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O vice-presidente técnico da Federação Distrital dos Bombeiros de Santarém, Adelino Gomes, disse hoje que cinco das 28 corporações de bombeiros desta região aderiram ao protesto da Liga, escusando-se a responder e reportar à Protecção Civil.

“Hoje são cinco as corporações de bombeiros que não estão a responder às chamadas do CDOS (Comando Distrital de Operações de Socorro), estando 100% operacionais e com as populações salvaguardas em termos de socorro”, disse à Lusa o vice-presidente técnico da federação de um distrito que conta com 28 corporações de bombeiros, entre voluntários e municipais, nos 21 municípios da região de Santarém.

“Recebemos notificação de intenção de participação no protesto de 16 das 28 corporações, sendo que, desde as 00:00 de domingo, foram seis as corporações de bombeiros do distrito de Santarém as que aderiram de imediato ao protesto, não reportando dados, nem respondendo ao CDOS”, afirmou.

Segundo observou, “os Bombeiros Voluntários de Abrantes recomeçaram no domingo à noite, cerca das 23:00, a reportar”, mantendo-se em protesto as corporações de Constância, Torres Novas, Pernes, Samora Correia e Rio Maior.

Adelino Gomes, que é também o comandante dos bombeiros voluntários de Constância, disse ainda que, das 28 corporações existentes no distrito, “sete são municipais, e só hoje decidem se aderem ao protesto”, e “21 são voluntárias, aguardando ainda por reuniões para definirem se aderem” à iniciativa.

A Lusa contactou também o presidente Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, que também presidente à Federação dos Bombeiros do Distrito de Santarém, que admitiu “não estar tranquilo nem confortável com as possíveis consequências deste protesto para o bombeiro, que não pode ficar exposto a estas eventuais decisões dos comandantes e directores” das corporações.

Por isso, João Furtado assumiu o “retomar das comunicações com o CDOS na noite de domingo por parte da corporação dos bombeiros de Abrantes” e avançou ter solicitado o “pedido de convocatória para uma Assembleia Geral urgente na Federação” dos bombeiros do distrito de Santarém, que aguarda por agendamento.

“Defendo uma análise pormenorizada das eventuais consequências legais que possam advir deste tipo de protesto para o bombeiro”, reiterou, tendo feito notar que “o cerne da questão é saber se comandantes e directores [das corporações] não estão a decidir sobre algo que pode prejudicar o bombeiro no teatro de operações”.

O vice-presidente técnico da Federação, Adelino Gomes, confirmou o pedido de agendamento de Assembleia Geral urgente e de uma reunião com todos os comandos do distrito, tendo referido que alegadas “pressões políticas” estarão na origem da realização das reuniões que vão decorrer esta semana.

O responsável sublinhou que “o socorro não está em causa, apenas não reportam a saída de viaturas e os pontos de situação”, tendo lembrado que, se houver alguma necessidade que exija meios além da área de intervenção de cada corporação, o plano estipula que a corporação onde ocorra o incidente entre em contacto com as mais próximas.

A Lusa tentou contactar também o CDOS de Santarém, sem sucesso.

A ausência de reporte de informação desde as 00:00 de domingo é uma das medidas de protesto da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP) contra a proposta do Governo para a nova lei orgânica.

Reportar significa comunicar sempre que sai uma viatura, uma ambulância, um veículo de combate a incêndio ou de desencarceramento, entre outros, bem como quando há situações que o protocolo assim o define ou quando é feito um ponto de situação de cada ocorrência.

Uma das novidades contestada na nova lei orgânica é a área de actuação dos CDOS deixar de corresponder aos distritos e passar a ter a abrangência das comunidades intermunicipais.

A LPB reivindica uma direcção de bombeiros autónoma independente e com orçamento próprio, que diminua os custos e aumente a eficácia, um comando autónomo e o cartão social do bombeiro.

O presidente da Liga, Jaime Marta Soares, garantiu, no domingo, que a ausência de reporte à Protecção Civil não compromete o socorro à população.

A mesma garantia foi dada pela Protecção Civil, enquanto o ministro da administração Interna, Eduardo Cabrita, criticou a actuação dos bombeiros e disse que a decisão compromete a coordenação de meios e pode pôr em causa a segurança das pessoas.

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