Tempo de aniversário, sobretudo para uma instituição com a provecta idade do Correio do Ribatejo, é tempo de felicitações. É, e não deixará de o ser.

Felicitações para quem insiste em dar vida, todos as semanas, todos os dias, a um projeto editorial que faz parte do ilustre e restrito grupo da imprensa centenária, e que resiste, apesar das imensas dificuldades que afetam toda a imprensa escrita, e mais especialmente a imprensa regional, cuja escala e cujo aceso à publicidade torna tudo mais difícil. Muitos parabéns por isso e muitas felicidades para muitos mais anos.

Mas este tempo de aniversário é um tempo estranho. O Ribatejo, o País, o Mundo, estão confrontados com um cataclismo inesperado. Bruscamente neste final de inverno, uma pandemia assolou-nos, com uma violência que ninguém esperava e entrou no nosso dia a dia da pior maneira e pelas piores razões.

A catástrofe das vidas que se perdem, o desespero e a falta de meios dos heróis que garantem o serviço Nacional de Saúde, o sofrimento dos milhares de infetados, os muitos milhares que se veem privados de trabalhar e vivem na incerteza de quando tudo isto terminará, os que já perderam o emprego e se confrontam com as inevitáveis dificuldades, os pequenos e médios negócios paralisados, as lojas fechadas, a angústia do desamparo, a inevitável recessão, a promessas de uma crise prolongada, uma União Europeia que de união nada tem, um Governo que nos deixa a interrogação de saber até onde podemos contar com ele.

Apesar das dificuldades e das incertezas, e exatamente por causa delas, os tempos têm de ser de união. União de esforços, solidariedade, resistência contra abusos, reivindicação de direitos legítimos. Mas também cuidados. Estamos perante uma tormenta que exige que estejamos juntos na resistência, mas em que, em aparente paradoxo, a defesa de todos e de cada um exige distanciamento social, recolhimento, quando não isolamento, físico, que não moral nem afetivo.

Dizer que vamos vencer esta crise é um lugar comum. É claro que vamos vencer. A Humanidade sobreviverá, a Ciência produzirá a vacina e encontrará os meios terapêuticos para que esta pandemia venha ser uma má recordação do passado, o neoliberalismo que conduziu à degradação dos sistemas públicos de saúde será historicamente condenado. Mas, até lá, quanto sofrimento, quantos mortos, quantas falências? Mas não há alternativa que não seja resistir, ganhar forças para lutar e para vencida a crise, continuar a luta por um mundo mais justo, menos desigual e com mais recursos públicos para enfrentar as calamidades que vierem.

Entretanto, que o Correio da Ribatejo vença connosco as dificuldades e nos acompanhe por muitos e bons anos.

António Filipe, Deputado do PCP eleito por Santarém

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