A XI edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo vai unir as populações ribeirinhas de Portugal e Espanha numa peregrinação fluvial que, a partir de sábado, vai percorrer o rio Tejo durante seis semanas, anunciou hoje a organização.
Ao longo de 21 etapas e mais de 325 quilómetros (km), a imagem da Senhora dos Avieiros e do Tejo vai atracar e saudar a população de 66 localidades ribeirinhas, num percurso que começa no sábado, na aldeia ribeirinha do Rosmaninhal (concelho de Idanha-a-Nova), passa por Alcántara del Tajo e termina em Oeiras.
Assim, a XI edição do Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo/V Cruzeiro Ibérico sai do Rosmaninhal e segue para Espanha (Alcântara), onde será recebida pela comunidade local, descendo a partir daí o rio Tejo, ao longo de 21 etapas e mais de 325 km, com a chegada prevista à marina de Oeiras, em Lisboa, em 29 de junho.
Em comunicado, a Confraria Ibérica do Tejo, entidade organizadora, indica que a peregrinação fluvial de caráter religioso e cultural será constituída por barcos tradicionais dos pescadores avieiros, como as bateiras, e que foram “eternizados por Alves Redol no seu livro, ‘Os Avieiros’”.
“Ao longo de cerca de 325 quilómetros pelo ‘Tejo ibérico’, segue um cortejo de embarcações tradicionais engalanadas, atracando em 66 locais, onde as comunidades ribeirinhas têm preparadas festividades de receção aos participantes, concluindo-se este trajeto fluvial em um mês e meio (17 de maio a 29 de junho)”, indicou a Confraria Ibérica do Tejo.
Os objetivos da peregrinação fluvial, pode ler-se na mesma nota, é “celebrar e lembrar a memória do Tejo quando era um espaço a fervilhar de atividade e a verdadeira autoestrada para o transporte de mercadorias e de pessoas”, dinâmica que, “ao longo do tempo, foi perdendo a sua importância” com “a chegada do comboio, no final do século XIX, e com a chegada da camioneta a Abrantes”, em meados do século XX.
“Ficaram as comunidades piscatórias ao longo de todo o rio e as que ainda hoje mantêm as suas atividades de pesca”, indica a Confraria, tendo indicado que o cruzeiro fluvial com a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo visa “preservar e dar força à identidade ribeirinha”, quer de portugueses, quer de espanhóis “que vivem nas margens e na bacia hidrográfica do Tejo”.
Em virtude das “dificuldades e dos perigos da navegação” fluvial, “todas estas comunidades sempre tiveram um grande fervor religioso”, destaca a organização, tendo indicado que, na sequência de “estudos realizados pelo Instituto Politécnico de Santarém sobre os Avieiros, e em conjunto com a Igreja Católica, nasceu a Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo”, em honra de quem é realizado o Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo.
Assim, a imagem de Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo vai descer todo o rio, durante um mês e meio, sempre ao fim de semana, transportada por uma embarcação tradicional (bateira) e acompanhada por barcos lúdicos e de pesca que se juntam ao cortejo nas várias etapas, numa iniciativa que pretende “projetar os saberes, as tradições e as diferentes culturas e modos de viver o Tejo”.
A chegada dos barcos tradicionais às comunidades ribeirinhas e aldeias avieiras é assinalada com bandas filarmónicas, piqueniques, celebrações religiosas e outras manifestações desportivas e culturais, envolvendo as populações.
A peregrinação fluvial de caráter religioso, em nome da Nossa Senhora dos Avieiros e do Tejo, conta este ano com o apoio de municípios, juntas de freguesia e associações, num total de cerca de 160 entidades.
A primeira etapa, no sábado, vai ligar Rosmaninhal e Alcântara. No domingo, o cruzeiro vai ligar as localidades de Alcântara (Espanha) e Montalvão, no concelho de Nisa, distrito de Portalegre.