A Câmara de Santarém decidiu aplicar uma multa contratual, no valor de 115.227 euros, à empresa In Situ, à foi adjudicada a empreitada de conservação e beneficiação exterior da Igreja de São João de Alporão, por incumprimento do prazo de execução dos trabalhos.
Segundo o contrato, a obra devia ter ficado concluída em 29 de Novembro de 2021, mas ainda se encontra em curso. A empreitada foi consignada no dia 25 de Fevereiro de 2021 e tinha um prazo de execução previsto de 270 dias (9 meses). Contudo, a intervenção só se iniciou no dia 14 de Maio de 2021, após os trabalhos de montagem dos andaimes e do estaleiro junto ao monumento nacional, situado no centro histórico da cidade.
O montante da penalização foi aprovada pelo executivo camarário na reunião de segunda-feira, sendo esta uma decisão final, uma vez que o recurso apresentado pela empresa não justifica os atrasos, segundo a autarquia.
Recorde-se que a Igreja de São João do Alporão está encerrada por razões de segurança, devido a problemas na estrutura. A obra está orçada em cerca de 900 mil euros. Foi adjudicada à empresa In Situ, Conservação de Bens Culturais, Unipessoal, Lda e visa a conservação e beneficiação exterior do edifício e vai incidir, na primeira fase, no tratamento dos paramentos exteriores e cobertura.
O edifício, considerado o primeiro testemunho do gótico em Santarém e fechado desde 9 de Março de 2012, foi construído com pedra da região, calcária, muito favorável a fenómenos de descaimento, como os que se têm vindo a verificar desde há alguns anos.
Um estudo solicitado em 2004 ao Departamento de Engenharia, Minas e Georecursos do Instituto Superior Técnico revelou que a estrutura estava também a ser afectada por infiltrações a partir das fundações, pela constituição geológica da pedra usada na construção (bastante permeável e facilmente perecível perante a penetração de sais, que cristalizam) e pelos métodos construtivos e correctivos posteriores (como a utilização de argamassas, nomeadamente de cimento).
O edifício, embora de propriedade municipal, foi classificado como monumento nacional em 1910. De acordo com a descrição existente no portal do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, “a igreja de São João de Alporão constitui um caso único na arquitectura medieval portuguesa”, sendo um “produto híbrido estilisticamente”, no qual “coexistem soluções filiadas em esquemas românicos e outras já nitidamente góticas, característica que confere a este templo um estatuto ímpar no panorama Arquitectónico de Santarém e até do país”.
A sua fundação deve-se à Ordem de São João do Hospital, cuja fixação na cidade se situa entre 1159 e 1185, acrescenta. Extintas as ordens religiosas, a igreja serviu de teatro até 1887, quando a Comissão Administrativa do Museu Distrital de Santarém iniciou obras de restauro com vista à sua adaptação a museu. Nessa altura, o edifício já não contava com a “pesada torre circular”, demolida em 1785 para permitir a passagem do coche real de D. Maria I.
Preservado ainda na memória da cidade como “Museu dos Cacos”, S. João de Alporão foi igualmente desprovido dos dois elefantes que guardavam a entrada, retirados para a reserva da autarquia dada a degradação de que vinham sendo alvo.
Intervenções e Restauros
Primeiro restauro do edifício entre 1877-1882, realizado pela Junta Geral do Distrito. Em 1932-36, foi levada a cabo uma segunda campanha de restauro, pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Ao longo dos anos 70/80 a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) efectuou pequenos restauros no edifício. E, em 1889 a Igreja de São João de Alporão abriu ao público como museu, após uma das primeiras obras de conservação e restauro realizadas em Portugal.
Em 1992 foi remodelado o espaço museológico e executaram-se, consequentemente, obras de restauro, pela Divisão dos Núcleos Históricos.
A desde 9 de Março de 2012, a autarquia tomou a decisão de encerrar preventivamente o espaço ao público por uma questão de segurança dos funcionários e dos visitantes depois de ter caído um pedaço da cabeceira da igreja.

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