a passada sexta-feira, dia 5 de Setembro, a Praça do Campo Pequeno abriu pela última vez na presente temporada taurina as suas portas, para acolher uma corrida mista, que esgotou a lotação do tauródromo lisboeta, à custa, claro está do matador peruano Roca Rey. Para além do consagrado diestro estiveram em praça o cavaleiro Francisco Palha, o rejoneador Guillermo Hermoso de Mendoza e os Grupos de Forcados Amadores de Alcochete e do Aposento da Moita. Lidaram-se toiros de António Raul Brito Paes, a cavalo, e de Hermanos García Jiménez e de Garcigrande, a pé.
O matador peruano é um fenómeno ao nível da capacidade de atracção de público, esgotando a maioria das praças onde actua, mas corresponde magistralmente dentro da arena, bordando o toureio com arte, elegância, domínio, valor, inspiração e sentimento.
A cidade de Lisboa vivia nesse dia uma situação anormal, que foi o luto municipal em memória das vítimas do trágico acidente no ascensor da Glória, o que, segundo alguns analistas políticos, poderá pôr em causa a reeleição do autarca Carlos Moedas na presidência do Município da capital. Pertinente preocupação, posto que se a Câmara de Lisboa for conquistada pela candidata do Partido Socialista, que lidera uma coligação de partidos da esquerda anti-taurina, o futuro da tauromaquia poderá estar em causa em Lisboa. Esperemos que tal não aconteça!
Francisco Palha esteve fantástico, ao melhor nível do que tem feito na presente temporada. Seguro em ambas as lides, com um toureio muito frontal e com ferros de levantar praça, como de resto aconteceu. Sempre que pôde deu vantagens aos toiros. É assim que tudo vale a pena…
Guillermo Hermoso de Mendoza teve por diante os dois toiros mais pesados da noite. Andou bem, variado e entregue, sobretudo nas bandarilhas, quando montou o Berlín, com ele levando a efeito as vistosas hermosinas, e frente ao segundo do seu lote optou por uma lide onde as batidas ao piton contrário foram o fio condutor. A segunda bandarilha foi de grande nível. Terminou com algum desacerto na tentativa de deixar um par de palmitos a duas mãos.
Roca Rey disse logo ao que vinha na faena do seu primeiro oponente, abrindo o cardápio para melhor evidenciar os seus bastos recursos, e no último da corrida sacou o que havia para sacar e tornou fácil o que de fácil não teve nada. Passes pela direita, pela esquerda, toureio em redondo, passes de peito… Enfim, um tratado numa noite de Glória.
As pegas estiveram a cargo dos Grupos de Forcados Amadores de Alcochete e do Aposento da Moita, sendo que foram consumadas, todas ao primeiro intento, numa noite importante destas duas formações. Pelos Amadores de Alcochete foram na linha da frente os forcados Vítor Marques e Miguel Direito, e vestindo a jaqueta do Aposento da Moita pegaram de caras os forcados André Silva e Luís Canto Moniz.
Os toiros de António Raul Brito Paes tiveram em alguns casos quilos a mais, mas na generalidade serviram.
Foi cumprido um minuto de silêncio em memória dos forcados Manuel Trindade, Joaquim Maria Mendes e Carlos Galamba, e do saudoso Manuel dos Santos. Ao intervalo foram prestadas homenagens a Manuel dos Santos, Andrés Roca Rey e ao Grupo de Forcados do Aposento da Moita. A corrida foi dirigida de forma diligente pelo Delegado Técnico Tauromáquico Ricardo Dias, assessorado pelo Médico Veterinário, Dr. Jorge Moreira da Silva.
MA