Há 100 anos
Tot capit, tot sententia…
Que está na iminência de falir a empresa da Ponte do Tejo – asseveram os que de perto conhecem a sua situação financeira.
Motivo? – Porque tendo aumentado extraordinariamente a despeza de conservação, se mantem estacionaria a receita, como na primeira hora em que a ponte se inaugurou.
Portanto, de duas uma: ou a receita dá para a despeza, ou a Empreza baqueia por falta de receita.
O amigo Banana seria da mesma opinião. Mas não o são aqueles que ainda por cima exigem que a empresa ilumine a ponte a giorno, substitua o gradeamento dessa propriedade do Estado e ainda pretenda – como o conde de Santa Maria – um agente de policia para vigiar cada veiculo que por ali quer bater o “record” da velocidade.
Pois se ele até há quem pretenda compelir a empresa da Ponte a asfaltar os passeios do viaduto (da responsabilidade das Obras Publicas) que por sinal estão – no osso!
Ordem de… S. João d’Alporão
Relatam as gazetas que o sr. Governador Civil, arqueólogo entendido, se prepara para criar em Santarém – se as vicissitudes da Politica lhe derem tempo para isso – a ordem de S. João d’Alporão, que terá como objectivo salvar as preciosidades artísticas e arqueológicas que nesta cidade abundam.
É para louvar a atitude do chefe do distrito, a quem tanto desvelo merece S. João d’Alporão, e para ele vão os nossos melhores agradecimentos como filhos de Santarém e também como modestos paladinos dessas preciosidades já em grande parte transviadas.
Simplesmente desejaremos que s. ex.ª ao mesmo tempo se não esqueça de instituir uma ordem…de prisão aos que fazem desaparecer o pão e o azeite, coisas hoje tão preciosas como um capitel árabe ou um cipo romano.
(In: Correio da Extremadura de 22 de Janeiro de 1921).
Há 50 anos
O embaixador do Brasil visitou Santarém e a sua Feira Nacional de Agricultura
O Embaixador do Brasil, Sr. Prof. Doutor Luis António da Gama e Silva está particularmente empenhado em que a participação do seu país na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, possa constituir motivo para mais perfeito conhecimento favorável evolução operada na sua pátria, não somente no campo da actividade agrária, como também noutros sectores susceptíveis de revelaram o seu grau de desenvolvimento. Por isso se decidiu a estudar qual a feição que mais conviria dar à representação brasileira, por forma a mante-la convenientemente enquadrada no âmbito do certame.
Para o efeito, deslocou-se a Santarém, acompanhado do Secretário dr. Carlos Alfredo Pinto da Silva, Chefe do Sector de Promoção Comercial, a fim de estudarem com a Comissão da Feira a forma de alcançar o almejado objectivo.
Recebidos pelo sr. Governador Civil, D. Bernardo de Mesquitela, pelo Presidente e Vice-Presidente da Camara srs. João Marcelino de Noronha Azevedo e Eng. Carlos Alberto Guimarães de Oliveira, e por membros da Comissão executiva do certame, os diplomatas brasileiros estiveram no Campo da Feira a estudar os problemas em referencia e visitaram a Igreja da Graça, onde se encontra o túmulo do descobridor do Brasil, a Biblioteca Braamcamp Freire, e cujo valor bibliográfico e riqueza de pinturas expostas muito os impressionou. Num hotel da capital do Ribatejo foi-lhes oferecido um almoço típico, bem como especialidades de doçaria tradicional.
Após a refeição estiveram nos miradouros da cidade a apreciar aspectos panorâmicos da Lezíria ribatejana.
Muito impressionados com os quadros pictóricos e com os hábitos característicos da região, manifestaram grande empenho em voltarem a para poderem embrenhar-se no perfeito conhecimento do Ribatejo.
(In: Correio do Ribatejo de 23 de Janeiro de 1971).
Há 25 anos
A construção da nova ponte de Santarém vai começar este ano
O acto publico da abertura das propostas do concurso publico realizado no âmbito da União Europeia, para a construção da nova ponte sobre o rio Tejo próximo de Santarém e respectivos acessos nas duas margens, teve lugar no passado dia 18 do corrente, nas instalações da Junta Autónoma de Estradas, em Almada.
Concorreram 10 consórcios, havendo uma forte participação nacional, mas dois deles são liderados por grupos espanhóis.
O primeiro é liderado pela Conduril e o segundo pela Sociedade de Construções Hagen, S.A, seguindo-se os consórcios liderados pela Cubiertas Y MZDV, S.A., pela Ferrovial, S.A., pela Zagope – Empresa Geral de Obras Públicas Terrestes e Maritimas, S.A, pela Bento Pedroso Construções, S.A., pela Engil, pela Teixeira Duarte, pela Assiconstroi – Grupo A. Silva & Silva, Wayss & Dreytag, AG, e pela Dragados Y Construcciones.
A nova ponte, conforme há bastante tempo tivemos oportunidade de noticiar, em primeira mão, terá 570 metros de comprimento, será construída por tirantes e ficará situada cerca de três quilómetros e meio a sul da actual Ponte D. Luis I, inaugurada há 114 anos.
Esta travessia do rio Tejo integra-se no IC 10 e completa a ligação do trânsito oriundo da EN 114, compreendendo dois viadutos de acesso, um com 1.500 metros, na margem direita do Tejo e outro com 2.200 metros, na margem esquerda, para além de um terceiro sobre o Vale da Ribeira das Fontaínhas, com 670 metros.
O preço base da obra, sem IVA, era de 12 milhões e 800 mil contos, sendo o prazo de execução de 900 dias. Os critérios de adjudicação, por ordem decrescente de importância, são três: a garantia de boa execução e valor técnico, prazo de execução e preço.
As propostas estão agora a ser apreciadas para adjudicação final.
Quando em 1881 foi inaugurada a actual, fixaram-se taxas para o seu atravessamento que se pretendiam compatíveis com o estatuto social e com o meio de transporte dos utilizadores: um cidadão a pé pagava apenas meio centavo e de charrete desembolsava 16 centavos, assim como outras importâncias consoante o meio de transporte utilizado.
(In: Correio do Ribatejo de 26 de Janeiro de 1996).