A meio da manhã, estava eu a tomar um cafezinho numa esplanada da cidade, quando um pombo poisou na cadeira à minha frente.
Perguntei-lhe se queria tomar alguma coisa, mas não me ligou nenhuma. Fiquei então quietinho para não o assustar, e fui observando o seu comportamento. Virava a cabeça para todos os lados como que observando o que se passava à sua volta.
Apenas um adolescente andando de skate, saltando e partindo as pedras do chão, no Largo do Seminário.
Não muito distante, o pai tirava fotografias ao seu talentoso filho skater, que lá continuava a fazer as suas habilidades circenses.
O pombo ia vendo, o menino prodígio ia saltando, agora danificando um dos bancos ali existentes, enquanto o pai ia sorrindo e fotografando o seu pequeno herói.
Voltei a olhar o pombo que, de repente, levantou voo rasante ao jovem, fazendo-o cair de susto. Seu pai veio correndo e ajudou o menino a levantar-se.
Depois gesticulou, balbuciando algumas palavras que não entendi, e limpando a parte da frente da sua t-shirt preta.
Percebi então o que o pombo tinha feito a ambos, e passei a considerá-los como agentes conservadores do património edificado, garantindo qualidade na urbanização das cidades com centro histórico.
Viva o Movimento Pombalino Scalabitano!
In Correio do Ribatejo de 20 de Julho de 2018