Campeonato Distrital da 1.ª Divisão – U. Santarém, 3 – CD Amiense, 3
União de Santarém e CD Amiense dividiram os pontos em disputa numa partida que ficou marcada por erros de arbitragem que influenciaram o resultado final da partida.
Na verdade, o empenho das duas equipas, personificado pelo inconformismo de Pedro Augusto e a classe de Miguel Mateus nas bolas paradas, merecia uma arbitragem à altura dos protagonistas. O trio de arbitragem complicou uma partida que estava a ser bem jogada e sem problemas disciplinares de relevo até ao intervalo.
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Começou melhor o Amiense que chegou ao golo aos 14 minutos, através de uma grande penalidade assinalada por Miguel Mateus, a castigar carga na área escalabitana sobre Ganso. Algo lento na transição ofensiva, nos minutos iniciais da partida, a União chegou ao empate igualmente através de uma falta na área do Amiense merecedora de castigo máximo que Pedro Augusto transformou em golo à passagem do minuto 22.
Melhorou bastante a União com o golo do empate e, três minutos depois, Leo remata cruzado ao lado do poste esquerdo da baliza de Chico. Numa boa fase do jogo, o ataque do Amiense não se fez esperar e Moleiro obriga Colin a uma boa defesa, aos 25 minutos. Aos 42, o azar bateu à porta de Adilson, até então um dos melhores entre os unionistas, obrigado a abandonar a partida por lesão. Em face disso, Mário Ruas chama Fabinho ao jogo e faz descer Leo para lateral.
O intervalo chegou e a igualdade aceitava-se numa partida intensa, muito disputada a meio campo.
Após o intervalo, a União de Santarém mostrou-se bem diferente, com vontade de chegar à vantagem que, diga-se, nunca teve em toda a partida. Logo aos dois minutos da etapa complementar, Pedro Augusto teve nos pés a possibilidade de chegar à vantagem mas encontrou pela frente um competente Chico que anulou as pretensões do avançado unionista. Um dos momentos do jogo aconteceu aos 59 minutos, num livre directo apontado por Miguel Mateus, especialista nestes lances de bola parada. Num remate indefensável a 30 metros da baliza de Coli, o capitão do Amiense assinou um dos momentos mais bonitos da partida e colocou a turma de Jorge Peralta a vencer por 2-1.
Consequência do lance, David viu o cartão vermelho directo por palavras dirigidas ao árbitro, deixando a União a jogar com dez a meia hora do final da partida. A partir da expulsão o jogo não mais foi o mesmo e os erros de arbitragem foram-se sucedendo, com claro prejuízo para a equipa da casa.
Foi, contudo, o Amiense a ampliar a vantagem com Moleiro a marcar o terceiro, à passagem do minuto 64, um lance que nasceu num fora de jogo do ataque amiense não assinado pelo árbitro assistente do lado da bancada.Mas a vantagem de dois golos do Amiense só durou cinco minutos já que o sempre inconformado Pedro Augusto (um dos melhores em campo) reduziu para 2-3.
Com o árbitro da partida a ser mal auxiliado, sobretudo na avaliação dos fora de jogo, a União vê um golo anulado devido a uma alegada falta atacante na pequena área do guardião Chico. Depois de uma primeira parte correta, as constantes paragens registadas na segunda, para assistir jogadores ou para amarelar outros, tornaram o jogo numa partida quezilenta. Já com cinco minutos para além dos 90, a União chegou ao golo do empate, apontado por Leo.
Aos 88 minutos (a dois dos 90 regulamentares e não em cima do minuto 90 como é normal) o árbitro assistente levantou a placa dando 8 minutos de compensação que na prática foram apenas seis, já que aos 96, João Mendes, numa tarde para esquecer, deu por concluída a partida.
Na verdade, as equipas que suaram a camisola na defesa dos seus emblemas, mereciam uma arbitragem condizente com o ‘cartaz’ desta partida, e a União bem pode queixar-se do golo anulado e no terceiro golo do Amiense que nasce de um lance de claro fora de jogo. Antes do início da partida foi respeitado um minuto de silêncio em memória de António Medeiros, antiga glória de ‘Os Leões’ e da União de Santarém que também treinou, tal como o Amiense.
