Foto: Câmara Municipal de Coruche

Com mais de quatro décadas de história e leitura partilhada, a Feira do Livro de Coruche regressa de um a nove de Novembro ao Pavilhão Multiusos, celebrando a palavra como casa comum da imaginação, da memória e do futuro. Num programa que une gerações e geografias, a 41.ª edição abre-se à Europa com a exposição multilingue “Histórias da Europa”, da Comissão Europeia, e evoca o espírito de Abril com a mostra “Salgueiro Maia e o Comboio sem Reservas”, do professor José Quaresma.

Percorre também o país das palavras com autores como Isidro Azevedo, Maria do Rosário Freitas, Manuel Clemente, Ricardo Botas, Paula Godinho, Luís Farinha e José Manuel de Oliveira. Entre a poesia e a música, o teatro e a infância, o tributo ao centenário de Carlos Paredes — com Luísa Amaro, Jorge Baptista da Silva e Nuno Dias — dá o tom a um encontro plural e inspirador, onde se cruzam estátuas vivas, contos e canções, não esquecendo o espetáculo poéticomusical “Metafisicamente d’Outro Mundo – O Poeta da Cidade”.

Das histórias de Sofia Vieira da livraria Aqui Há Gato às aventuras ilustradas de Nuno Caravela, passando pela fantasia de Maria Cachucha ou pelo teatro musical “D’Artagnan e as Três Mosqueteiras” pela Companhia Rituais dellArte, Coruche promove uma festa de livros para todas as idades, onde até os selos contam histórias literárias.

A Feira abre portas a um de Novembro com a subtileza da estátua viva Duende, da Quideia Animações, símbolo poético de um evento que faz da imaginação matéria visível. Logo pela manhã, às 10h30, o programa inaugural segue com a abertura da exposição e a apresentação do livro “Salgueiro Maia e o Comboio sem Reservas: Coruche / São Torcato, Santarém, Castelo de Vide”, do professor José Quaresma —
um projeto que resgata percursos do capitão de Abril através das viagens de um comboio da liberdade e da sua ligação ao território ribatejano, devolvendo à história local o seu papel na conquista de Abril.

O Pavilhão Multiusos torna-se, assim, espaço de encontro entre livros e leitores, onde o diálogo, a descoberta e a partilha se estendem para lá do sonho e da idade. Na noite de abertura, às 21 horas, a literatura e a música cruzam-se no espetáculo “Tributo Centenário Carlos Paredes”, com Luísa Amaro, Jorge Baptista da Silva e Nuno Dias — um concerto de celebração e comunhão que homenageia a herança do mestre da guitarra portuguesa e anuncia o tom da Feira, feita de sons, vozes e histórias que atravessam gerações.

Foto: Câmara Municipal de Coruche

Europa, línguas e diversidade

Entre os destaques da programação, a Feira do Livro de Coruche acolhe este ano a exposição itinerante “Histórias da Europa”, uma mostra multilingue, promovida pela Direção-Geral da Tradução da Comissão Europeia, que convida o público a descobrir como as línguas constroem pontes, identidades e visões de futuro.

Concebida como viagem literária e visual através do continente, a exposição revela autores, obras e ideias que moldaram a Europa moderna, desafiando leitores de todas as idades a reconhecer a força da tradução como forma de encontro. Em diálogo com o Dia Europeu das Línguas, celebrado em setembro, a mostra reforça o caráter aberto e plural da Feira do Livro, sublinhando Coruche como território de cultura partilhada e diálogo entre povos, vozes e culturas.

À dimensão europeia soma-se o olhar sobre a memória nacional e os valores de Abril com a exposição e o livro “Salgueiro Maia e o Comboio sem Reservas: Coruche / São Torcato, Santarém, Castelo de Vide”, do professor José Quaresma, novamente apresentado na sexta-feira, sete de Novembro, às 14h30, desta feita para a comunidade educativa.

Conversas e autores que atravessam o país das palavras

Da poesia à memória, da ficção à reflexão sobre o presente, a 41.ª Feira do Livro de Coruche é palco de encontros entre leitores e autores que dão rosto e voz à literatura contemporânea. Na tarde de sábado, um de Novembro, o coruchense Isidro Azevedo partilha, às 15 horas, os seus “Poemas do Avô Isidro”, versos que nascem da ternura e da experiência, entre a lembrança familiar e a sabedoria dos dias. Logo depois, às
16 horas, a também autora coruchense Maria do Rosário Freitas apresenta “Voos Poéticos”, um livro em que a palavra se faz viagem interior e celebração do sonho.

