O presidente da Endesa Portugal defende que a central do Pego, no distrito de Santarém, tem condições para continuar a operar depois de 2021, ressalvando que essa possibilidade está dependente de uma decisão política.

“A central está ainda em condições de prolongar a sua vida, mas há o facto de politicamente estar definido” que não queremos “mais carvão, CO2 ou emissões”, disse Nuno Ribeiro da Silva, durante uma audição realizada ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade.

Em causa, está a central do Pego da Tejo Energia, uma ‘joint-venture’ entre a TrustEnergy, com uma participação de 56,25%, e a Endesa Generación, com 43,75%, cujo contrato de concessão termina em 2021. Esta é uma das centrais que se manteve com Contrato de Aquisição de Energia (CAE), incentivo à produção que foi substituído pelos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).

Durante a audição, o responsável da energética espanhola já tinha indicado que a empresa está a analisar a possibilidade de encerramento da central, garantindo que irá acatar a decisão do executivo, mas sublinhou o papel que tem no sistema elétrico nacional.

“Em 28 anos de concessão a central do Pego funcionou, em pleno, três quartos do tempo”, afirmou.

“É uma questão que estamos a analisar com o nosso sócio. O grupo, em Espanha, está confrontado com situação idêntica […]. Se o Governo decidir pelo encerramento em 2021, assim será”, acrescentou.

Nuno Ribeiro da Silva notou ainda que a empresa está a “imaginar todos os cenários”, sobretudo devido à central ser “uma unidade relevante” em Abrantes: “Estamos a estudar [formas de] aproveitar espaço ou a unidade para alguma geração renovável. Tem-se falado no uso de biomassa florestal, [mas] é complexo”.

Antes Nuno Ribeiro da Silva tinha defendido que, pelo menos na última década, se vive com o conforto da sobrecapacidade na produção elétrica, isto é, com o facto de a produção superar o consumo, o que “é algo que irá erodir rapidamente”.

“A situação tende a mudar porque grande parte da produção ibérica ainda é suportada por centrais a carvão que foram responsáveis por 36% da produção [elétrica] em janeiro”, disse.

O gestor lembrou que a decisão de desativar centrais a carvão, associado à discussão em Espanha sobre a extensão ou não da vida das nucleares, representa “muitos Megawatt a sair do sistema”.

“A perspetiva de retirar do sistema duas tecnologias que ainda hoje são muito relevantes na produção de eletricidade, é algo que irá erodir rapidamente o conforto com a sobrecapacidade com que vivemos pelo menos na última década”, considerou.

Em 12 de dezembro, a presidente executiva da Tejo Energia, Beatriz Milne, tinha afirmado no parlamento que a empresa quer dar uma nova finalidade à Central do Pego, acrescentando que já tinham sido iniciados contactos com o Governo para “avaliar a hipótese de uma central de resíduos florestais”.

“É óbvio que a responsabilidade que temos de dar trabalho a 200 famílias diretamente, a outras 100 indiretamente, e de ser um motor de desenvolvimento da zona faz com que analisemos todas as possibilidades existentes para continuar a ter essa responsabilidade com essas pessoas e com o município, mas vai depender muito das políticas ambientais e do contexto fiscal e regulatório”, declarou, à data, a gestora, quando questionada pelo deputado do CDS-PP Hélder Amaral sobre os planos da empresa para o futuro.

Beatriz Milne acrescentou que houve um pedido da Tejo Energia ao secretario de Estado anterior, Jorge Seguro Sanches, “para avaliar a hipótese de uma central de resíduos florestais”.

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