O presidente da Câmara de Abrantes manifestou “enorme preocupação” pela ausência de decisão quanto ao futuro da Central Termoeléctrica do Pego, lembrando que estão em causa postos de trabalho, com despedimentos colectivos já em curso.

Manuel Jorge Valamatos (PS) disse à Lusa lamentar que, a escassos meses do fim da operação com carvão na central da Tejo Energia, marcado para 30 de Novembro, não seja conhecido qual o seu destino, apesar das garantias dadas, em reuniões tanto com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, como com o secretário de Estado da Energia, João Galamba, de que “a esta altura já teria sido feita a apresentação de um grande projeto para o Pego”.

Segundo o autarca, não só não foi apresentada qualquer iniciativa, como foram feitas declarações contraditórias, com o Governo a pedir à Tejo Energia para apresentar um projeto até ao fim de Julho e a afirmar, simultaneamente, que irá abrir um concurso público.

“Isto é paradoxal, antagónico. Estou a perceber que pessoas das empresas que ali trabalham e da própria PEGOP (responsável pela operação e manutenção do Centro de Produção de Electricidade do Pego) [estão] a ficar muito nervosos e com grande inquietação”, declarou.

Segundo o autarca, em causa estão 70 a 80 postos de trabalho das quatro empresas prestadoras de serviços e outros tantos da PEGOP, com o encerramento a ter impacto em numerosas famílias e na economia não só de Abrantes, mas de toda a região.

Manuel Valamatos afirmou que, desde que assumiu a presidência da Câmara de Abrantes (na sequência da nomeação da sua antecessora, Maria do Céu Antunes, para ministra da Agricultura), tem acompanhado o assunto da Central do Pego, instalada no concelho há três décadas, “sempre com a esperança de que houvesse um entendimento que passasse pelos accionistas, que as coisas corressem bem”.

“Mas não”, disse, pedindo ao Governo para que haja uma decisão célere e que esta “seja a favor do desenvolvimento da região”.

Salientando que “há anos que se sabe que a produção a carvão vai terminar”, o autarca afirmou que o projecto de reconversão apresentado pela Tejo Energia, no sentido de, numa primeira fase, apostar no aproveitamento do “enorme potencial dos resíduos da biomassa florestal na região”, criaria “externalidades positivas” ao criar “emprego e valor” em toda a fileira e ainda reduzir o risco de incêndios florestais.

Manuel Valamatos alertou para os “impactos muito negativos” se existir um hiato entre o fecho da central e o início de um novo projecto, frisando que várias empresas prestadoras de serviços na Central do Pego, com as quais se reuniu na passada semana, iniciaram “processos de despedimento colectivo muito preocupantes”.

O autarca referiu a “importância extrema” da central para a região, pelo que “representa em termos económicos e sociais para o Médio Tejo e, inclusive, para o país, no fomento e geração de riqueza, no desenvolvimento” do território e “na manutenção e criação de postos de trabalho, que não pode ser ignorada”. 

A questão vai ser discutida na quinta-feira pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), estando a ser preparada uma sensibilização junto dos deputados eleitos pelo distrito, grupos parlamentares, comissão parlamentar do ambiente e associações empresariais.

A Trustenergy, principal accionista da Tejo Energia, anunciou, em Maio, ter um projeto para concretizar de forma faseada, num investimento de 900 milhões de euros, que apostaria inicialmente nos resíduos florestais locais e, em fases posteriores, noutras fontes de energia, como o hidrogénio, a solar e a eólica.

Um memorando da CIMT sobre o processo afirma que o projeto permitiria assegurar o funcionamento da central sem “alterações significativas durante o processo de reconversão, utilizando-se todo os componentes essenciais, como a caldeira, turbinas e geradores, evitando os efeitos negativos e as nefastas consequências que a desactivação e de comissionamento desta instalação industrial […] acarretaria para o território onde se insere e para o país”.

O documento salienta que o projecto de reconversão da Central Termoeléctrica do Pego para utilização de biomassa como combustível “dispõe já de licença ambiental emitida pela APA” (Agência Portuguesa do Ambiente) e que já foi submetido à Direção-Geral de Energia e Geologia o pedido de alteração de combustível de carvão para biomassa.

A Endesa, a segunda maior accionista da central do Pego, quer, contudo, que o Governo lance novo concurso e propõe um projecto de 600 milhões de euros, que inclui a construção de uma central solar fotovoltaica, o desenvolvimento de capacidade de armazenamento com baterias e a instalação de um electrolisador com capacidade de produção de hidrogénio verde.

No início de Junho, o ministro do Ambiente e da Ação Climática disse à Lusa que, perante o desacordo entre os principais accionistas da Tejo Energia, foi perdido o direito ao ponto de injecção à rede eléctrica, o qual será atribuído por concurso público.

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