A Diocese de Santarém comemorou na quarta-feira, 16 de Julho, os 50 anos da sua criação com uma Eucaristia solene na Sé, que reuniu bispos portugueses, o presidente da República, autoridades locais e centenas de fiéis. A cerimónia, inserida no ano jubilar diocesano, evocou meio século de história e reafirmou a missão da Igreja como presença próxima junto das comunidades.

“Foi certamente a afirmação da fé, a conjugação de condições e a vantagem de maior proximidade no acompanhamento e coordenação pastoral que justificou a criação de uma nova Diocese”, afirmou o bispo de Santarém, D. José Traquina, na homilia, perante uma assembleia repleta de leigos, religiosos e representantes políticos. Para o prelado, cinquenta anos depois, “importa assumir a missão pastoral conscientes da responsabilidade que temos de tornar Deus mais próximo de todos”.

A celebração assinalou simultaneamente a dedicação da Catedral, inaugurada como sede diocesana em 1975. O Papa São Paulo VI criou a Diocese de Santarém a 16 de Julho desse ano, através da bula Apostolicae Sedis Consuetudinem, que nomeou D. António Francisco Marques como primeiro bispo. Também a Diocese de Setúbal nasceu nesse mesmo dia, por decisão pontifícia.

Presente na celebração, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, agradeceu à diocese o trabalho realizado “na cultura, na acção social, na saúde, na proximidade, no acompanhamento das famílias, das escolas, das comunidades”. O chefe de Estado sublinhou que a história desta diocese é “a história de Portugal” e “do futuro”, recordando que “num tempo de tanto egoísmo, de tanta discriminação e de tanta intolerância”, a Igreja continua a ser farol de solidariedade.

A cerimónia ficou ainda marcada pela leitura de uma mensagem enviada pelo Papa Leão XIV, lida pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. O pontífice associou-se, assim, espiritualmente, à festa do cinquentenário e exortou os católicos escalabitanos a viverem a unidade e a sinodalidade: “Não sejam os particularismos, as rivalidades e qualquer outro tipo de egoísmo a impedir a sinodalidade dessa porção do povo fiel”.

Entre as figuras presentes, destacaram-se o presidente da Câmara Municipal de Santarém, João Leite, bispos e arcebispos de várias dioceses do país, bem como uma vasta representação de movimentos e comunidades paroquiais. À entrada da Sé, centenas de fiéis testemunharam o início da celebração ao som dos sinos da catedral.

No final da Eucaristia, D. José Traquina agradeceu aos seus predecessores, aos leigos e a todos os que, ao longo destes cinquenta anos, “construíram esta história de serviço à Igreja e à sociedade”. O bispo prometeu que a mensagem do Papa Leão XIV será tida em conta na programação pastoral do próximo ano: “Vamos reler a mensagem do Santo Padre e considerá-la na preparação do novo ano pastoral”.

A Diocese de Santarém, que abrange uma parte significativa do Ribatejo, recordou assim não apenas a sua fundação, mas também a dimensão espiritual e social da sua missão: estar próxima das pessoas e valorizar a dignidade de todos, como sublinhou o próprio bispo, “naturais da região ou migrantes, de todas as condições e idades”.

D. José Traquina: “É nossa missão tornar Deus mais próximo de todos”

Na homilia da Eucaristia que assinalou os 50 anos da criação da Diocese de Santarém, o bispo diocesano, D. José Traquina, desafiou a comunidade católica a viver a fé com a consciência de que “a missão pastoral é tornar Deus mais próximo de todos”. O prelado recordou que foi precisamente para favorecer essa proximidade que a diocese nasceu, em 1975, por decisão do Papa São Paulo VI.

Perante uma Sé repleta, D. José Traquina sublinhou que a Igreja diocesana deve ser “um sinal vivo e próximo da presença de Deus”, concretizando o mistério da encarnação: “Deus tornou-se próximo da humanidade, e a nossa Igreja, nas mais diversas dimensões, deve também tornar-se próxima, disponível e acolhedora”.

