A região Centro “pode ser o fiel da balança” na escolha da localização do novo aeroporto em Santarém, considerou ontem o promotor do projecto ‘Magellan 500’, num debate na capital ribatejana.

“Não é só o Centro, agora o Centro pode ser o grande fiel da balança, porque um aeroporto em Lisboa, as pessoas daqui já estão habituadas historicamente, mas qualquer aeroporto mais para sul fica ainda mais longe”, afirmou Carlos Brazão.

O promotor do projeto de construção de um aeroporto internacional em Santarém, que falava no debate “Aeroporto em Santarém – a escolha certa?”, salientou que uma infraestrutura aeroportuária “tem tudo para ser uma centralidade global, é um centro gravítico”, e pode ser também “uma grande forma de aliviar a pressão habitacional que existe em Lisboa”, criando “um corredor habitacional para Norte”.

Segundo Carlos Brazão, num “círculo de 20 quilómetros à volta do centro do aeroporto do ‘Magellan 500’ há nove sedes de município, das quais quatro são cidades”, enquanto “num raio de 20 quilómetros à volta do centro da localização do aeroporto em Alcochete não há uma única sede de município”.

Por isso, repetiu, a região pode “ser o fiel da balança”, pois no “Centro é onde vive grande parte da população”.

No debate, promovido pelo Guia Comércio de Santarém/Cariz Observador, participaram autarcas, dirigentes de entidades de turismo e empresários.

O presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, salientou que “a melhor solução” para os 15 municípios da Comunidade Intermunicipal (CIM) das Beiras e Serra da Estrela “é Santarém”, pois é o projecto “que fica mais próximo” da região.

A região Centro é um quarto do território nacional, e o autarca independente notou que nos últimos 50 anos o país “andou a olhar muito para os grandes centros, a começar por Lisboa, sendo “mais do que tempo” de começar a olhar para o território “de uma outra forma”, a começar pelo aeroporto de Santarém.

Para o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, o novo aeroporto na margem sul não beneficia as populações da região Centro, pelo que o projecto de Santarém “deverá merecer uma análise muito fundamentada sobre as suas vantagens relativamente à sua concretização”, que também recebeu apoio da CIM de Leiria, tanto mais que é a melhor solução económica para o Estado português, “porque há interessados privados” em fazer o investimento.

O presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, explicou que desde a primeira hora defenderam a “localização estratégica” para a sua região, mas também para o país, por ficar no centro, mas relativamente próxima de Lisboa e de cidades e concelhos com impacto no território e que também merecem um aeroporto que aproxime da Europa e do mundo.

O apoio a Santarém foi também manifestado por Anabela Freiras, da Entidade Regional de Turismo do Centro, sublinhando que um investimento num aeroporto se faz “uma vez em décadas” e deve contribuir para “a diminuição das assimetrias sociais e económicas” e favorecer o turismo e actividade económica.

O vice-presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Pedro Beato, lamentou que, quando tem no seu território três locais possíveis para o novo aeroporto, incluindo Vendas Novas, a entidade nunca tenha reunido com a Comissão Técnica Independente (CTI) constituída para escolher a localização.

Os representantes da Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant), Rui Serrano, e da Aliança Empresarial do Distrito de Santarém, David Dias, defenderam a localização em Santarém, nomeadamente por ser de iniciativa privada.

“Isto não é um projecto de Santarém, é um projecto do país”, frisou Ricardo Gonçalves, presidente da câmara escalabitana, vincando que “sendo em Santarém também é o projecto que melhor ajuda a região de Lisboa”.

O autarca considera que Vendas Novas “tem os seus méritos”, mas fica na margem sul, com as dificuldades de acessibilidades, e notou que a terceira travessia está prevista só para 2050.

O projecto ‘Magellan 500’, de privados, entre os quais o grupo Barraqueiro e fundadores liderados por Carlos Brazão, foi “desenhado com parceiros nacionais e internacionais de referência” e “assenta num conceito de sustentabilidade ambiental e flexibilidade no topo das suas prioridades”, afirmam os promotores.

O relatório da CTI deverá estar pronto para consulta pública em finais de Outubro ou início de Novembro, para a conclusão dos trabalhos até 31 de dezembro, mediante entrega de um relatório final ao Governo.

Em 27 de Abril, a CTI anunciou nove opções possíveis para o novo aeroporto, que incluem as cinco definidas pelo Governo – Portela + Montijo, Montijo + Portela, Alcochete, Portela + Santarém, Santarém) – mais Portela+Alcochete, Portela+Pegões, Rio Frio+Poceirão e Pegões.

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