A Refood Santarém conta com quase quatro centenas de beneficiários que procuram apoio para fazer face às suas crescentes necessidades socio-económicas, tendo em conta a conjuntura actual que atravessamos.
O núcleo de Santarém conta com quase 100 voluntários que dão duas horas do seu tempo para esta nobre causa, como explicou ao Correio do Ribatejo Rui César, coordenador da Refood Santarém.
A Refood Santarém tem vindo a desempenhar um papel crucial na luta contra o desperdício alimentar e apoio às famílias mais vulneráveis. Que balanço faz do trabalho desenvolvido até agora?
A Refood Santarém no mês de Setembro, à data da transição de coordenação, contava com 176 beneficiários, 84 famílias e 12 IPSS. Actualmente, contamos com 362 beneficiários, o que corresponde a 164 famílias e 13 IPSS, que se traduzem num aumento significativo comparativamente com o início do ano. Ao longo dos últimos meses temos vindo a notar as crescentes necessidades socioeconómicas face à conjuntura actual que todos conhecemos.
O balanço feito do trabalho desenvolvido até agora é extremamente positivo, pois com praticamente os mesmos recursos alimentares a Refood tem dados resposta a todas as solicitações alimentares sem prejudicar os beneficiários, já existentes.
Recentemente, a Refood reforçou a parceria com a ULS Lezíria. Que importância têm estas colaborações institucionais para a missão da Refood?
A parceria com a ULS Lezíria é muito importante pois dá possibilidade à Refood de desmistificar os tabus associados às carências alimentares, bem como possibilita a angariação de novos voluntários e a recolha de embalagens descartáveis, que muita falta nos fazem, para repartir os alimentos e entregá-los aos respectivos beneficiários.
Estas colaborações dão mais visibilidade ao trabalho e missão da Refood Santarém e permitem-nos chegar a mais pessoas, quer sejam potenciais voluntários, beneficiários ou parceiros. Através destas colaborações alargamos a nossa rede de contactos, o que a curto e longo prazo tem um impacto directo no trabalho que desempenhamos todos os dias.
O núcleo de Santarém conta com quase 100 voluntários e apoia mais de 160 famílias. Como é gerido, na prática, este esforço colectivo diário?
Todo este trabalho só nos é possível graças aos nossos voluntários que dão duas horas do seu tempo para esta nobre causa, contudo com as crescentes necessidades precisamos sempre de mais voluntários que nos possam ajudar a chegar a mais recolhas e a mais famílias para apoiar.
A Refood divide-se em duas actividades principais: as recolhas e o manuseamento, ambas realizadas diariamente. As recolhas, como o próprio nome indica, consistem na recolha de alimentos nos demais parceiros. O manuseamento consiste na entrega dos cabazes alimentares aos beneficiários. Esta entrega é feita directamente na sede da Refood Santarém.
Na prática, este esforço colectivo diário é conseguido através da dedicação de todos os voluntários e principalmente da equipa de gestores que através do seu comprometimento com a causa exercem tarefas em diferentes áreas: organizam as escalas com os respectivos dias e horários de cada voluntário, garantem a comunicação entre todos os envolvidos na Refood Santarém, desde beneficiários, parceiros e instituições, trabalham para garantir a sustentabilidade financeira da instituição.
Sabe-se que o número de pessoas em situação de carência alimentar continua a crescer. Que desafios enfrentam actualmente e que metas gostariam de atingir a curto e médio prazo?
Os desafios que a Refood Santarém enfrenta actualmente são a localização da sede, que é de difícil acesso. Apesar de estar no centro histórico da cidade de Santarém, não facilita o movimento, estacionamento e chegada dos carros dos nossos voluntários e beneficiários. Actualmente ajudamos maioritariamente famílias e instituições dentro da cidade.
A curto prazo gostaríamos de obter mais fontes de alimentos o que nos permitirá alcançar mais famílias com carências alimentares. Também a curto prazo gostaríamos de obter uma carrinha, pois sendo esta uma instituição 100 por cento voluntária, estamos dependentes dos automóveis dos nossos voluntários. A aquisição de uma carrinha facilitaria todo o processo, deslocações e transporte de alimentos que é feito diariamente.
Um dos objectivos a médio/longo prazo da Refood Santarém é alargar este apoio alimentar às zonas rurais do concelho da cidade, podendo assim ajudar mais famílias em colaboração com os parceiros já existentes, através de pontos de encontro onde as famílias possam realizar a recolha dos cabazes alimentares.
Que mensagem gostaria de deixar a quem pondera tornar-se voluntário ou parceiro da Refood Santarém?
A quem pondera tornar-se voluntário deixo a mensagem que dar duas horas por semana do nosso dia pode ajudar muitas famílias. Podemos estar a apoiar colegas, vizinhos, até família sem saber. Muitas vezes presumimos que as pessoas que estão ao nosso redor têm vidas estáveis, mas a infeliz realidade nem sempre é essa.
Aos possíveis parceiros deixo a mensagem de que estamos abertos e disponíveis caso tenham interesse em colaborar connosco.
Por isso, deixamos o apelo para entrarem em contacto connosco caso tenham interesse em se tornarem voluntários e/ou parceiros, mas também caso procurem mais informações.
Estamos disponíveis nas nossas redes sociais: Instagram (@refoodsantarem) e Facebook (Refood Santarém) ou através do email voluntarios.santarem@re-food.org.
Se nos quiserem procurar presencialmente, a nossa sede está localizada no Largo Manuel António das Neves, 4, 2000-098 Santarém.
Um gesto de solidariedade que nunca esqueceu?
A realização de um evento de angariação de fundos para a operação de uma beneficiária que estava numa situação frágil e a forma como a sociedade se mobilizou para apoiar e ajudar.
Uma palavra que defina o espírito da Refood?
Entreajuda.
Um lugar especial em Santarém?
A sede da Refood.
Uma inspiração pessoal?
O Papa Francisco.
O que mais aprecia nas pessoas?
A humildade.
O que mais o inquieta no mundo actual?
A conjuntura socioeconómica.