O aumento do número de casos no concelho de Santarém pode colocar em causa a realização das duas corridas de touros agendadas para o dia 10 e 12 de Junho, na Praça Celestino Graça, na cidade de Santarém.

O concelho de Santarém contabiliza à data de ontem, 62 casos activos de covid-19 e uma taxa de incidência a 14 dias de 111 casos por 100 mil habitantes, estando perto do nível que pode levar a um recuo nas medidas de desconfinamento.

Estes números levam a autoridade de saúde local a pretender limitar os lugares na realização das duas corridas de touros, solução que a organização não concorda dando como exemplo as corridas já realizadas nas Praças de Toiros da Chamusca e de Salvaterra de Magos.

Segundo um comunicado divulgado pela Associação Praça Maior, que gere o recinto, a delegada de Saúde Local, Helena Ponte e Sousa, “pretender limitar a lotação da Praça de Santarém a 3500 lugares, quando esta sabe que já temos uma corrida esgotada (5.846 espectadores) e outra muito perto de o estar”.

Ainda segundo a mesma nota, a coordenadora da Saúde Pública no território da Lezíria entende que a “Praça de Toiros Celestino Graça não é uma sala de espectáculos, classificação que a IGAC lhe atribui, mas sim um Recinto em Espaço Aberto”.

“Estranhamente, esta mesma senhora, coordenadora da Saúde Pública no território da Lezíria, entendeu no ano passado (Setembro de 2020) que a Celestino Graça era uma sala de espectáculos”, assinala o mesmo comunicado.

No caso de ser classificado de recinto aberto, a norma da arrumação da lotação deixaria de se aplicar passando a ser determinado o distanciamento de 1,5 metros entre espectadores.

A Associação Praça Maior apresentou toda a legislação às autoridades de saúde pública, onde está incluído o plano de Contingência da Sala, que assegura que “fez em devido tempo, apresentando o mais completo de todos os Planos de Contingência das Praças de Toiros Portuguesa”.

“Ora, uma vez que, após incorrecta classificação como Recinto em Espaço Aberto da Praça de Toiros Celestino Graça, pela Senhora Delegada de Saúde, foi clarificado por escrito, e pelo próprio Inspector Geral das Actividades Culturais, que a Praça de Toiros Celestino Graça é, efectivamente, uma Sala de Espectáculos, devidamente licenciada pela IGAC, devendo o Plano de Contingência desta Praça de Toiros, como de todas as outras aliás, obedecer à já referida Orientação da DGS nº 028/2020, e também à Orientação Conjunta da DGS e IGAC com as medidas especificas para os espectáculos tauromáquicos”, menciona a nota da associação.

Apesar de toda a informação prestada, a Praça Maior acusa a delegada de saúde de “atropelar todas as Normativas em vigor e criar um enquadramento único e exclusivo para a Praça de Toiros Celestino Graça”.

A responsável invocou duas razões para justificar a decisão. A primeira que “os aficionados se ‘portaram mal’ na Corrida de Toiros que se realizou em Setembro de 2020” e a segunda é a “situação epidemiológica” do concelho de Santarém.

A Associação recorda que em 2020, a corrida esgotou a “lotação permitida de 50% e onde foi rigorosamente implementado todo o Plano de Contingência da Praça actualizado à data e aprovado pela DGS”. Já em relação à situação epidemiológica, a Praça Maior destaca as diferenças de 2020 para esta data, dando como exemplo o número de vacinas já administradas, o número reduzido de mortes e o conjunto de medidas de desconfinamento decretadas recentemente pelo Governo.

“Esta posição é vergonhosa, e não podemos deixar de a considerar um inacreditável abuso de poder e um ataque discriminatório à Praça de Toiros Celestino Graça e à própria Tauromaquia. Sabemos que num tempo em que muitos gostavam de ver a Tauromaquia como um espectáculo a definhar seja duro verificarem que somos um espectáculo vivo, que em menos de 20 dias de vendas esgotou a maior Praça do país e se encaminha para esgotar pela segunda vez”, lê-se na mesma nota.

“Mas não aceitamos ser discriminados ao arrepio de todas as normas em vigor para a tauromaquia e que, escrupulosamente, cumprimos! Portugal é um Estado de Direito no qual não podem existir “Xerifes” que impõem a sua vontade pessoal no seu território”, adianta.

A Praça Maior encetou esforços e apelou às entidades Governamentais um esclarecimento sobre se “proíbem a Praça de Toiros Celestino Graça de ter as regras de todas as demais salas de espectáculos do país e que, se assim o fizerem, se justifiquem perante os milhares de aficionados que já adquiriram os seus bilhetes para as corridas dos dias 10 e 12 de Junho”.

“Carecerão dessa justificação também todas as empresas envolvidas, todos os artistas e todos os prestadores de serviços, e ainda todos os agentes da economia local, em especial da hotelaria e restauração, que ao dia de hoje já muito investiram na preparação da recepção da enorme quantidade de reservas que já têm para estes dias, encontrando-se muitos deles já esgotados”, lembra.

A Praça Maior apela ainda à ‘afición’ para que se manifeste a sua indignação e questione as autoridades locais e centrais sobre a situação de Santarém.

A organização garante que tem tudo pronto para abrir a Praça Celestino Graça e que o fará com a lotação de 50% permitida pelas normas em vigor para todas as demais salas de espectáculos.

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