Francisca Silva é uma jovem natural de Santarém que tem na fotografia o seu mundo. Francisca apresenta um vasto repertório de fotografia conceptual que considera ser a sua paixão. A jovem terminou a Prova de Aptidão Profissional na área da multimédia com 20 valores e, hoje em dia quer fazer da fotografia a sua profissão full-time.

Como é que nasce o gosto pela fotografia?
O gosto pela fotografia nasceu há imenso tempo. Desde muito nova que sempre gostei de tirar fotografias ao mundo à minha volta. Costumava tirar fotos a tudo e mais alguma coisa com aquelas máquinas pequenas de “point and shoot”.
Nasceu também da necessidade de me expressar, e de transmitir para imagens as minhas emoções. Com o tempo comecei a fotografar pessoas e percebi que fotografar alguém é algo mágico. Damos à pessoa um novo olhar sobre si mesma, ajudamos na sua auto estima, e às vezes damos oportunidade de serem alguém diferente por breves momentos.

Que tipo de fotografia gosta de fazer?
O meu tipo de fotografia favorito é fotografia conceptual. Criar um conceito e transmitir o mesmo para uma fotografia é um sentimento fantástico. Também gosto muito de retratos simples, gosto de capturar a beleza de alguém de uma forma natural, mas quando faço retratos ou auto-retratos conceptuais, é quando me sinto realmente em “casa”. A maior parte dos meus trabalhos são abstratos. A ideia está lá, para mim sei o que significa, mas para outras pessoas pode significar algo diferente. E é isso que adoro na fotografia conceptual.Também adoro o facto de puder criar algo baseado nos meus gostos pessoais, que é o que faço a maior parte das vezes.

O que mais gosta de fotografar?
O que mais gosto de fotografar são pessoas. Sem dúvida. Adoro ver o entusiasmo quando vêm as fotografias. Adoro todo o processo, desde combinar qual vai ser o tema da sessão, o local, a roupa. Raramente sinto a pressão de fotógrafa e cliente. Sinto sempre que estou simplesmente a passar uma tarde divertida com uma pessoa amiga. O meu objectivo nunca é só tirar umas fotografias e ir para casa. É também criar uma conexão com as pessoas. É mostrar-lhes que podem confiar em mim para capturar o seu melhor. Tenho a sorte de ter conhecido pessoas fantásticas através da fotografia. Pessoas que comecei por fazer uma simples sessão e que no fim se tornaram amigos que valorizo muito. São essas pessoas que agora me suportam incondicionalmente, e a quem eu agradeço muito.

Uma imagem vale, realmente, mais do que mil palavras?
Na minha opinião sim. É incrível aquilo que conseguimos transmitir com uma só imagem. E a melhor parte é que essa imagem significa algo diferente para cada pessoa. Por vezes uma fotografia consegue transmitir aquilo que não conseguimos pôr em palavras. É algo que me acontece imensas vezes. Certas fotografias não precisam de descrição. Está tudo lá. Outras, ficam para interpretação pessoal. E para mim isso é muito mais bonito do que mil palavras.

Tem formação na área da multimédia, tendo até obtido 20 valores na Prova de Aptidão Profissional. Considera importante ter essa formação para desenvolver o seu trabalho?
Totalmente! Com essa formação aprendi todas as técnicas de edição que aplico até hoje. Aprendi muitas coisas que me são úteis para o trabalho que faço hoje em dia com a fotografia. Claro que também tenho feito a minha pesquisa e tenho aprendido muitas coisas sozinha, mas este curso foi mesmo a fundação de tudo o que sei. Nomeadamente, utilizar os programas Adobe Lightroom e Adobe Photoshop. Esses são os que mais uso no que toca à edição de fotografia. A maior parte do que faço foi-me ensinado nesta formação, por isso acho fundamental ter tirado este curso.

Qual foi o trabalho que lhe deu mais ‘luta’?
Todos os meus auto-retratos deram-me bastante luta. É muito desafiante tirarmos fotografias a nós mesmos. Termos de ser nós próprios a ajustar os planos, a luz, a ver como estamos a ficar na fotografia, a passar por imensas tentativas porque na primeira vez não ficou focado, na segunda não fizemos a expressão certa, e por aí adiante. Acho que auto-retratos deviam de ser uma arte em si mesma só pelo trabalho que se tem. 

A Francisca diz que escreve poemas com sombra e luz. É desta forma que se inspira para o seu trabalho?
Luz e sombra são uma grande fonte de inspiração. Podemos através delas mostrar a delicadeza de alguém e em contraste, as suas inseguranças. Mas para além disto, várias coisas me inspiram, principalmente emoções e sentimentos. Inspiro-me muito em emoções fortes, gosto de transmitir para o meu trabalho a crueldade do mundo, a injustiça da vida. Gosto de criar fotografias inspiradas em poemas e partes de músicas. Faço muitos trabalhos inspirados na minha vida pessoal, mas de forma abstrata, sabendo o que significa para mim mas dando oportunidade às outras pessoas de terem a sua própria interpretação. Na verdade, tudo à minha volta me inspira.

Já realizou alguma exposição sobre os seus trabalhos?
Não. É na verdade, um grande sonho meu. Realizar uma exposição em meu nome, um dia. Tenho em mente como quero que seja, e no dia que tiver essa oportunidade vou sentir-me uma pessoa muito realizada. Nada se compara ao vermos os nossos trabalhos imprimidos em tamanho grande, numa sala, para toda a gente ver. 

Quanto tempo dedica à Fotografia?
Eu trato a fotografia como se fosse o meu trabalho full-time, apesar de não ser, infelizmente. Basicamente todos os dias edito e trabalho em algo relacionado com a fotografia, seja pesquisar e trabalhar em ideias para futuros projectos, ou a editar sessões fotográficas. É algo que eu preciso de fazer. E, quando não tenho sessões para editar ou sessões marcadas, sinto-me um pouco perdida. Mesmo que por vezes esteja alguns dias sem editar, é algo que vai sempre fazer parte da minha vida. Não me consigo imaginar sem fotografar.

Onde é que podemos encontrar o seu trabalho?
No meu Instagram (@therestisconfetti__) onde publico regularmente os meus trabalhos. 

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