No domingo, dois de Novembro, às 15 horas, a poesia regressa à Feira com uma sessão da tertúlia “um poema na vila”, dedicada a Carlos Paredes e com participação especial de Luísa Amaro, num tributo lírico que antecipa o concerto do centenário. Mais tarde, às 17 horas, a Feira recebe o jornalista e escritor Manuel Clemente, autor de obras de inspiração motivacional e crescimento pessoal, num momento de conversa aberta sobre caminhos e escolhas.

Na terça-feira, quatro de Novembro, ao final da tarde (18h30), o gestor e comunicador Ricardo Botas apresenta “Português de Exportação”, uma leitura inspiradora sobre o talento e a identidade nacional. Na quinta-feira, seis de Novembro, às 18h30, o historiador e escritor Luís Farinha regressa a Coruche com “Anos de Brasa – Contos e Outros Escritos”, explorando a memória coletiva e o pulsar político de uma geração.

Já na sexta-feira, sete de Novembro, o professor e autor José Manuel de Oliveira, em parceria com os CTT, apresenta, em duas sessões consecutivas (às 16 horas e às 17h30), o livro de filatelia “Lugares da Vida e da Ficção em Camilo Castelo Branco” — uma edição que cruza literatura, história e património, provando que até os selos guardam histórias por contar. Ainda a 7 de novembro, às 21 horas, o músico e compositor Joaquim Nunes Crespo apresenta o espetáculo de lançamento do seu novo trabalho, “77 de 2025”.

No sábado, oito de Novembro, pelas 16 horas, a investigadora Paula Godinho partilha “Memórias da Resistência Rural no Sul: Couço (1958-1962)”, obra incontornável sobre o espírito de resistência e solidariedade da comunidade do Couço durante o Estado Novo. À noite, às 21 horas, o palco da Feira faz-se de poesia e música com o espetáculo poético-musical “Metafisicamente d’Outro Mundo – O Poeta da Cidade”,
uma viagem sensorial e metafísica pela palavra dita e cantada que homenageia o “poeta da cidade”, tornando Coruche espaço de criação, experimentação e encontro entre linguagens artísticas.

Infância, teatro e imaginação

A Feira do Livro de Coruche volta também a ser território de descoberta para os mais novos, abrindo espaço à fantasia, à música e à alegria de aprender com histórias. Com um programa especialmente dirigido à comunidade educativa, o certame envolve escolas, professores e famílias num percurso contínuo de leitura e criatividade que convida a descobrir novas formas de aprender com a imaginação.

Logo no primeiro dia, a um de Novembro, a manhã é inaugurada pela contadora Susana João com a sessão “Histórias que Saltam dos Livros”, um convite à leitura partilhada que abre o caminho da imaginação. Na manhã de domingo, dois de Novembro, a contadora Sofia Vieira, da livraria Aqui Há Gato, regressa a Coruche com uma sessão especial da Hora do Conto, levando crianças e famílias a viajar pelas narrativas que fazem nascer leitores.

Na segunda-feira, dia três, ao longo da manhã, o escritor e ilustrador Nuno Caravela, criador do universo “O Bando das Cavernas”, promete entusiasmo e gargalhadas entre alunos do segundo ciclo, num encontro em que a leitura se transforma em aventura coletiva. Nos dias seguintes, o programa infantil prossegue com “Um Vale Encantado de Histórias”, por Sónia Dias (quatro de Novembro), e com “Histórias que
Saltam dos Livros”, por Andreia Gomes (seis de Novembro), em sessões dirigidas ao pré-escolar e ao primeiro ciclo.

A imaginação levanta novos voos na manhã de sábado, oito de Novembro, com Maria Cachucha, que apresenta a história cantada “Corre, Corre Cabacinha”, seguida de um atelier de culinária para crianças, num momento em que o conto sai do livro e passa à prática, de mãos na massa. A arte teatral chega em força no domingo, nove de Novembro, às 17 horas, com o espetáculo musical infantil “D’Artagnan e as Três Mosqueteiras”, pela Companhia Rituais dell Arte, numa celebração de coragem e amizade que encerra a Feira em tom de festa. Entre histórias em caixas de sapatos, monstros das emoções e vales encantados de palavras, a literatura encontra o seu público mais vibrante— aquele que lê com espanto nos olhos.

De um a nove de Novembro, o Pavilhão Multiusos de Coruche torna-se novamente a grande casa dos livros, dos autores e dos leitores. Com entrada livre, a 41.ª Feira do Livro de Coruche oferece dias de descoberta, partilha e diálogo entre gerações para uma celebração da leitura e da criação. Porque Coruche é território de cultura viva; um lugar onde os livros nos recordam quem somos e nos desafiam a imaginar o que podemos ser.

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