Ficha do jogo:
Árbitro: João Mendes, assistido por Nelson Andrade e Manuel João.
U. Santarém: Coli, Adilson (Fabinho 45’) (Noque), Rony, Ndamy, Serginho, David, Ganhão, Pratas (Tiago, 67’), Leo, António (Nuno Afonso, 67’), Pedro Augusto. Suplentes não utilizados: Ruben, Bexiga e Telmo.
Treinador: Mário Ruas.
CD Amiense: Chico, Fábio Marques (Bernes, 85’), Tiago Mateus, Costinha, Ricardo Peralta, Diogo Queirós (Tico, 85’), Nuno Tiago, Miguel Mateus, Fábio Dâmaso, Moleiro (Leonardo Lista, 70’), Ganso. Suplentes não utilizados: Mário Robalo, Diogo Antunes, Formiga, e Luís Duarte.
Treinador: Jorge Peralta.
Acção disciplinar do árbitro: U. Santarém: Cartões amarelos para Ndamy, Pedro Augusto, Nuno Afonso, Ganhão e Ruben (banco da UDS). Cartão vermelho directo para David aos 60’. CD Amiense: Cartões amarelos para Moleiro, Fábio Marques e Lista.
Golos: 0-1 Miguel Mateus (g.p.) 14’; 1-1 Pedro Augusto (g.p.) 22’; 1-2 Miguel Mateus (59’); 1-3 64’ Moleiro; 2-3 Pedro Augusto 69’; 3-3 95’ Leo.
Ao intervalo: 1-1
Resultado final: 3-3
Palavras do treinadores:
Jorge Peralta: “Empate sabe a pouco”
Sabíamos que era difícil aqui mas vínhamos com uma ambição tremenda, preparamos bem o jogo e viemos melhor que no jogo da taça em que tivemos várias baixas. Demos uma prova cabal que somos uma grande equipa e fizemos um excelente jogo. Não se agarrem a árbitros, joguem mas é à bola. Chegamos aos 3-1 e sempre pensei que ia levar o três pontos daqui mas depois numa luta incrível a União de Santarém tem mérito em chegar ao empate e de acreditar. No “chuveirinho” tantas vezes que elas lá foram, ganharam alguns ressaltos que acabaram por chegar ao empate. Foi pena, queríamos vencer e viemos com esse intuito. Mostramos que vínhamos para vencer, na forma como fomos audazes, pressionamos em campo inteiro. Não é fácil porque seis destes jogadores treinam à sexta-feira e chegar aqui ao campo do União de Santarém que é sério candidato e roubar dois pontos pressionando em campo todo, deixa-me extremamente satisfeito com a equipa. Tem feito um trabalho fantástico, um campeonato extraordinário. Vamos continuar a trabalhar e a fazer o nosso caminho porque ainda nada está feito, queremos fazer a melhor classificação possível e vamo-nos agarrar a isso.
