Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Santarém
Qual é a importância para Santarém do Festival Nacional de Gastronomia?
Nos últimos anos, temo-nos conseguido afirmar como destino turístico, mas ainda não temos o número de visitantes que ambicionamos. Temos uma diferenciação em relação aos outros concelhos: temos o único Festival Nacional de Gastronomia, um dos mais premiados ao nível da gastronomia e que traz todos os anos muitos milhares de visitantes a Santarém. O Festival é uma marca do nosso concelho, uma marca nacional: temos o único Festival de Gastronomia que é verdadeiramente nacional. E, mais uma vez, apresentamos um leque de ofertas muito representativas daquilo que é a nossa gastronomia, a mais tradicional e a do futuro. Somos o restaurante de Portugal, por assim dizer. Quem nos quiser visitar terá essa oportunidade, de, no mesmo espaço, poder saborear toda a riqueza de um país como o nosso.
Muitos dos turistas que nos visitam não escolhem a gastronomia como motivo de visitação, mas, quando se faz a mesma pergunta à “saída”, do que gostaram em Portugal, a gastronomia aparece sempre nos três primeiros itens. Temos, portanto, uma gastronomia reconhecida mundialmente e temos em Santarém o único Festival Nacional de Gastronomia, e é isso que queremos potenciar e afirmar. Sabemos hoje que foi a partir deste primeiro Festival que começaram a surgir, um pouco por todo o país, uma enormidade de certames gastronómicos, mas nunca tendo nenhum assumido as proporções e o carácter Nacional do Festival de Santarém. Costumo dizer que o trabalho que temos feito nas últimas edições representa uma evolução na tradição do Festival Nacional de Gastronomia. E esta evolução na tradição espero que nos leve para patamares diferenciadores e que possamos atrair não só mais público, mas também mais pessoas do meio, mais restaurantes, mais chefs… queremos, em suma, fazer crescer o nosso FNG.
Santarém vai receber o Dia Nacional da Gastronomia 2020. Em que é que se vai traduzir?
Nós quisemos, e fizemos força, para que esse evento acontecesse em 2020 porque se assinalam os 40 anos do FNG. Temos vido a modernizar o festival ao longo destes anos e, para nós, é importante essa modernização e afirmação.
O Festival é o ‘planeta’, à volta do qual têm de girar outros acontecimentos. O Dia Nacional da Gastronomia é mais um acontecimento que nos ajudará a ter uma 40ª edição do Festival em grande. A cidade está a crescer: queremos continuar neste caminho de afirmação turística que hoje é muito feita na base da gastronomia. Esperamos, dentro de 10 anos – hoje já temos muitos restaurantes de referência em Santarém, muitos chefs – que aqueles que quiserem ir a um restaurante de referência possam vir a Santarém.
O município quer elaborar uma Carta Gastronómica Concelhia. Qual é o objectivo?
Santarém, com a Entidade de Turismo e a Confraria já participou na elaboração da Carta Gastronómica do Ribatejo, apresentada no ano passado. A nossa intensão agora é realizar uma carta só do concelho. Estamos a fazer a recolha de receitas – algumas que se estão a perder – junto de pessoas muito antigas, de lugares e de freguesia onde nos dizem que há aquela receita que não é feita em mais lado nenhum. Estamos a fazer essa recolha, para sabermos o ‘ingrediente secreto’, a forma de elaboração… muitas vezes existem aquelas senhoras que não querem contar aquilo que dá o verdadeiro paladar ao prato, mas nós queremos desvendar para preservar.
Vamos assinar o protocolo com a confraria para que a Carta Gastronómica de Santarém esteja pronta em 2020 ano importante para a gastronomia do concelho, para a gastronomia do país, porque será mais uma afirmação clara do nosso FNG.
Do ponto de vista daquilo que é o publico que vem ao Festival, é cada vez mais conhecedor e exigente: é um púbico que nos agrada, porque é diferenciador. Muitas vezes, já fica um ou dois dias em Santarém para estar no Festival. No final do ano passado, também apresentámos um plano estratégico para desenvolvimento do turismo no nosso concelho com 10 pilares, definindo a Gastronomia como um daqueles em que assenta muita da nossa estratégia e isso é importante para nós e todos os anos temos que inovar.
A pior coisa que podia acontecer é dizerem: “gostei muito, mas está igual ao ano passado”. Não queremos isso. Queremos inovar a cada edição e estamos a conseguir isso. Os chefes que vêm são de renome, e isso é diferenciador. Juntamos a modernidade com a tradição da nossa gastronomia.