Foto: Federação Portuguesa de Rugby
Foto: Federação Portuguesa de Rugby

Aos 22 anos de idade, o ‘Lobo’ José Madeira tem ancestrais ligações à Póvoa da Isenta, concelho de Santarém, onde o seu avô, Abel Machado Madeira, era uma figura carismática, conhecido proprietário do café ‘Tocamó’ e apaixonado ‘patrocinador’ de uma equipa com o nome do café, nos célebres torneios de futsal que se realizavam no ringue dos ‘Caixeiros’, em Santarém.

Tanto o avô, como o pai, Francisco Madeira, não foram praticantes de rugby e mesmo José Madeira, já a viver em Lisboa, começou a prática desportiva na natação do Belenenses. Depressa percebeu que era o rugby que queria e manteve-se no clube do Restelo até que o atingir da maioridade o levou para fora do país, onde hoje pratica a modalidade, no Grenoble (França).

Foi um dos ‘Lobos’ do Mundial de França que gratas recordações nos trouxe, quer pelos resultados alcançados, quer também por ter sido a segunda vez que a ‘Selecção das Quinas’ marcou presença numa fase final da prova.

Nesta breve entrevista ao ‘Correio do Ribatejo’ José Madeira confessa que foi a ver os jogos do Mundial de 2007 que o entusiasmo pela modalidade se reforçou, até hoje.

Quando lhe perguntámos o que aconselharia a um jovem que esteja a iniciar-se na prática da modalidade José Madeira não tem dúvidas: “Que não tenha medo de experimentar, é um desporto super-divertido e foi lá que fiz grandes amigos para a vida”.

E agora que os ‘Lobos’ conquistaram o mundo do rugby, José Madeira lembra: “Era muito importante o rugby conseguir chegar aos quatro cantos do nosso país.”

Como começou a sua carreira desportiva e porquê o rugby?

Começou no Belenenses em 2008, e segue-se após a presença de Portugal no mundial de 2007. Foi algo que eu não conhecia e fui-me inscrever, precisamente, por causa do Mundial.

O que tem o rugby diferente de outras modalidades?

O rugby tem um conjunto de valores base, que vão bem para lá das quatro linhas.

O respeito e compaixão são algumas delas, que se conseguem ver do mais baixo nível de rugby até ao mais elevado.

Como foi ir à selecção? O que sentiu no seu primeiro jogo?

Tive a felicidade de me estrear com um grupo grande da minha geração no Brasil. Foi uma sensação espectacular conseguir realizar um objectivo tão grande de vida. Com um orgulho enorme à mistura, vai ser um dia que nunca esquecerei.

Quando se atinge este patamar o que é que muda?

Muito honestamente, há pouca coisa que muda no dia-a-dia. Se calhar a maior mudança é no aspecto técnico e físico que se encontra dentro de campo, com adversários de alto nível.

Quais foram as histórias mais engraçadas que teve com os seus colegas?

Sendo um grupo jovem temos bastantes histórias engraçadas. Mas acho que as melhores vou guardar para nós.

Ainda há poucos dias víamos o seleccionador das Ilhas Fiji a ir ao balneário dos Lobos entregar lembranças depois de ter sido derrotado pela selecção portuguesa. Isso era possível acontecer noutras modalidades em Portugal?

Hoje em dia acho complicado, mas é sem dúvida uma imagem que queremos passar do rugby. Existem valores que ultrapassam o resultado do jogo e esta acção é um exemplo disso.

Como é que se lida com o “sentimento” de ser derrotado no rugby?

O sentimento não muda no rugby ou noutro desporto. Ninguém gosta de perder. Mas é preciso saber manter isso no local certo e saber passar à próxima etapa.

Há uma opinião generalizada de que o rugby é um desporto da elite. Será por ter nascido na Universidade e não na rua?

É possível, o rugby em Portugal ainda está muito concentrado nas grandes cidades, especialmente Lisboa. Era muito importante o rugby conseguir chegar aos quatro cantos do nosso país.

As pessoas que não conhecem este desporto acham-no violento. Concorda com isso?

Tem uma componente física elevada, mas é normal tratando-se de um desporto de contacto. Mas a agressividade que se impõe dentro de campo, não passa dos 80 minutos de jogo.

Acha que dão a importância merecida ao rugby em Portugal? Esta presença no mundial poderá ajudar a esse reconhecimento que tarda?

Como a maior parte das modalidades, ainda não temos a importância merecida. Mas o nosso objectivo é tentar obter esse reconhecimento e quem sabe talvez um dia chegar ao nível do futebol.

Ao nível de clube, joga em França. É grande a diferença entre o Rugby dos dois países. O que poderia Portugal fazer de diferente para encurtar essa distância?

Acho que o mais importante é tentar manter uma linha continuidade desde o mais novo escalão até chegar a sénior. Com todas as medidas com que isso vem envolvido.

O que aconselharia a um jovem que esteja a iniciar-se na prática da modalidade?

Que não tenha medo de experimentar, é um desporto super-divertido e foi lá que fiz grandes amigos para a vida.

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