António José Esteves Amaral, falecido a 23 de Julho deste ano, tem, desde ontem, uma sala com o seu nome no Centro Cultural Regional de Santarém, depois de mais de 30 anos de dedicação aquela instituição cultural da cidade.
Na cerimónia, que reuniu família e amigos, João Luiz Madeira Lopes, presidente do CCRS, disse tratar-se de uma homenagem de “gratidão” que é devida a quem dedicou uma vida em prol daquele Centro Cultural.
“O António Amaral esteve aqui largos anos sem receber porque havia difusidades financeiras nessa altura aqui no CCRS, por a Câmara não dar os apoios devidos e a Secretaria de Estado da Cultura de então ter cortado os apoios. Apesar disso ele continuou aqui a trabalhar sem receber,” lembrou Madeira Lopes, convidado por António Amaral para integrar a direcção do Centro.
“Poucos saberão que ele tirou o curso de solicitador, mas nunca exerceu, porque o seu interesse estava aqui”, acrescentou o presidente do Centro.
O artista plástico João Maria Ferreira lembrou a importância de António Amaral na sua vida, bem como para todos os artistas que se cruzaram com ele.
“Esta era a altura em que ele estava ali escondido, ele tinha esse dom de se esconder nestes momentos mais solenes. Estava lá antes e estava lá depois, isso resume um pouco aquilo que ele foi para mim enquanto artista”, lembrou João Maria durante a homenagem.
“Muitas vezes eu não sabia como preparar uma exposição, colocar os trabalhos e ele pegava nas obras quase como se fossem filhos e cuidava delas de uma forma que eu nunca vi na minha vida. Para além disso foi um amigo e acho que falo em nome de todos os artistas, a sala hoje está cheia para esta homenagem por causa dele”, concluiu.
“Tó Zé” Amaral, como era carinhosamente tratado, foi fundador do Centro Cultural Regional de Santarém e era um rosto bem conhecido na cidade. Integrou a Direcção nos primeiros mandatos, sendo animador cultural durante dezenas de anos. De apurado sentido artístico, era exímio curador de exposições, elogiado por artistas plásticos de grande valor, nasceu em Santarém a 11 de Maio de 1956.
À margem da homenagem a Tó Zé Amaral, foi anunciado pela direcção do CCRS a realização de um concerto, a 27 de Janeiro próximo, com a Orquestra Académica da Universidade de Lisboa, no grande auditório do Centro Nacional de Exposições, cuja receita reverterá para obras consideradas urgentes na instituição, nomeadamente a reparação do telhado que hoje apresenta infiltrações.