Para o bispo, esta proximidade não retira nada às pessoas; pelo contrário, valoriza-as. “Tornar Deus próximo é sempre para valorizar a pessoa humana, pessoas de todas as cores e origens, naturais da região ou migrantes, de todas as condições e idades”, afirmou. Entre as áreas onde esta missão se concretiza, D. José Traquina destacou o apoio às famílias, o trabalho, a educação, o cuidado com o ambiente e a atenção aos mais pobres.

“É necessário reconhecer que a Igreja não existe para si mesma, mas para valorizar a realidade humana”, sublinhou, dando como exemplo a presença junto dos mais frágeis, dos migrantes e das comunidades em situação de pobreza, que continuam a integrar-se e a ser acompanhados nas paróquias e escolas da diocese. “Isso é já um facto e está a acontecer pacificamente, com boa integração e com proximidade”, assegurou.

D. José Traquina insistiu ainda na importância da sinodalidade — caminho que a Igreja tem trilhado nos últimos anos — como modo de viver essa proximidade em comunhão. Recordando a bênção apostólica enviada pelo Papa Leão XIV para este jubileu, o bispo prometeu considerar a mensagem do Santo Padre na programação pastoral do próximo ano: “Vamos reler a mensagem do Santo Padre e considerá-la na preparação do novo ano pastoral”.

No final da homilia, deixou palavras de gratidão aos que ao longo destas cinco décadas fizeram a história da diocese, “a começar pelo primeiro bispo, D. António Francisco Marques”, aos sacerdotes, aos leigos e a todos quantos assumiram responsabilidades pastorais ao serviço da comunidade.

“Que a nossa diocese continue a ser casa de todos, lugar de encontro com Deus, espaço de serviço e de construção do bem comum e da paz”, concluiu D. José Traquina.

Papa Leão XIV exorta Diocese de Santarém à unidade e à sinodalidade

Um dos momentos altos da celebração dos 50 anos da Diocese de Santarém foi a leitura da mensagem enviada pelo Papa Leão XIV, que, através do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, se associou espiritualmente “à alegria da comunidade diocesana” e deixou um apelo à unidade e à sinodalidade. 

“Informado sobre as celebrações do quinquagésimo aniversário da criação da diocese escalabitana, Sua Santidade Leão XIV associa-se espiritualmente à alegria de Vossa Excelência e dos fiéis dessa Igreja particular, vocacionada a ser fiel a Jesus Cristo e a manter acesa a esperança do evangelho nas gentes das lezírias e terras do Ribatejo”, sublinhou o pontífice.

Na mensagem, Leão XIV sublinha que toda a obra evangelizadora da diocese deve partir da conversão pessoal e ser confirmada pela unidade. “Não sejam, pois, os particularismos, as rivalidades e qualquer outro tipo de egoísmo a impedir a sinodalidade dessa porção do povo fiel, antes todos juntos, guiados pelo Espírito Santo à verdade plena do evangelho e nutridos com assiduidade pela Eucaristia”.

O Papa invocou ainda a intercessão da Virgem Imaculada para que a missão batismal de anunciar o nome de Jesus seja fonte de comunhão e motivação para um maior conhecimento do Senhor crucificado e ressuscitado, “predispondo cada um a dar as razões da sua fé”.

No final da leitura desta mensagem de Roma, D. José Traquina prometeu que este apelo do Papa será tido em conta na preparação do próximo ano pastoral: “Vamos reler a mensagem do Santo Padre e considerá-la na programação do novo ano pastoral”, afirmou o bispo.

A evocação do cinquentenário recordou ainda que foi um outro Papa — São Paulo VI — quem instituiu a Diocese de Santarém, a 16 de Julho de 1975, pela bula Apostolicae Sedis Consuetudinem, a mesma que nomeou D. António Francisco Marques como primeiro bispo desta Igreja.

João Leite destaca parceria com a Diocese “em prol do bem-estar da população”

Entre as muitas vozes que ecoaram na celebração dos 50 anos da Diocese de Santarém, destacou-se a do presidente da Câmara Municipal, João Leite, que sublinhou o trabalho conjunto entre a autarquia e a Igreja local em prol da comunidade. À margem da Eucaristia, o autarca saudou “um dia muito bonito, de festa e de alegria” e valorizou a presença da diocese como parceira essencial para o desenvolvimento e a coesão do território.

