.
O evento procurou destacar “não só a cultura do vinho, mas também a identidade única e a riqueza histórica da Região do Ribatejo”.
O presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Bernardo Gouvêa, afirmou, durante a sessão que a ‘Cidade do Vinho 2024’ “ajuda-nos a celebrar o território”.
“O sector do vinho é importante pelo volume de negócios que propicia e pelos empregos directos que possibilita”, lembrando, ainda, haver 43 municípios em que o sector do vinho representa mais de 10 por cento dos empregos.
“O sector da vinha e do vinho preserva a paisagem, oferece atractividade única ao turismo sempre presente na paisagem e oferta gastronómica”, concluiu.
Já Luis Encarnação, presidente da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), salientou que a Gala de ontem, na Quinta da Atela, em Alpiarça, é o “pontapé de saída para um ano que esperamos ser de grandes realizações”.
“O objectivo de criarmos esta distinção é para que os Municípios que a receberem possam acrescentar valor a este produto tão nosso que é o vinho. O enoturismo traz muita gente ao território que acrescenta valor à nossa economia local”, admitiu o presidente da AMPV.
A ‘Cidade do Vinho 2024’ assenta em quatro concelhos da região. Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Almeirim, serviu-se de um vídeo acabado de passar na sala para sublinhar que o projecto “não é só sobre vinho, é muito mais do que isso”, sublinhou.
“O vinho foi o que nos uniu, enquanto Câmaras, enquanto comunidade intermunicipal temos o hábito de trabalhar em conjunto e juntos conseguimos fazer mais”, admitiu.
Pedro Ribeiro, na sua intervenção referiu o “enorme crescimento” que a Região do Tejo tem tido servida por “excelentes produtores que produzem em quantidade e qualidade”.
“O desafio que deixo é que todos, durante este ano, possamos divulgar os nossos produtos e fazer mais e melhor”, concluiu.
Por sua vez, João Heitor, presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, considerou a ‘Cidade do Vinho 2024’ “uma ferramenta importante para a promoção do nosso território”.
“O vinho está nos momentos mais importantes das nossas vidas e nós, nestes quatro concelhos, temos o privilégio de termos vinhos bons no nosso caminho”, notou.
João Heitor agradeceu aos produtores da região Tejo “pelo caminho que têm feito e pela aposta na qualidade,” referindo-se ao vinho como “produto estrela do nosso território”.
Para o autarca este projecto trata-se de “mais uma ferramenta para a nossa estratégia local e regional. É preciso comunicarmos melhor. Temos mais palcos para divulgar os nossos produtos, não de uma forma isolada, mas em conjunto nos quatro concelhos”, concluiu.
Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Santarém, sublinhou a capacidade dos Municípios em se “agregarem a pensar mais além o seu território”.
“Todos nós temos planos de desenvolvimento a nível do turismo. Vamos ter oportunidade de o demonstrar este ano”, rematou.
Ricardo Gonçalves apoiou-se no passado para sublinhar os sucessos presentes e futuros: “Se há uns anos atrás dissessem que os nossos produtores iriam ganhar tantos prémios internacionais ninguém acreditava”, referindo algumas iniciativas que irão decorrer em breve em Santarém, como o “Tejo a Copo” e a Rota das Adegas, na Festa do Vinho de Alcanhões.
Coube ao município anfitrião encerrar as intervenções. Sónia Sanfona, presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, agradeceu a todas as entidades que ajudaram a concretizar a Gala de Abertura da ‘Cidade do Vinho 2024’, entre outros, à Fundação José Relvas que confeccionou a refeição, à Escola Profissional do Vale do Tejo que a serviu e à Quinta da Atela que a recebeu e deu a provar os seus vinhos, frisando que este projecto uniu os quatro concelhos “à volta da identidade do nosso povo”, visando criar uma “força conjunta para promover os nossos produtos”.
“Este projecto é sobre a identidade de uma região”, lembrou, “reconhecemos todos que somos mais fortes quando nos unimos em torno de um objectivo”.
Sónia Sanfona admitiu ainda que este projecto pode ser “o impulso que é preciso dar” à Agricultura e à Vitivinicultura que fazem parte da nossa raiz e são a principal actividade económica destes quatro concelhos.
“Os municípios assumiram a responsabilidade de estar ao lado dos produtores e ajudar a promover o melhor que aqui se faz”, referiu, lembrando que os Vinhos do Tejo são, pela primeira vez, ‘Cidade do Vinho’ e que a sua afirmação “foi difícil de conseguir”.
“A nossa proposta é continuar a ajudar a promover os Vinhos do Tejo, a sua qualidade e a sua diferenciação. Esta nossa identidade e pertencer a um Mundo Rural de qualidade é um orgulho para todos nós e dessa identidade faz parte o vinho”, concluiu, propondo um brinde a todos os presentes.
A Gala de ontem em Alpiarça marcou o ponto de partida para um programa anual de actividades, desde iniciativas culturais a programas de formação e acções de sensibilização totalmente dedicadas ao universo do vinho.
O objectivo principal é colocar os vinhos da Região Tejo no epicentro das atenções, destacando não só a sua importância no panorama vitivinícola nacional, mas também internacional.
Consolidar o território
A ‘Cidade do Vinho 2024’ pretende consolidar a Região Tejo como um destino de referência para os amantes do vinho e para todos os curiosos ávidos por descobrir a tradição e a riqueza dos aromas dos néctares produzidos no Ribatejo.
A iniciativa pretende impulsionar o desenvolvimento socioeconómico e cultural, alinhado a um plano estratégico que visa potenciar a região e todo o seu património.
A eleição da ‘Cidade do Vinho 2024’ decorreu em Sabrosa, na Assembleia Intermunicipal da AMPV, no dia em que a Associação assinalou o seu 16º Aniversário.
A concorrer a este título estiveram duas candidaturas: a candidatura conjunta apresentada pelos quatro municípios da Lezíria do Tejo (Almeirim, Alpiarça, Cartaxo e Santarém), e “Bucelas, Terra do Arinto”, apresentada pelo município de Loures.
Em Abril do ano passado, o secretário geral da AMPV, José Arruda, afirmou ao ‘Correio do Ribatejo’ que “este projecto da ‘Cidade do Vinho’ tem trazido dinâmicas muito interessantes aos territórios e que não acabam aquando da gala de encerramento”, salientou.
“É muito interessante ver que sinergias e parcerias, eventos, a própria economia e cultura do vinho saem reforçados com este projecto e o espírito agregador em torno do vinho e do enoturismo mantém-se para além da janela temporal em que o município ou conjunto de municípios detêm o título de Cidade do Vinho,” frisou.
Em Novembro do ano passado (dia 4), o Salão Nobre da Casa do Campino, em Santarém, recebeu a apresentação da ‘Cidade do Vinho 2024’, no Festival Nacional de Gastronomia, no dia dedicado à região Tejo na Casa dos Territórios Vinhateiros, tendo Luís Encarnação, presidente da AMPV, salientado, nessa sessão, que o objectivo seria “dar a conhecer o território e promover os vinhos produzidos nessa região”.
Os quatro Municípios da Lezíria pretendem, durante o corrente ano, valorizar a riqueza, a diversidade e as características comuns da cultura da vinha e do vinho, e de todas as suas influências na sociedade, paisagem, economia, gastronomia, património, e outras, de forma a poder proporcionar um melhor conhecimento do território, da história de todos e de cada um dos quatro concelhos. JPN