Foi uma Páscoa diferente para todos. Sem encontros de família, sem beijos, sem abraços.

Mas, com amor, com as famílias reduzidas ao seu núcleo fundamental.
E mesmo com dois filhos que nunca param e têm uma elevada capacidade para inventar, este tempo dá-me mais tempo para pensar, refletir e perspetivar o futuro.

O país vive um momento difícil, como nunca viveu na sua história recente ao nível da saúde.

Vivemos com medo, mas confiantes que, se algo nos acontecer, temos um excelente Sistema Nacional de Saúde. Temos mesmo. Por tradição gostamos de dizer mal de tudo. E então ao nível da Saúde, para os portugueses nada está bem, mesmo que existisse um médico, um enfermeiro, um profissional de saúde para cada um de nós, haveria sempre algo errado.

Mas, se estiverem atentos, por esse mundo fora, há países sem qualquer sistema universal de saúde, desde logo os Estados Unidos da América que são o exemplo mais expressivo desta equação.

Um dos países mais ricos do mundo, com alguns dos melhores hospitais do mundo, com universidades de topo nos rankings mundiais, com investigadores e condições de investigação sem igual, e com orçamentos para a investigação que ultrapassam o PIB (Produto Interno Bruto) de muitos países do mundo, tem um sistema de saúde que não tem em conta as pessoas e só tem em conta quem tem ou não tem um plano de saúde. Como diria Chua, K. – “é o melhor do mundo, para aqueles que sublinham a tecnologia e o estado da arte da medicina; é muito mau, para aqueles que argumentam com a sua ineficiência, não universalidade e despesismo.”
Por isso, temos de valorizar o nosso SNS. Devemos fazê-lo. Até porque, no final desta batalha contra a pandemia, o sistema estará esgotado. Como estarão todos os sistemas de saúde dos principais países afectados pelos efeitos do Coronavírus, sejam eles universais ou limitados a sistemas privados, pelo que vamos ter que ter paciência.

Paciência, tal como agora temos de ter para não nos juntarmos e encontrar-nos. Não sendo propriamente saudosista, apetecia-me ir almoçar ou jantar a um dos muitos restaurantes que existem no nosso Concelho. Muitos deles autênticas referências nacionais e parte integrante de um dos sectores que mais está a sentir os efeitos da Pandemia e logo desde o primeiro dia.
Ânimo e força.

Infelizmente, neste momento, não temos liberdade para esse ato tão simples que podíamos fazer até há pouco mais de um mês. Virá esse tempo. De reencontros. Até lá, aguentem e tenham esperança.

Bem sei que a esperança não alimenta ninguém, mas dá força para continuarem a lutar e a servirem com a qualidade que vos é reconhecida.
Tenhamos calma. Em breve voltaremos a ter a nossa Liberdade. Apesar de não ter dúvidas que alguns dos nossos hábitos vão mudar, pelo melo menos até que haja uma vacina que nos garanta a imunidade.

Post Scriptum – Parabéns, Correio do Ribatejo. Mantenham o espírito livre com que nos brindam todas as semanas.

Ricardo Segurado – Jurista

Leia também...

A Regionalização na Ordem do Dia – Conclusão

Opinião de Ludgero Mendes

Opinião: O Cemitério, o Crematório, as Salas Mortuárias

“Vale de Ossos”, nem de propósito, assim se chamava a propriedade adquirida, décadas atrás, pelo município de Santarém para albergar o novo cemitério da…

Correio do Ribatejo – 129 Anos: Jornalismo de qualidade em tempos de emergência

Em poucas semanas, a Espanha e o mundo inteiro mergulharam num pesadelo. A primeira epidemia global em mais de 100 anos causou uma psicose…

O novo Regime Jurídico de Criação, Modificação e Extinção de Freguesias

Caros Leitores deste nosso Correio do Ribatejo,Começo esta carta por vos dar conhecimento que o processo legislativo para o novo Regime Jurídico de Criação,…