A TrimNW, empresa de Santarém que em Março de 2020 converteu algumas linhas de produção de têxteis destinados à indústria automóvel para fabrico de não-tecido para batas hospitalares, continua a apostar nesta área e quer avançar para a exportação.
Rui Lopes, director-geral da TrimNW, disse que, ao longo de 2020, a empresa investiu mais de 350.000 euros em equipamentos para produzir tecido-não-tecido (TNT) certificado para a confecção de equipamentos de protecção individual para a área médica, respondendo a uma necessidade do mercado face à pandemia de covid-19.
“Tem corrido bastante bem. Temos aumentado a capacidade [de produção] e temos tido novos clientes”, disse o responsável da empresa.
Em Abril de 2020, a empresa iniciou a produção de TNT para a área médica com um produto aprovado, estando actualmente a produzir três tipos de não-tecido certificados, com outros em fase de aprovação, sendo que cada um se destina a um uso específico (com os da área da cirurgia a cumprirem requisitos técnicos mais exigentes), explicou.
Mantendo, em simultâneo, a produção para a indústria automóvel, a TrimNW contratou em 2020 mais cinco colaboradores e a previsão é a de aumentar este ano o quadro actual de 42 funcionários, sobretudo na área comercial, para alargar a venda dos produtos para a área médica, disse.
Com o mercado nacional para estes produtos a crescer, a empresa, já com larga experiência na exportação para a indústria automóvel, está a preparar-se para começar a vender TNT hospitalar para outros mercados, existindo contactos com potenciais clientes em Espanha, Reino Unido e África, apesar do aumento da concorrência, não só por parte de outras empresas europeias, mas também asiáticas, adiantou.
Rui Lopes disse à Lusa que, apesar das repercussões das medidas adoptadas para conter a pandemia na indústria automóvel, a TrimNW não perdeu os clientes deste sector, mas sentiu o efeito da redução das encomendas, sobretudo resultante da paragem entre Março e Abril de 2020 na Europa e da que ainda persiste no Reino Unido, mercado “forte” para a empresa.
Apesar disso, o volume de negócios total não sofreu quebras, tendo 2020 sido, pelo contrário, um ano de crescimento, afirmou.
Rui Lopes realçou o facto de o mercado automóvel ser “muito mais regular”, com as encomendas a serem feitas com previsões de dois, três meses, embora, nesta fase, com alguns ajustes, sendo o mercado destinado à área hospitalar “muito imprevisível, com pressão quase momentânea e não previsão a curto e médio prazo”, o que exige capacidade de adaptação para “responder às necessidades dos clientes conforme as exigências”.
A empresa adoptou normas internas “muito rigorosas” para evitar contágios pelo novo coronavírus e assegurar uma capacidade de produção contínua, estando na fábrica apenas os trabalhadores da parte operacional, com os restantes em teletrabalho.
Essas medidas permitiram que apenas um trabalhador, contaminado por um familiar, tenha ficado em casa em confinamento, com sintomas ligeiros, disse.
A TrimNW foi criada em 2015 por antigos funcionários da Ipetex, que entrou em insolvência naquele ano, produzindo peças têxteis moldáveis para o interior de viaturas – como é o caso dos tejadilhos dos táxis que circulam em Londres.
Com os condicionamentos criados pela pandemia de covid-19 e a paragem, primeiro, e, depois, a redução das encomendas da indústria automóvel, a empresa converteu duas linhas para produção de não-tecido (semelhante ao tecido, feito de fibras e um polímero), material impermeável que pode ser usado para as batas e fatos hospitalares.
A empresa ainda colocou 20 trabalhadores em ‘lay-off’, em março de 2020, durante o primeiro estado de emergência, mas, com a adaptação à área médica, regressaram ao trabalho em abril.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.341.496 mortos no mundo, resultantes de mais de 106,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 14.718 pessoas dos 774.889 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.