Foto: Paulo Cunha/EPA

Centenas de alunos de escolas de Fátima, no concelho de Ourém, apelaram hoje à paz na Ucrânia, numa cerimónia em que foi sublinhado que “não há maior violência que negar os sonhos de uma criança”.

Promovida pelo Centro de Estudos de Fátima (CEF), que tem como lema do seu projeto educativo “Sou um cidadão do Mundo”, a iniciativa juntou alunos de outros estabelecimentos de ensino que, com cartazes com frases de apelo à paz, balões brancos nas mãos e algumas bandeiras ucranianas, ouviram de Tetyana Olshevska, da comunidade ucraniana do concelho, o relato de como acordou na quinta-feira.

Com os olhos rasos de água e a voz embargada, Tetyana confessou: “o dia de ontem [quinta-feira] foi muito difícil. Acordei, não com o despertador, mas com um telefonema da minha mãe a gritar: filha, a guerra, a guerra…

Congratulando-se com a iniciativa do CEF, disse ser “muito importante saber que o mundo democrático está do lado da Ucrânia”.

Residente no concelho de Ourém há 20 anos, quando saiu da Ucrânia em busca de melhores condições de vida, Tetyana Olshevska disse aos jornalistas que a comunidade ucraniana – no concelho são cerca de 460 elementos – está já a juntar dinheiro para enviar para a Ucrânia, “para os hospitais, para apoiar os soldados feridos”, ao mesmo tempo que referiu ser aos ucranianos trazerem familiares para Portugal neste momento, pois “não há aviões” e o tráfego automóvel não é fácil naquele país atualmente.

Na ocasião, o diretor do CEF, Manuel Bento, lamentou que se esteja a assistir na Europa a acontecimentos que não se pensava que pudessem acontecer e sublinhou que o evento de hoje foi uma manifestação de solidariedade, em primeiro lugar, para com os alunos ucranianos, pelas suas famílias e pelo povo.

“É uma guerra cínica. Somos solidários com todos os povos que sofrem pela guerra. Nunca seremos solidários com líderes que se alimentam da guerra”, disse Manuel Bento antes de o presidente da Assembleia Municipal de Ourém, o social-democrata João Moura, ter exortado os diplomatas russos espalhados pelo mundo a “abandonarem os seus postos e regressarem ao seu país até ao final do conflito”.

Foto: Paulo Cunha/EPA

“Era o mínimo que podiam fazer”, disse João Moura, enquanto o presidente da Câmara de Ourém, sublinhando o simbolismo de um evento de alunos em Fátima, conhecida como a “Cidade da Paz”, informou que a autarquia vai criar uma linha de apoio para que os membros da comunidade ucraniana possam receber desde apoio psicológico e social, até a alojamento para familiares que venham da Ucrânia fugidos da guerra.

A ocasião foi também aproveitada pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, para desafiar os alunos a serem “construtores da paz, sendo pacíficos e pacificadores”.

A leitura de mensagens em várias línguas, a entrega de cartas escritas pelos alunos dirigidas aos líderes mundiais, e que serão enviadas para as embaixadas da Ucrânia e da Rússia, a execução do Huno da Alegria (Hino da Europa) por alguns alunos à flauta, a interpretação de “We are the World”, o lançamento de pombas brancas e o desfilar de inúmeras bandeiras de países estrangeiros, foram momentos que marcaram o evento desta manhã em Fátima.

No final, e enquanto dispersavam, alguns alunos ainda lembravam o que um colega dissera momentos antes ao microfone no palco instalado no recinto na escola: “ontem e hoje, na Ucrânia, o acordar foi assustador, sem o sol da manhã”.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa “desmilitarizar e desnazificar” o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus “resultados” e “relevância”.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

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