A União de Freguesias da Cidade de Santarém, com o apoio do município, organiza a terceira edição do Tejo Convida: um fim-de-semana gastronómico dedicado ao peixe do rio, que se realiza na aldeia ribeirinha de Caneiras, de 23 a 25 de Maio, e que convida a população a viver o Tejo, a sua história e tradição avieira, a gastronomia e as suas gentes.
O fim-de-semana gastronómico abre as suas portas esta sexta-feira, dia 23, pelas 19h00, com o início do serviço de jantares e bar, seguido de baile, às 22h00, com os ‘Ganda Banda’. Sábado, dia 24, a partir das 12h30 dá-se início ao serviço de almoços e a partir aos 19h00 aos jantares. A noite de sábado é animada pela banda Bico D’Obra (22h00). No domingo, dia 25 de Maio, só haverá serviço de almoços, a partir das 12h30. As entradas são livres.
Dar a conhecer a vida no Tejo
Esta será a terceira edição do ‘Tejo Convida’, evento gastronómico que procura também alertar para os problemas do rio.
Depois do sucesso das edições anteriores, a iniciativa repete-se este fim-de-semana nas Caneiras para divulgar os costumes e a gastronomia ligada ao rio.
Os visitantes podem provar o peixe do rio Tejo num restaurante a funcionar aos almoços e jantares, zona de petiscos, ao mesmo tempo que assistem a espectáculos de música popular portuguesa.
No ano passado cerca de duas mil pessoas marcaram presença no evento.
Este evento gastronómico tem servido também como alerta para os predadores do Tejo.
Depois da requalificação daquela zona ribeirinha das Caneiras, essencial para que a população se sinta bem junto ao rio, a organização procura fazer a ligação entre a cidade e o Tejo criando condições para que as pessoas possam desfrutar do espaço.
‘Tejo Com Vida’ é um evento que na componente gastronómica terá todos os tipos de peixes do rio, dando destaque à fataça e enguia, e os interessados vão poder ainda provar a sopa de peixe feita pelos pescadores locais.
Preocupação ambiental
Nas últimas edições deste certame tem havido a preocupação ambiental de dar a conhecer as espécies invasoras, nomeadamente de um “gigante predador nas águas do Tejo” através da apresentação do projecto ‘Megapredator’, por técnicos do Instituto Politécnico de Santarém e da Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Trata-se do estudo do impacto da espécie Silurus glanis nos rios europeus, em especial no Rio Tejo.
Um Silurus é visto como uma ameaça à pesca, à biodiversidade, à cultura e às tradições, pelo que os investigadores aconselham à sua captura.
Este projecto assenta na comunicação e sensibilização de todos os utilizadores do rio sobre os impactos ambientais do também designado peixe-gato-europeu.
Está a ser feita a avaliação da pressão de predação da espécie nas comunidades aquáticas através de estudos da sua dieta e a avaliação espacial e temporal das agregações de silurus como janelas de oportunidade para o seu controlo populacional.
O projecto ‘Megapredator’ faz ainda o estudo do comportamento e dos movimentos predatórios do peixe-gato-europeu com recurso à telemetria de adultos marcados no rio Tejo.
Estão ainda a ser desenvolvidos métodos de pesca dirigidos a esta espécie predadora para aumentar a eficácia do controlo populacional da espécie.
Os pescadores profissionais estão a ser envolvidos no projecto no sentido de colaborarem em campanhas de controlo populacional dos silurus.
O ano de 2006 marcou a chegada deste predador invasor a Portugal, através do rio Tejo.
No rio Tejo, 90 por cento do peso das presas deste predador são peixes de elevado valor, comercial e de conservação, como a enguia-europeia, o sável, a lampreia-marinha e o barbo-comum. Um peixe-gato-europeu de dois metros (60 quilos) consome anualmente cerca de 360 quilos de outros peixes do rio.
Esta espécie está sujeita ao disposto no Decreto-Lei n.º 112/2017 que refere que não existe qualquer período de defeso, nem limites ao número de indivíduos capturados. Proíbe ainda a devolução dos espécimes capturados ao meio natural e a sua introdução pode ser considerada um crime ambiental, podendo a coima ascender a 20 mil euros.
No âmbito do projecto ‘Megapredator’, mais de 300 pescadores já foram entrevistados para avaliar a sua percepção sobre o siluro. Mais de 90 por cento dos entrevistados responderam que tem impactos negativos sobre as outras espécies. Porém, quatro em cada dez pescadores lúdico-desportivos ainda devolvem ilegalmente esta espécie invasora ás massas de água, após a sua captura.
O ‘Megapredator’ é um Projecto de Investigação de Carácter Exploratório financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo como entidade beneficiária a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém e João Gago como o investigador responsável.
Tem como entidade parceira a Fundação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.