A equipa sénior de futebol da União Desportiva de Santarém, que se sagrou campeã nacional da 3.ª divisão na época 1984/1985 assinalou o 40.º aniversário do feito com um almoço de confraternização, no passado domingo, dia 26 de Outubro, pelas 12 horas, no restaurante Adiafa, no Campo Infante da Câmara, em Santarém. 

Foi um início de tarde de reencontros que começou com uma foto de família, prosseguiu com o almoço e bolo de aniversário, continuou com uma visita à sede dos ex-UDS no campo Infante da Câmara e terminou com uma ida ao Chã das Padeiras, o União recebeu o Mafra em jogo da Liga 3.

No decorrer do almoço, marcou presença Pedro Patrício que ofereceu ao grupo uma camisola actual da UDS com “Campeões 1984/85” impresso nas costas.

Ao Correio do Ribatejo, o dirigente assegurou que “há vitórias que o tempo não apaga. Esta equipa de 1984/85 mostrou o que é acreditar, lutar e vencer com o coração. São eles que nos lembram porque este clube é tão especial. E são eles que ainda inspiram os nossos jogadores tanto da formação como equipa sénior. É uma honra para mim, enquanto Presidente da União Santarém celebrar um dos capítulos mais bonitos da sua história — os 40 anos da conquista do campeonato de 1984/85, com os próprios jogadores. Desejo a todos muita saúde, para continuarmos a festejar juntos, os sucessos da UDS”.

Nessa época de 1984/85 o presidente do clube era António Madeira Branco que sublinhou “o privilégio em presidir à União de Santarém”. 

“Estar aqui hoje é uma grande felicidade”, admitiu, evocando todos os “convocados” para esta homenagem. Uma equipa “muito bem organizada, com os pés bem assentes no que queríamos e o resultado está à vista: fomos campeões nacionais”, afirmou.

Madeira Branco recordou que a preocupação da altura foi escolher o treinador e os jogadores certos para integrar o projecto.

“Escolhemos o Zé Carlos para treinador, um homem espectacular, responsável. Quanto aos jogadores, tivemos a preocupação de ir busca-los a localidades próximas como Almeirim e Cartaxo. Constituímos ainda uma equipa médica liderada por Luis Sousa e Silva. Em Santarém havia qualidade, a nível directivo e desportivo”, garante. 

Madeira Branco salientou ainda a importância de convidar o então presidente do Município, Ladislau Telles Botas, para presidente da assembleia geral do clube e elogiou a sua capacidade de estimular o grupo de trabalho no sentido do sucesso que nessa época se estendeu a todos os escalões. Referiu ainda a importância do autarca na recuperação do ‘velho’ campo Chã das Padeiras.

“Para mim não foi só o ganhar foi o espírito de equipa que 40 anos depois ainda conseguimos manter. Temos o prazer de ter aqui connosco outros elementos da direcção como o Alberto Mineiro, Ludgero Mendes e João Costa e quero recordar o engenheiro Ilídio Monteiro que também assumiu a presidência do clube, homens que ficarão para sempre ligados ao sucesso deste grupo”, finalizou António Madeira Branco.

Rogério, Cruz e Tó Zé: exemplos de campeões

Foram muitas as histórias que se recordaram no decorrer do almoço, marcado pela amizade que ainda une todo o grupo.

À margem do almoço, To Zé, recordou os dois golos no jogo da final frente ao Académico de Viseu, em Coimbra, que deu o título à União: “A sensação foi boa e ainda hoje recordo esses dois golos estão guardados no coração. Nós não fomos campeões nacionais por acaso, fomos porque tínhamos a melhor equipa, eramos uma família e em toda a minha carreira não encontrei outra tão unida como a daquele ano”, salientou.

Naquela altura marcar dois golos era um hábito, face ao que a equipa produzia todos os domingos: “estávamos habituados a isso e nunca desistíamos. O jogo tinha 90 minutos e enquanto o árbitro não apitasse era para ganhar e foi nessa linha que conseguimos fazer os dois golos”, garantiu. 

Há 40 anos os métodos de treino eram bem diferentes dos de hoje: “Treinávamos a sério, sem ginásios, tudo no terreno, chegávamos a treinar no Tejo e isso tinha a ver com o treinador que era dos melhores que havia nas divisões secundários. O mister Zé Carlos trouxe novidades ao treino que rapidamente assimilámos”, explicou.

Também Cruz reconheceu ter sido uma época difícil e a conquista do título só se deu devido à “muita entrega e dedicação dos jogadores e não só, ter uma direcção à altura e um posto médico capaz foram condições que conseguimos reunir esse ano”, conta.

“Dentro do balneário e dentro do campo as brincadeiras eram mutas fruto de um espírito de equipa. Conheci um balneário profissional em que se acaba um treino e cada um ia para sua casa, nada tinha a ver com aquilo que foi criado aqui em Santarém. O nosso ginásio era subir e descer as bancadas do campo”, refere o avançado campeão que recordou ainda a final frente ao Académico de Viseu: “as coisas não começaram muto bem para nós. Tínhamos uma equipa fantástica, começamos a perder e quando estávamos a ver tudo a ir por água abaixo fomos buscar forças não se sabe onde. Eles [Académico de Viseu] eram uma equipa profissional e nós treinávamos à noite”, remata.

Por sua vez, Rogério Vasconcelos, que hoje empresta o nome à sede dos ex-UDS no antigo campo da Feira, confirma que o espírito da equipa “era muito bom”. 

“Fizemos um campeonato excepcional. Eramos uma equipa muito unida, dávamo-nos todos muito bem. O futebol era diferente, jogávamos em pelado, treinávamos das sete às nove da noite. Dávamos voltas à cidade a correr, na pré-época a nossa preparação passava por subir e descer as bancadas e as barreiras do Chã das Padeiras”, lembra. 

Após falhar o objectivo de subir de divisão na época anterior (1983/1984), em 1984/1985 o clube constituiu um plantel com jogadores oriundos da cidade de Santarém, reforçando-se também com os melhores jogadores da zona, como é o caso de Brito e Elias (Cartaxo), Tozé, Vital e Costa (Almeirim), Cruz (Leiria), Tony, Alfredo e Teixeirinha (Lisboa).

Sob o comando do treinador José Carlos Gonçalves, também contratado naquela época, a União de Santarém perdeu apenas dois jogos, frente ao Nazarenos e ao Silves, durante uma campanha “espectacular”, nas palavras de António Madeira, que culminou com a coroação do clube como Campeão Nacional da 3.ª divisão, após a final disputada em Coimbra, ganha ao Académico de Viseu. JPN

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