“Nós, Câmara Municipal, trabalhamos de uma forma permanente com a nossa diocese, porque há vários pontos em comum”, declarou João Leite. O autarca referiu projectos concretos em áreas como a requalificação do património, sobretudo no centro histórico da cidade, onde a cooperação com a Igreja tem sido determinante.

Para João Leite, a relação com a diocese assenta numa mesma lógica de proximidade e de atenção às pessoas. “Temos a sorte de ter o nosso bispo de Santarém, D. José Traquina, que é uma pessoa muito acessível, prático, que gosta desse pragmatismo e nós também trabalhamos com esse pragmatismo a pensar naquilo que é o nosso foco: o bem comum, o bem-estar da nossa população”, afirmou.

O autarca realçou ainda a capacidade da Igreja de se adaptar às realidades locais e de integrar as tradições e a identidade cultural de Santarém. Como exemplo, apontou a participação nas celebrações do feriado municipal, momento em que “a Igreja dá um sinal de abertura e de proximidade com as nossas tradições, as nossas raízes e a nossa identidade”.

“Se há algo a valorizar enquanto autarcas, é precisamente a identidade de um território e o trabalho com as instituições, neste caso em concreto com a diocese”, acrescentou. Para João Leite, essa cooperação torna o trabalho “muito mais profícuo e eficaz”.

O bispo de Santarém, D. José Traquina, também insistiu nesta lógica de proximidade na sua homilia. Para o prelado, a diocese existe para valorizar a realidade humana e não para se fechar em si mesma. Referindo-se aos migrantes, às famílias, às escolas e aos mais pobres, sublinhou que a missão da Igreja é precisamente acompanhar, integrar e cuidar. “A diocese tem esta mensagem: valorizar tudo e todos, não existe para si mesma, mas para servir a sociedade”, afirmou.

A presença de centenas de fiéis na Sé foi, para o presidente da Câmara, sinal de um território coeso e de uma comunidade que reconhece a importância da Igreja ao longo destes cinquenta anos. “É um dia bonito para Santarém e para todos nós”, concluiu João Leite.

Marcelo agradece à Diocese “história de serviço” num tempo de egoísmo e intolerância

Na celebração do cinquentenário da Diocese de Santarém, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou a acção da Igreja ao longo das últimas cinco décadas como exemplo de dedicação e serviço num tempo marcado pelo egoísmo e pela intolerância. No final da Eucaristia, o chefe de Estado dirigiu palavras de agradecimento à comunidade diocesana em nome dos portugueses.

“A história desta diocese é a história de Portugal. É também a história do futuro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando que os cinquenta anos celebrados na Sé representam “cinquenta anos de dedicação a Portugal” e “de construção do presente e do futuro”.

O presidente evocou as dimensões em que a diocese tem deixado marca, enumerando “a educação, a cultura, a acção social, a saúde, a proximidade, o acompanhamento das famílias, das escolas, das comunidades”. Para Marcelo, estas áreas traduzem a inspiração evangélica e a vocação da Igreja para estar próxima das pessoas, mesmo num tempo “de tanto egoísmo, de tanta discriminação, de tanta intolerância, de tanta violência”.

O chefe de Estado aproveitou ainda a ocasião para enaltecer o trabalho dos bispos que, desde a fundação em 1975, têm conduzido a diocese, bem como o papel dos leigos, sacerdotes e comunidades cristãs espalhadas pelo Ribatejo. “Tudo isto foi construído por aqueles que serviram antes de nós e por aqueles que continuam a servir hoje”, observou.

Num discurso breve, mas sentido, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que o cinquentenário é mais do que um olhar para o passado. “Portugal e os portugueses agradecem aquilo que foram estes 50 anos, mas também aquilo que serão os próximos cinquenta”, afirmou, rematando: “E é esse futuro aqui presente que eu, em nome de todos os portugueses, vim agradecer”.

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