Mário Ruas: “Tenho de manifestar a minha revolta, a revolta dentro do seio do grupo porque sempre que este senhor árbitro nos apita só nos tem prejudicado e essa é que é a grande verdade. ”
“Logicamente que este empate não é bom mas no fim do campeonato é que se fazem as contas. Quando nós elevamos as expectativas e trabalhamos durante a semana para queremos ganhar os jogos qualquer resultado que não seja a vitória é um mau resultado, seja em casa, seja fora, seja onde for. A nossa postura é trabalhar ao máximo para ganhar todos os jogos. A primeira parte do jogo foi um bocado atípico, com as equipas a controlarem o jogo cada uma com a sua estratégia. A nós faltou-nos um pouco mais de agressividade e intensidade mas conseguimos ter sempre o controlo do jogo, embora não tivéssemos grandes oportunidades. A equipa adversária tem o penalti e fez golo, nós também tivemos e fizemos um golo de penalti que é justo. Um a um ao intervalo, um resultado que se aceitava. Na segunda parte, tivemos de corrigir alguns aspectos tácticos do jogo e metemos mais intensidade no jogo. A equipa adversária começou a sentir mais dificuldades, temos duas oportunidades para fazer o 2-1, uma delas podia ter resolvido de maneira diferente o jogo, um remate do Pedro Augusto isolado que o guarda-redes respondeu com uma excelente defesa. Julgo que é esse momento em que se marcamos o jogo poderia ter corrido de maneira diferente, mas há que dar mérito ao guarda-redes. Estivemos sempre por cima do jogo e num lance em que o árbitro está de costa, eu nunca vi uma coisa destas na minha vida, marcou falta porque ouviu um jogador a gritar. Na sequência dessa falta, que não sei se é ou não falta mas sei que ele tá de costas, não vê e apitou logo o que nos prejudicou num lance que é bem executado pelo adversário que faz um belo golo, não havendo nada a dizer. Há a dizer que a equipa adversária nos momentos em chutou à baliza fez dois golos e tem de se dar mérito. Nós nunca desistimos, continuamos sempre a trabalhar à procura do golo e a colocar intensidade no jogo. Sabíamos que forçando iríamos mais cedo ou mais tarde marcar e quando num momento que ninguém está à espera acontece uma coisa completamente absurda. Já ando à muito tempo no futebol, como costumo dizer desde que nasci, o meu pai foi jogador e treinador, eu fui jogador e neste momento sou treinador mas nunca vi uma coisa assim. Uma coisa é uma pessoa não saber, agora eu não quero acreditar que as pessoas ajam de má fé, no terceiro golo que sofremos o jogador está nitidamente cerca de dois metros em fora de jogo e isto não pode ser. Sinto-me revoltado e é mau demais. Errar toda a gente erra mas desta forma é que não, há que dizer um basta. É nitidamente golo em fora de jogo, não há margem para dúvidas, se houvesse mas não hã. Não tenho dúvidas nenhumas, eu não tenho culpa que o fiscal não esteja bem fisicamente e que não acompanhe os lances, não tenho culpa disso o que é certo é que nos prejudicou. É um golo ilegal e colocou a verdade desportiva em causa. Estamos a perder 3-1, depois existe uma expulsão mas sempre que este árbitro apita a União parece que existe perseguição. Em qualquer jogo da União que este senhor apita há sempre expulsões, há sempre casos, ou seja os protagonistas que deviam ser os jogadores que estão lá para jogar e o árbitro devia passar sob a máxima descrição e fazer o seu trabalho, não é o que acontece. Mais uma vez isto não pode acontecer, toda a gente viu e só não viu quem não quer ver. De qualquer forma, o nosso jogador é expulso, não sei se bem se mal porque não estou lá para ouvir e o meu jogador diz que não disse nada e eu vou acreditar no meu jogador, e condicionou a nossa equipa de uma forma mesmo absurda. Mesmo assim a equipa nunca deixou de desistir e acreditar, ajustamos tudo, cá trás jogamos o um contra um sem qualquer tipo de problema e mesmo assim com dez fomos à procura do resultado com o apoio fantástico do público. Foram fantástico porque viram aquilo que foi mau demais, as próprias pessoas estavam a sentir-se ofendidas e revoltadas com o que estava a acontecer no Chã das Padeiras. Sempre ouvi dizer que quem não se sente não é filho de boa gente e nós mesmo com essas contrariedades todas, contra tudo e contra todos, demos uma resposta positiva, fizemos o 3-2, passado pouco tempo o 3-3 mas o árbitro dá golo, depois diz que é falta e ele é que sabe que tem o apito. Nunca desistimos, sentimos sempre a empurrarem a nossa equipa para trás e mesmo assim os atletas foram incríveis, acreditando até ao fim e conseguimos empatar. Estranhamente o árbitro deu oito minutos de compensação e só se jogaram 7 minutos e 20 segundos, que eu cronometrei. A equipa mesmo faltando 40 segundos procurou sempre ter um resultado mais positivo. Agora tenho de manifestar a minha revolta, a revolta dentro do seio do grupo porque sempre que este senhor árbitro nos apita, só nos tem prejudicado e essa é que é a grande verdade.”